A Fórmula Indy, neste fim de semana (13 e 14/03), mudará boa parte da rotina dos comerciantes que têm negócios nas ruas adjacentes ao Circuito do Anhembi, em São Paulo. A avenida Olavo Fontoura, na Zona Norte, por exemplo, será interditada para a prova, o que afetará o funcionamento de bares e restaurantes. Como solução para não perder tanto em faturamento, as casas estudam parcerias com empresas privadas para, dessa forma, garantir um público razoável para o fim de semana.
A Churrascaria Anhembi acertou um convênio com a Rede Bandeirantes e recepcionará convidados do canal, que detém os direitos de transmissão. “Estamos bem perto do circuito”, comemorou o dono do restaurante, Cesar Benetti, de 45 anos. Também na Olavo Fontoura, a unidade do Bar Brahma busca uma parceria para manter a casa cheia.
Enquanto a incerteza domina o mercado de bares e restaurantes, o setor hoteleiro vive situação completamente oposta. O Holliday Inn, na região do Anhembi, por exemplo, já tem lotação de 90%. No ano passado, nessa mesma época, apenas 25% dos quartos estavam ocupados. “Estamos numa área privilegiada. Não vai haver nenhum acesso de carros durante os dias da Fórmula Indy”, disse o gerente-geral do hotel, Flávio Andrade. Nos dias de corrida, a diária no Holliday Inn custará entre R$ 500 e R$ 800.
Dos hóspedes, a expectativa é de que 60% dos visitantes venham do exterior. A expectativa é de que a maioria seja dos Estados Unidos, onde a Indy é bastante popular e organiza a grande maioria das provas da temporada. De acordo com Andrade, o hotel se prepara desde novembro para o evento. “Conseguimos nos preparar bem, temos todo o staff treinado para lidar com os clientes”.
Prova Desconhecida
O evento mexe com o trânsito, com o comércio, com a rede hoteleira e atrai grande atenção. Mas, para muitos vizinhos do Anhembi, a Indy nem sequer é conhecida. Os moradores do conjunto habitacional Parque do Gato, na Zona Oeste, do outro lado da marginal, mal sabem da existência da prova. Desde 2004, o conjunto habitacional substitui uma antiga favela. Os moradores pagam todo mês aluguel social, cujo valor é de 10% sobre a renda da família.
No conjunto habitacional, o mato está alto, as paredes pichadas e são comum os casos de famílias que abrigam várias pessoas num mesmo apartamento. “Vivo num local que tem apenas sala, cozinha e banheiro. Moram quase 15 pessoas lá em casa. Não consigo pensar em Fórmula Indy”, disse uma moradora que preferiu não se identificar. A maioria de seus vizinhos repete o discurso e diz não saber o significado da Indy.
Faturamento
A Prefeitura de São Paulo gastou R$ 20 milhões para promover a primeira corrida da Fórmula Indy na cidade – R$ 12 milhões já estavam previstos em contrato e outros R$ 8 milhões foram empregados em melhorias que já estavam programadas. Segundo a SPTuris, o retorno com o evento será de até R$ 120 milhões. Para efeito comparativo, o gasto com a Fórmula 1 é de R$ 26 milhões, enquanto o faturamento fica próximo dos R$ 250 milhões. O evento deve gerar cinco mil empregos diretos. “É uma conquista boa para a cidade. Em março, não tínhamos grandes eventos”, disse o presidente da SPTuris, Caio Luiz de Carvalho.
Para acompanhar os dois dias de provas, são esperadas 60 mil pessoas, sendo 35 mil de outras cidades do País e seis mil do exterior. No Carnaval, a capital paulista recepcionou sete mil estrangeiros. Carvalho espera que a taxa de ocupação nos hotéis chegue a 70%. Admite, também, que a realização de uma prova da Indy deve atrair ainda mais o interesse dos norte-americanos pela cidade. “A capital é o principal destino dos norte-americanos. Tudo isso vai ajudar a divulgar a cidade nos Estados Unidos”.
De acordo com o presidente da SPTuris, a Federação Internacional de Automobilismo aprovou as instalações de São Paulo. “Se o tempo ajudar, será um belo evento. Vai ser uma emoção muito grande. A acústica do local é muito boa. Toda a segurança está sendo elogiada pela FIA”.
Fonte:Luiz Guilherme Gerbelli – AE.