Clarice Pereira*
Mídias sociais alteram comportamento da sociedade e demanda no mercado
Desde o surgimento do ser humano que desenvolvemos maneiras para nos expressar. Antes mesmo da escrita, as pinturas rupestres já eram uma forma nítida de comunicação dos nossos antepassados. Com o uso da técnica, o homem foi se aperfeiçoando, desenvolvendo tecnologias e ampliando os meios que possibilitassem as trocas de informações com o mundo. Eis que no fim do século XX um fenômeno marcante atinge a sociedade em escala global: eclode a revolução digital e surgem novas formas de comunicação entre as pessoas.
Os últimos 30 anos têm assistido a um desenvolvimento tecnológico contínuo e acelerado. Vivemos na chamada Era da Informação, fortemente marcada pelos fluxos comunicacionais e pelas inovações que emergem da convergência entre tecnologia e comunicação. Assim, passamos a utilizar das chamadas mídias sociais, ferramentas que nos colocam em contato com pessoas em todo o mundo e de uma só vez. A comunicação digital, antes restrita a poucos de forma unilateral, passa a ser irrestrita, uma via de duas mãos, ou melhor, um tráfego intenso, de muitas mãos.
Muitas pessoas confundem o termo “mídias sociais” com “redes sociais”. As mídias sociais são os veículos que fazem a informação circular. Já as redes sociais são as conexões formadas entre as pessoas. Desta forma, a ascensão das novas mídias trouxe à tona novas formas das pessoas se relacionarem e também garantiu oportunidades inéditas para troca de ideias e compartilhamento de informações.
Tais vantagens, interligadas ao fenômeno da interatividade social, são fundamentais para o uso e busca de meios e equipamentos que possibilitem rapidez e agilidade, além de qualidade das conexões na atual sociedade da informação. Este novo panorama afeta, obviamente, nas tendências de mercado, posturas comportamentais e criam um padrão cultural inédito.
Prova disso é o estudo divulgado recentemente pela a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): o número de celulares no País é maior do que o de pessoas que vivem aqui. O Brasil possui 194.439 milhões de aparelhos contra 185,7 milhões de habitantes.
Não apenas o mercado de celulares, mas também outros aparelhos tecnológicos, voltados às mídias sociais, tiveram um volume estupendo no consumo. Uma pesquisa do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado neste ano pelo IBGE, mostrou que, de 2004 a 2009, o número de casas que possuem computadores mais que dobrou: de 16,3% para 34,7%. Até 2009, das residências possuíam aparelhos de DVD. Além deles, televisores de alta tecnologia, aparelhos iPod, MP4 e iPhone, smartphones, notebooks e videogames também são produtos de demanda crescente pela população.
Estes dados nos revelam o quanto tem crescido a busca do público consumidor pelos produtos que garantam uma circulação maior e mais fácil às informações. Com os novos equipamentos sociais, que possibilitam o acesso à internet, as pessoas podem se comunicar a longas distâncias, descobrirem interesses comuns e também compartilharem todo tipo de informação, dados, imagens, vídeos ou músicas. Tudo a um custo cada vez mais reduzido.
A tudo isso se somam também o desenvolvimento de tecnologias móveis e reduzidas (nanotecnologias) e o design, cada vez mais sofisticado, das aparelhagens. As pessoas procuram atualmente produtos que agreguem tecnologia, informação, oportunidade, inovação e facilidade de utilização.
No aspecto comportamental, ao usar as mídias sociais, as pessoas ainda não aprenderam a dissociar o ambiente profissional do pessoal. Hoje há uma miscelânea de informações lançadas a esmo na rede. É como se vivêssemos na utopia prevista por George Orwell, em ‘1984’. O ‘grande irmão’ está à espreita em todos os lugares. A informação digital desconsidera as variáveis espaço e tempo. Tudo é instantâneo e todos estão conectados com todo mundo. Quem quer privacidade, tem que se isolar das redes e das mídias sociais. É fenomenal e assustador ao mesmo tempo!