Em um mercado responsável por quase 30% do PIB brasileiro, com saldo positivo de US? 105,1 bilhões em 2021, o agronegócio entra em 2023 como mais uma promessa para alavancar a economia brasileira. Existem diferentes formas de investir no setor, como a aquisição de ações de empresas e a aposta em títulos de renda fixa, mas agora emerge o fiagro, trazendo mais possibilidades para que pequenos investidores tenham acesso ao agronegócio.
Esse tipo de fundo investe nas cadeias produtivas da agroindústria, seja em imóveis ligados ao setor, seja na própria atividade. Até então, a maior parte da captação de recursos para o segmento vinha de investidores institucionais. Porém, com o fiagro, pessoas físicas ou jurídicas já podem contar com uma alternativa para aportar recursos nessa área tão importante para a economia nacional.
O mercado financeiro já está atento a essa tendência do ano. Em busca das melhores opções para obter participação no mercado, a modalidade de aporte via blockchain desponta entre as mais promissoras. Forma segura e inovadora para obtenção de crédito, a vantagem em questão é ter a mesma probabilidade de retorno, porém com muito menos burocracia, mais agilidade e menos custos do que ocorreria dentro de um fundo tradicional.
O processo de transformação de ativos palpáveis, do mundo real, em representações digitais na blockchain, que é chamado de tokenização, tem ganhado força no mundo todo. No agro, além de garantir agilidade e liquidez para as operações, também pode ser eficiente para garantir previsibilidade para os produtos. Além disso, é uma forma de captação de recursos, já que os tokens podem ser usados como lastro para operações de crédito no sistema financeiro tradicional.
A tecnologia permite que agricultores vendam a safra no mercado internacional de modo mais simples e atestem a qualidade e procedência da produção. Na prática, a blockchain funciona assim: os tokens lastreados em commodities representam a quantidade de uma produção agrícola. Então, o agricultor pode tokenizar sua safra e vender de forma antecipada aos investidores.
Uma outra possibilidade oferecida por esse modelo de investimento gera lucro para o bolso do produtor rural por meio do consumidor final. Utilizando um aplicativo que faz a rastreabilidade de onde veio o alimento, o cliente pode dar uma criptogorjeta ao agricultor.
Hoje, é possível tokenizar estoques, direitos de safras futuras, produção leiteira de um rebanho, patentes, novos projetos agropecuários, entre outros ativos. Um bom exemplo é a Agrotoken, na Argentina, que tokeniza estoque de soja armazenado em uma empresa parceira. O lastro dos grãos suporta a stablecoin Soya, que é negociada no mercado de moedas digitais. Se uma empresa deseja avançar na produção de trigo, por exemplo, pode oferecer tokens do projeto, semelhante ao que é feito com as ações. A empresa chegou ao Brasil em 2022.
Também é possível usar a blockchain para tokenizar cadeias produtivas, rastreando todas as atividades e controlando os processos da empresa. Um ótimo exemplo é a tokenização da cadeia de produção da cana-de-açúcar no Brasil, um projeto liderado pela Embrapa desde 2021.
O futuro do Brasil está diretamente atrelado ao agronegócio e o futuro do agro está na inovação. Por meio da otimização da gestão e das operações com o uso massivo das novas tecnologias, o mercado rompe padrões em busca da evolução e, sem dúvidas, tokenizar é uma das respostas aos desafios da área.
*Cássio Krupinsk é CEO da BlockBR