Hoje já não é mais novidade para ninguém, estamos vivendo um período de transição tão importante quanto o da tecnologia. Aliás, o grande receptor de toda essa mudança.
Quando se fala que estamos vivendo uma nova Era da comunicação, da informação, alguns questionadores mais pragmáticos, rebatem, dizendo que esta nova Era da comunicação já é um conceito ultrapassado, velho, que o mundo está cheio de pseudos movimentos, na sua maior parte pouco sustentáveis. É o velho ditado, o novo hoje é velho amanhã.
Uma coisa ninguém questiona, a importância, a dinâmica, a interatividade da informação proporcionada pela globalização por meio do seu principal veículo, a internet.
Neste mundo tão superlativo, tão pouco preocupado com os excessos, com a preservação, o processo da comunicação se torna descartável, ele se perde ante os excessos e os desperdícios da informação.
Sem filtros no seu conteúdo, grande parte da informação existente é desperdiçada. “O excesso de informação nos torna mentalmente obesos e lentos”,citação de Doris Drucker.
Racionalmente é impossível absorver um terço do que o mundo produz.
Desse um terço temos a banalização, o fisiologismo, temos as barreiras culturais, sem contar com o desperdício, imensurável, porém real, refletido nos modelos e padrões culturais.
Talvez, neste cenário, a mudança mais pragmática seja a reinvenção dos formatos e modelos da comunicação, hoje transformados em produtos de massa, ferramentas, projetadas para atender as necessidades das mudanças, tornando-nos cada vez mais dependentes de uma tecnologia mutável e receptiva.
É a comunicação ampliando o seu poder e importância.
É a comunicação como diferencial criativo.
É a interatividade viral da comunicação disseminando tendências.
É a revolução global e cultural da informação no processo da comunicação.
Como num surto endêmico, a comunicação adquiriu o status de fonte renovável da informação, interagindo direta e indiretamente no nosso cotidiano.
Na vida pessoal, na vida acadêmica, e, principalmente nas empresas, o que vemos acontecer, mesmo nas mais ortodoxas, é a implantação de um novo estilo, um estilo que privilegia e diferencia a informação como um braço armado da comunicação.
Uma comunicação como ferramenta da inovação. Pontual, dinâmica, interativa, contextual e segmentada.
Uma comunicação sem limites, indiferente, sem cores ou barreiras.
Uma comunicação sempre disposta a atender as exigências do homem.
Este sim, fazendo dela uma arma comportamental, politicamente correta ou não, socializante, democrática, socialista, ateia ou profundamente religiosa.
Independentemente do seu uso ou destino, a comunicação tem vida própria, é um veiculo pluralista, ilimitado no seu uso e propriedades.
Um outro fato, este comportamental, que também merece destaque, é o novo conceito,” Pensar localmente agir globalmente”.
Um outro bom exemplo que reflete bem a dinâmica exponencial do processo de comunicação, e, principalmente, a facilidade e interatividade global, é a exigência de um idioma internacional.
Um aglutinador, melhor, um facilitador a serviço da informação global e, não somente do mundo dos negócios.
Mesmo considerando os estigmas culturais e políticos do mundo, até mesmo a pressão do mundo asiático, – tomemos como exemplo o Mandarim, cogitado hoje pela importância que a China representa na economia mundial.
A Língua inglesa saiu na frente, ou melhor, adquiriu o direito oficial de se afirmar como idioma universal no mundo.
É a informação plena, sem ruídos, sem filtros culturais, sem barreiras. É a comunicação global, nas guerras, nos negócios, nas informações, nos esportes, nas tendências da moda, nas religiões, no cotidiano.
A Língua nos transformando em cidadãos do mundo.
Na Ásia, na Europa, na América, em qualquer recanto deste universo, a qualquer hora do dia ou da noite é nos disponibilizado o acesso irrestrito à informação.
Plena, decodificada, por meio de um idioma universal, em tempo real e gratuitamente.
Por fim, outro exemplo impensável de mudança, ainda que aparentemente não tenha a ver com a comunicação, só aparentemente, foi a exigência de um facilitador na comunicação econômica, servindo de base para implantação de uma moeda comum na Europa, o Euro.
A unificação de um dos principais valores simbólicos de um país, a moeda, é sem dúvida a maior quebra de um paradigma cultural.
A moeda, além da sua representatividade histórica, do seu peso econômico, representa valores, ícones culturais, impensáveis de serem mudados.
Ainda assim, sobre a égide da mudança cultural, da racionalidade da comunicação, caiu mais um muro da comunicação a serviço da economia global.
Salvo a Inglaterra, Suíça e alguns países nórdicos, o Euro virou padrão monetário do mercado comum europeu.
Na contramão dos benefícios da socialização, da comunicação global, convivemos hoje, democraticamente, de braço dado, com os malefícios da mesma globalização.
Crises sociais, idiossincrasias culturais, destruição do meio ambiente, falta de cidadania, manipulação midiaática das massas, absorção de informações de importância questionável.
Ainda que o preço seja alto, os benefícios são inquestionáveis.
Neste contexto social, aliado ou não do politicamente correto, quanto mais universais nos tornamos, mais tribalmente agimos.
Reflexos da comunicação massificada.
No mundo mágico do sem limites, da informação em tempo real, uma miopia congênita contraria toda a evolução natural da comunicação e nos remete a um processo primário.
A visão, ou melhor, a falta dela, se reflete na fragmentação, na subcultura da comunicação de massa.
Estamos vivendo a liberalização da informação.
Pessoas podem até não entender toda a importância da informação, do aculturamento global, da comunicação on-line, porém, elas sabem que o que tinham, ou, em alguns casos o que têm, não serve mais.
Vivemos, portanto, um período focado na concretização da liderança da informação, temos tecnologia da informação, mas, falta-nos a cultura da informação.
Paradoxalmente, mesmo com redes de informação de extrema eficiência, o passado teima em estar presente no nosso cotidiano.
Se não, vejamos, o boato, a manipulação, a nossa famosa Rádio-Peão, continua sorridente na contramão da história.
Firmemente implantada nas organizações, convivendo e competindo com a informação oficial, a informação informal teima com um ranço cultural, uma sobrevivência, esta milenar.
Atentem isto não é prerrogativa dos países chamados de terceiro mundo, de empresas privadas e estatais, de multinacionais, de ministérios, de governos, de forças militares e públicas, é cultural, é como um surto endêmico que está implantada na sociedade.
Estamos vivenciando o surgimento de uma nova espécie de consciência social, o futuro sendo comandado pelas redes neurais da informação. Um tipo de comunicação baseado em grande parte no conhecimento inteligente.
Novos materiais, novas técnicas, chips, inteligências artificiais, softwares, sofisticados computadores, interatividade constante, tudo disponível em tempo real, é a democratização do conhecimento.
Qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, pode competir em igualdade de circunstâncias, independentemente da raça, sexo, país ou poder econômico, dependendo apenas do seu grau de conhecimento e informação.
Pergunta-se: os recursos naturais, a sustentabilidade econômica está fora da equação competitiva?
Na verdade não, a falta de recursos pode até ser considerada vantagem competitiva, parece estranho, mas tudo depende da capacidade criativa, da capacidade mental, da informação, e, acima de tudo da eficiência da comunicação.
Apostando na megatendência atual, a ferramenta competitiva dominante do Século XXI será a educação, nem sempre proporcional aos recursos disponíveis.
Estamos evoluindo da comunidade autossustentável, de uma produção limitada de recursos, e caminhando para economia digital, para um mundo de nichos basicamente tecnológicos, um mundo onde o poder unipolar do conhecimento é a próxima e grande arma.