Na sua utilização e simbologia a máscara representa sempre um significado, um propósito, independente da cultura e utilidade de quem a utiliza. Na sua representatividade, ela expõe uma forma visual de comunicação simbólica.
Mais que um simples objeto de adorno de proteção, as máscaras são representativas e emblemáticas na sua função versátil e simbólica.
Misteriosas no ocultamento dos seus personagens, do sorriso ao disfarce, ao prazer, as máscaras sempre estiveram presentes nas mais variadas culturas e origens do mundo.
Revelando ou escondendo o seu uso, pode nos ajudar no prazer, nas revelações, nas histórias, no disfarce do bem e do mal, na morte, nos festivais pagãos, no Carnaval.
A mesma máscara que esconde a repulsa, as doenças, a cara hedionda dos carrascos, esconde a omissão, a face oculta da sociedade, escondendo o que não queremos divulgar.
Simbólicas na sua concepção, as máscaras alimentam o imaginário, por meio de signos que sustentam e inovam nas práticas culturais na realidade e na ficção.
Ainda que possa ser considerada uma reprodução cultural, há através da máscara uma incorporação, uma mistificação que nos reporta para uma nova na vida uma nova identidade, refletida na simbologia de vida da própria máscara.
Mesmo no seu uso místico religioso e teatral, as máscaras sempre nas suas várias utilidades representam um mundo onírico de beleza de medo e de fantasia.
Hoje, acho que todo o mundo sabe o significado de uma máscara, a máscara do bem, infelizmente da pior maneira possível.
Ela está associada a uma pandemia, a uma proteção, ainda que para isso tenhamos que nos mascarar na pior das igualdades.
Não tenho nada contra as igualdades, porém, a máscara na sua igualdade nos cerceia do nosso grande diferencial, a identidade.
Quem sou eu? A mesma máscara que nos protege nos esconde, nos transforma, nos preserva do eu verdadeiro.
Mesmo com a isenção na sua utilização física, não nos livramos do seu uso conceitual e simbólico.
Adaptativas, a sua utilização está presente nos diversos cenários e momentos sociais, não apenas para nos defendermos, ou para atender as exigências da sociedade.
Dependendo do grupo tribal social e da circunstância envolvida, mascaramo-nos para nos proteger de pré-julgamentos, para encantar, para fingir, por meio de uma simbologia visual criada para substituir ou estar no lugar de outra realidade ou outra coisa.
A máscara é pessoal e mostra por meio da sua utilização os vários personagens que eventualmente somos obrigados a usar, por intermédio de uma essência, de uma comunicação que se expressa por múltiplas formas: brincando, jogando, dançando, dramatizando, fazendo música, fantasiando.
Quem não usa máscara? Ela está sempre presente desde quando temos consciência de quem somos. É a mascara que nos coloca dentro de um cenário que nos identifica com a tribo, que nos mascara na grande representação teatral da vida.
Em um jogo social é uma analogia indiferente, qualquer que seja a razão, implica desempenhar papéis no jogo cultural da vida.
Papéis ou personagens representados nas atividades que produzimos ou vivemos por meio de máscaras invisíveis ou manipuláveis chamadas de persona, para proteger o ego das diversas forças que nos invadem.
Vale a pena descobrir quem somos para instigar a narrativa.
“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.” (Carl Jung).
Obrigado.