O tempo passa e quando nos damos conta chegamos à conclusão que ele é muito curto para tantas oportunidades, para tantos desafios, desejos e realizações.
A mudança é cada vez mais veloz. Quanto mais o tempo passa, maior a sensação que ele corre.
Nesta corrida contra o tempo, eu luto para poder acompanhar a ansiedade, a tecnologia, os compromissos, a informação, a alienação o tempo perdido, a própria vida.
Mas o tempo não muda, o tempo real continua igual, uma hora, um dia, vinte e quatro horas, continuam tendo o mesmo tempo.
Então, por que a dificuldade de achar o meu tempo?
Sera que o tempo é igual à vida? Será que só agora descobri que o tempo como a vida é um bem, e, que só a mim cabe a responsabilidade de administrá-lo.
O tempo é meu, a responsabilidade é minha, é preciso reconhecer que o tempo não volta para trás.
Da mesma forma, é impossível fazê-lo parar, acomodá-lo ao tempo que preciso ganhar.
Corro para tentar resgatar no tempo as oportunidades que perdi, mas não tenho tempo para isso. O tempo é cruel, porém, verdadeiro.
O tempo nos confronta, não mente. Impiedoso, ele é como um espelho que reflete nesta louca corrida contra o tempo, toda a ansiedade de resgatar o tempo desperdiçado.
Ele corre muito e eu estou cansado. Tenho pouco tempo para pensar na vida, nas oportunidades que estão longe, muito distantes do meu tempo.
De qualquer forma sou um vitorioso, o meu tempo foi rico em oportunidades, em momentos maravilhosos, em momentos de confronto, em momentos de paixão, em momentos de felicidade.
Será que ainda tenho tempo para criar um novo tempo?
Hoje tentei voltar no tempo, olhar o passado para entender o presente. Não é fácil nem gratificante, pelo contrário, é revelador, mostra como nós, Seres humanos, somos míopes para a vida para as oportunidades.
A vida nos ensina, mas nós não aprendemos.
Quase sempre o nosso pensamento é seletivo, porém, na maioria das vezes para o que nos dá prazer, para o momentâneo, para o presente, esquecendo que o tempo é cruel, ele não volta.
Nós, os animais pensantes somos uns privilegiados, temos inteligência, temos professores, escolas, temos exemplos de vida, família, história, temos oportunidades, temos motivação, estímulos e a grande maioria, qualidade de vida.
Quase sempre as oportunidades são-nos dadas, não conquistadas, talvez por isso não sejam reconhecidas.
Nos erros contamos com a complacência dos pais, dos irmãos, dos amigos, mas não aprendemos, o futuro é irrelevante, temos tempo, muito tempo.
E assim vamos levando a vida, até que nos damos conta que o tempo passou, que as oportunidades passaram, que o tempo não volta.
Quem sou eu! Quem somos?
Acho que não sei mais, aliás, pouco interessa talvez uma sombra do tempo, uma lembrança tênue que se esfuma, uma memória volátil de um tempo conspira para sermos esquecidos.
Hoje quando acordei voltei no tempo. Quem sou eu?
Não sei, acho que não lembro mais, o tempo generosamente nos ajuda a esquecer. Hoje, na realidade do tempo presente, procuro entender esse muro abstrato, irreal, que nos separa do que queremos, do que gostamos.
Como não acredito na abstração, no improvável, procuro um significado concreto, agora tenho mais tempo para pensar.
Como a vida temporal nem sempre é sabia, procuro na espiritualidade uma resposta, uma explicação simples, partindo da premissa que tudo na nossa existência tem uma explicação.
Penso que os muros são uma forma inteligente, quase subliminar, que a vida nos proporciona para nos ajudar a enfrentar a realidade do fim. Um paliativo para amenizar o sofrimento, para nos preparar fisicamente e espiritualmente para as separações inevitáveis da nossa existência.
Usando a ficção como referência, a vida seria mais objetiva e produtiva se a nossa existência começasse na velhice e terminasse no nascimento.
Quem não se lembra do filme do Brad Pitt “O Curioso Caso de Benjamin Button”, história baseada no romance homônimo de F. Scott Fitzgerald, escrito nos anos 20.
Felizmente, ou infelizmente, tudo não passa de ficção, como seria bom nascermos sábios!
Dizem que a idade, nos torna reflexivos, sábios. Não discordo totalmente, porém, tenho algumas dúvidas, algumas considerações a respeito.
Pessoalmente, acho que os velhos, na sua ociosidade forçada, são obrigados a pensar, a refletir, a observar o mundo que os rodeia, o mundo que teima em esquecê-los.
Talvez nesta etapa da vida, o Ser humano tenha consciência da importância de pensar, de refletir, de entender o principio lógico da vida, os acertos e desacertos, as oportunidades, a fragilidade da existência, a importância do relacionamento, o valor da palavra amiga, o conselho dos pais e professores, os exemplos!
Infelizmente é tarde para ser sábio.
A sociedade é cruel. Na altura que o homem tem consciência da sua fragilidade e também da sua importância, o homem começa a ficar invisível, uma sombra do que foi e do que é, principalmente, para a sua família e para a sociedade.
Como temos a memória curta e seletiva em algum tempo da nossa existência somos atores na juventude e coadjuvantes deste cenário na velhice.