Engana-se-quem acha que as agências digitais passaram imunes às dificuldades desse imprevisível ano de 2020. Muito pelo contrário!
Campanhas canceladas de última hora, clientes enxugando investimentos e redirecionando verbas de publicidade para outras áreas de suas empresas.
Vivemos a “tempestade perfeita” de tudo que poderia fugir do nosso planejamento. Apesar de toda essa instabilidade, também participamos, mesmo que aos trancos e barrancos, de uma profunda transição para o on-line.
Foi um ano repleto de lives (que tiveram seu auge e declínio em meses), de streamings e e-commerces em evidência, com números surpreendentes.
Em-2020[i] houve uma elevação de 64% na navegação na internet, 54% na audiência de vídeos on-line e 56% no engajamento nas redes sociais.
Quando o assunto é compras, o protagonista é o comércio on-line. Neste ano, 40% das pessoas que vão às compras declararam que pretendem comprar na internet.
A metade do público se diz pouco inclinado a compras presenciais, o que mostra o quanto o comportamento dos consumidores mudou.
Nestes tempos, todos entenderam a relevância da publicidade on-line. Não foram todos, por outro lado, que souberam lidar com as regras desse jogo.
Em um primeiro momento, percebemos uma desenfreada corrida por tecnologia. Buscava-se inovar em dias o que não se havia inovado em anos.
A ansiedade tomou (e ainda toma) conta dos empresários. Enquanto isso, aos olhos do consumidor, não é difícil perceber qual empresa está pouco familiarizada com a Era digital.
Nos piores casos, o resultado foi perda de reputação de empresas que não souberam lidar com a insatisfação da exposição da própria marca.
Olhando para dentro das nossas próprias empresas, tivemos que nos adaptar como gestores, entendendo como transmitir a cultura de nossa própria marca (e dos nossos clientes) em contextos em que contratações, demissões, feedbacks, networking e até o cafezinho são feitos à distância.
Em cenários mais críticos, muitos colegas, especialmente de agências focadas em meios mais tradicionais, tiveram que fechar as portas, optar por fusões não tão interessantes ou pivotar o negócio de maneira acelerada e pouco efetiva.
Todas estas lições fazem com que 2021 tenha tudo para ser um ano mais maduro do que 2020 para o setor publicitário. Ainda assim, é seguro afirmar que a pressão por resultados neste ano será ainda maior, já que o digital deixou de ser complementar e se tornou uma questão de sobrevivência para grande parte das marcas.
Com tantas incertezas, nos resta seguir com olhar atento para o comportamento do consumidor, focar em estratégias que cruzem marketing digital e tecnologia, tudo isso com muita agilidade para não perder o ritmo imposto pelas mudanças que ainda estão por vir.
[i]Kantar: https://www.kantar.com/campaigns/media-trends-and-predictions-2021