O digital já era core no início de 2020. Profissionais e especialistas alertavam sobre a necessidade de transformação a partir das soluções impulsionadas pelo avanço da tecnologia.
Naquele momento, o uso de ferramentas adequadas era a oportunidade de promover qualquer negócio, conectando-o a seus clientes atuais e futuros.
Com a pandemia de covid-19 a partir de março daquele ano, o digital passou a ser, em muitos casos, a única frente capaz de fazer com que as empresas ganhassem projeção. Com atividades comerciais fisicamente suspensas, a saída foi se reinventar.
Assim,-fazer negócios no ambiente digital deixou de ser um assunto delegado a uma ou outra diretoria para ser o tema principal do CEO e do board.
Os consumidores também tiveram a sua digitalização acelerada nesse cenário. Novos hábitos suplantaram antigos comportamentos, ressignificando a forma como marcas e pessoas se relacionam. Houve uma mudança considerável na forma como vendemos, compramos e interagimos com produtos e serviços.
Expressões como “experiência do usuário” e termos como “omnichannel” ganharam espaço por entregarem aquilo que ambas as partes buscavam. As marcas tiveram de aumentar sua presença online e adaptar seus modelos de negócios aos novos clientes, que buscam agilidade e segurança em toda a sua jornada.
Mudanças foram ainda mais constantes e estratégia passou à frente de qualquer premissa comercial. É preciso um olhar especialista para alavancar os negócios, que precisam ser cada vez mais inovadores, disruptivos e globais. Surge, assim, o modelo híbrido, estratégico e consultivo.
Hoje, é impossível pensar em uma estrutura fixa atendendo às demandas digitais de uma grande corporação de forma isolada. O resultado final depende da integração de muitas disciplinas, cada uma com sua verticalidade, além de orientação constante aos desafios de negócio de cada cliente. Com diferentes visões convergindo no mesmo objetivo, é possível encontrar novos ângulos e soluções para um único problema.
Evidentemente, as transformações não deveriam ficar restritas ao formato: precisariam chegar à execução. Observa-se, assim, a necessidade de os profissionais utilizarem as metodologias ágeis (Agile) no dia a dia do trabalho.
Com um cenário volátil e incerto, é preciso alterar a atuação nas empresas. Agora, é preciso ter foco na geração constante de valor em ciclos curtos (os “Sprints”), feedback constante dos stakeholders (entre eles, os clientes) e eventos recorrentes para alinhamento e integração do time multidisciplinar (o “Squad”). Somente assim é possível dar conta da constante metamorfose vivida pela sociedade nos últimos dois anos.
As mudanças ocorridas nas estruturas das empresas refletem-se em pesquisas e levantamentos. O estudo 15th Annual State of Agile Report, realizado pela empresa Digital.ai, mostra que 94% das companhias em todo o mundo afirmaram que utilizam alguma metodologia ágil em suas rotinas – 52% confirmaram que está presente na maioria ou na totalidade das equipes. Entre 2020 e 2021, a adoção do Agile exclusivamente nas equipes de desenvolvimento de softwares saltou de 37% para 86%. Já o uso em equipes que não estão relacionadas à área de TI, como comercial e marketing, dobrou em 12 meses.
Diante de um cenário de intensas mudanças em todo o mundo, é de se imaginar que os profissionais e as empresas apresentem dificuldades em reagir às transformações. O problema é quando não conseguem se adaptar a este novo momento que surge no horizonte. A digitalização deixou de ser tendência e tornou-se uma necessidade estratégica em todos os setores. Para dar conta disso, é preciso ter clareza nos objetivos, acompanhamento constante e execução rápida. Somente assim aceleramos times digitais nas grandes empresas. É assim que a transformação digital acontece.
Tomás Trojan é COO da Cadastra, empresa pioneira em serviços digitais em comunicação, tecnologia e dados no Brasil.