Meus amigos; não há nada pior para quem trabalha na área de marketing, do que o período pré-eleitoral.
Por quê?
Simples.
A palavra marketing acabou tomando o mesmo sentido que, propaganda, tem na língua inglesa.
Tanto que, em inglês, a propaganda (que aqui no Brasil usamos o termo publicidade) passa a ser tratada como advertising; para que tenha um conceito de maior peso do ponto de vista de atividade ligada a resultados, imagem, marca.
Nestes-tempos, todas as “jogadas” , as promessas, as sacadas ditas geniais, são atribuídas aos marqueteiros de plantão.
É comum entrar na padaria, ou no bar e ouvir aquele bordão que tanto me deprime: “Isso? Isso é só marketing”.
O resultado é que tudo que se imaginava verdadeiro antes, se torna irrelevante depois.
O que se promete na corrida eleitoral, quase nunca fica na memória daqueles que, efetivamente, cumpriram seu direito de votar, e escolheram alguém que não fará muito esforço para cumprir, ou mesmo se aproximar das palavras de ordem que utilizou.
Mas, não estou a fim de discutir política, mas sim de criar uma consciência do que nós, profissionais desta área, devemos ou deveríamos fazer, para não sermos merecedores da alcunha, marqueteiro.
Cada vez mais, o consumidor se torna mais experiente, diante daquelas ofertas de ganhos ou mesmo de promessas feitas por produtos, que não se sustentam.
A começar pelas propostas do compre 2 e leve 3, ou aqueles produtos que oferecem tudo, mas que no fundo é só uma maquiagem: agora em nova embalagem, ou um novo design, ou novas cores para combinar com você.
Vejo com muita satisfação, quando vou ao mercado, por exemplo, um consumidor está lendo, na embalagem, as características, a data de validade, comparando se os 50 gramas a menos valem a diferença de preço, na gôndola.
É aquela coisa: a black friday, muitas vezes é mais uma forma de oferecer vantagens que, na verdade, não existem: compre aqui, com x% de desconto e leve pra casa, na hora, a sua geladeira de duas portas, pelo menor preço. Cobrimos qualquer oferta. O que não está dito: é você que tem que providenciar o transporte. E aí a pergunta: será que vale, mesmo?
Mas as coisas, muito lentamente, vão mudando.
Eu fico pensando, se um dia vamos chegar a comprar um ingresso, para ver uma final de campeonato de futebol e, se o tempo de bola em jogo, for menor do que aquele que a FIFA determina? O torcedor ganha um reembolso(?).
Hoje, as empresas devem e, algumas delas já o fazem, tratar marketing como um espelho de um diferencial existente; e não o marketing ser o diferencial.
O conceito que se vende, precisa, e eu repito, precisa ser verdadeiro. E verdadeiro no mais amplo sentido da palavra.
Ou seja, significa que a empresa, como um todo, tem que estar envolvida e comprometida com aquilo que oferece.
As centrais de atendimento, tem sido cada vez mais um transtorno na vida de quem tem um problema com uma compra; de que adianta a empresa vender inteligência artificial no contato com o cliente, se não conseguimos, muitas vezes, explicar um simples problema?
Isso sem falar naquelas que te empurram, de cara, para um app, que só vai tomar espaço nos seus devices, e tornar sua vida mais chata. Quanto custa você perder o seu tempo navegando nas Uras de centrais de atendimento ou em apps que acabam não resolvendo seu problema.
No final do século passado, para se dar um atendimento diferenciado, criaram-se estes caminhos, que logo passaram a ser, não diferenciais de atendimento, mas áreas de redução de custos operacionais. Treinar e oferecer um bom atendimento com pessoas, se tornou muito caro.
Acho que hoje, podemos afirmar que o atendimento pessoal volta a ser um baita diferencial.
Tudo isso para chegar no que tenho chamado de marketing da verdade.
Tornar verdadeiro o que se anuncia, passa a ser missão de todos na empresa. É exatamente aquela situação fantástica, quando John Kennedy, visitando a base de lançamento de foguetes espaciais, para e se dirige a um funcionário, que tinha como tarefa a limpeza, e pergunta: “o que o senhor faz aqui”? E a resposta vem: “Eu estou ajudando o homem ir a lua”.
Atitude, comprometimento, envolvimento, orgulho de exercer sua função, são os principais pilares para se desenvolver o marketing de verdade.
Com resultados.
Chega de maquiagens!