Cerveja e Carnaval têm tudo a ver, certo? Partindo dessa premissa, a Grande Rio irá fazer seu desfile com patrocínio dos fundos de participação da AmBev. O valor, não confirmado pelos dirigentes da escola, ultrapassa a casa do milhão, segundo estimativas do mercado. E coube ao carnavalesco Cahê Rodrigues, em seu segundo Carnaval à frente da agremiação do município de Duque de Caxias, da Baixada Fluminense, a missão de transformar em fantasias o enredo “Das arquibancadas ao Camarote nº 1. Um Grande Rio de emoção na Apoteose do seu coração”.
Cahê diz que o enredo patrocinado não prejudica sua criação. “Na verdade, o enredo é uma grande retrospectiva de momentos inesquecíveis que fizeram história no Carnaval do Rio. Teremos homenagem ao Jamelão, que é a eterna voz da avenida, entre outros momentos”, explica ele.
A Grande Rio é conhecida por levar à Sapucaí um grande contingente de famosos. Os nomes vão de Susana Vieira à rainha de bateria Paola Oliveira. Para o carnavalesco, tantos globais não prejudicam o desfile. “Antes de vir para cá, eu tinha a visão de que o excesso de artistas podia atrapalhar. Mas Jayder faz trabalho de canto com todos eles, dá o CD para eles treinarem em casa”, diz.
Promoview transcreve abaixo a entrevista de Cahê Rodrigues ao Portal iG.
iG: Um enredo patrocinado limita sua criação?
Cahê: Não limita, porque o enredo já existia antes da AmBev, eu apresentei à escola a ideia de fazer uma homenagem ao sambódromo. José Victor Oliva (produtor do camarote) e Jayder Soares (patrono da escola), são muito amigos, conversaram e chegaram ao acordo de também falar sobre os 20 anos do camarote da Brahma.
iG: De quanto foi esse patrocínio?
Cahê: Não falo de valores. Não revelamos isso.
iG: A cerveja está inserida no enredo?
Cahê: Não existe cerveja no enredo, não há nenhuma alusão à cerveja. O que foi inserido foi o camarote. Convenhamos, só existe desfile se houver público na arquibancada ou no camarote. Essa é a defesa do enredo.
iG: É verdade que você vai reproduzir numa alegoria a cena em que Lilian Ramos foi flagrada sem calcinha ao lado de Itamar Franco no camarote, em 1993?
Cahê: Não confirmo. Isso é dedução de jornalistas (risos). O que confirmo é que não vamos mexer com polêmicas que já viraram lendas da história do camarote. Vamos focar na importância do artista à festa.
iG: O patrocinador fez exigências à escola?
Cahê: Nenhuma exigência. Em momento algum a AmBev se envolveu com a concepção do carnaval, não teve interferência.
iG: O camarote da cervejaria será reproduzido em alguma alegoria?
Cahê: O abre-alas é o único momento de citação ao camarote numero 1. Será uma síntese do enredo, “das arquibancadas ao camarote”. Na parte de trás do carro, haverá a reprodução do camarote, onde vamos receber os convidados para assistir ao desfile da Grande Rio. A promoter Carol Sampaio vai levar convidados do camarote para o carro.
iG: A Grande Rio vai homenagear desfiles memoráveis do sambódromo. Qual não poderia deixar de ser citado?
Cahê: Se eu tivesse que apontar apenas um, seria “Ratos e Urubus”, da Beija-Flor, de 1989. Não foi campeão, mas foi aclamado pelo público. Foi um divisor de águas, em termos de plástica e ousadia. Joãosinho Trinta abriu portas e encorajou outros artistas a serem mais ousados.
iG: Como será a homenagem ao Jamelão, intérprete da Mangueira (morto em 2008)?
Cahê: Será o sexto carro, “Ao mestre com carinho”. Ele vai ser homenageado por tudo que representou, pela postura de intérprete. E vamos estender a homenagem a todos os outros intérpretes. Vamos levar uma grande escultura dele.
iG: A Grande Rio é a escola que mais tem artistas. No que isso atrapalha e no que isso ajuda a escola?
Cahê: Não atrapalha em nada. É o segundo ano que estou na escola. Antes de vir para cá, eu tinha a visão de que o excesso de artistas podia atrapalhar. Mas Jayder faz trabalho de canto com todos eles, dá o CD para eles treinarem em casa. Sem falar que a presença deles é um presente para o público. São artistas que lutam pela escola, torcem de verdade.