Ao tomar como base o que disse recentemente o chairman e publisher do The New York Times, Arthur Sulzberger Jr., a iniciativa do Jornal do Brasil em deixar o impresso está correta. Sulzberger participou do International Newsroom Summit, quando afirmou que o NYT vai seguir o mesmo caminho do JB em breve.
“Vamos parar de imprimir o New York Times no futuro”, disse, apesar de não informar exatamente quando isso vai acontecer, só que será em uma “data a ser definida”. A migração seria um passo natural, de acordo com o Mashable, segundo o qual, entre 2008 e 2009 os rendimentos publicitários dos jornais caíram 27,2%.
O site fez uma pesquisa com seus leitores e constatou que apenas 21,7% deles gostariam de ler notícias em um impresso. “Em outras palavras, o jornal tradicional pode ter problemas, mas a notícia, como mercadoria, não vai acabar”, diz Jolie O’Dell, que assina um post no Mashable sobre o assunto.
Na conferência em que profetizou o fim do NYT impresso, Sulzberger também comentou que a busca do veículo por uma forma de cobrança é um passo certeiro e precisa ser seguido por outras publicações. “Acreditamos que as organizações sérias de mídia devem começar a cobrar receitas adicionais de seus leitores”, opinou.
Cerca de três anos atrás, o jornal aderiu a um tipo de cobrança – o TimesSelect – que não deu muito certo. Por mais que não tenha conseguido o retorno esperado, Sulzberger diz que o modelo não será encarado como fracasso, e sim como aprendizado. “Se descobrirmos que tentamos algo que não está funcionando, poderemos mudar isso”, afirmou.
A migração para o digital pode servir como medida para estancar crises financeiras – como no caso do JB. O New York Times também passa por dificuldades e chegou ao ponto de ter sua venda cogitada.
“Os especuladores estão apostando que alguém pode chegar e fazer uma oferta pela New York Times”, disse ao Bloomberg, Chris Rich, estrategista de opções da Jones Trading Institutional Services, em Chicago. E especula-se que o bilionário mexicano Carlos Slim seja um dos arrematadores do jornal.
“A indústria de rumores foi acionada novamente com as afirmações de que Carlos Slim quer comprar a companhia”, comentou Edward Atorino, analista da Benchmark Co., em Nova York. “Mas há um processo complicado para fazer isso, mesmo que seja possível – eu nunca digo nunca, mas esses rumores já surgiram e desapareceram anteriormente.”
Com 7% das ações classe A da The New York Times Co., que edita o NYT, Slim já controla parte do jornal, mas Arturo Elias, porta-voz do mexicano, disse que ainda não sabe nada sobre a possível compra.