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Brasil perde competitividade no cenário turístico mundial

O relatório evidencia o setor de transportes como um dos piores quesitos do Brasil na avaliação do Fórum Mundial, onde a alta dos preços e políticas de investimento precárias são responsáveis pela estagnação do setor no País.

De acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial foram avaliados 139 países em potencial. Dentre esse universo tem Suíça, Alemanha e França entre os países com melhor ambiente para o desenvolvimento do turismo. Nessa mesma avaliação, o Brasil perdeu oito posições no ranking mundial de competitividade em relação ao ultimo relatório de 2009, ficando em 52o lugar no geral e sétimo no ranking das Américas. A pontuação brasileira de 4,36 em uma escala de um a sete. Foi praticamente a mesma de 2009 (4,35), fato que indica que o País foi ultrapassado por outros que obtiveram ganhos mais expressivos no setor turístico como México e Porto Rico.

Alguns pontos foram avaliados como positivos pelo Fórum, como recursos naturais e culturais bem como a fauna e biodiversidade brasileira, além dos esforços para melhoria da segurança. No entanto, o setor de transporte no geral ficou abaixo da média, onde no relatório cita a baixa competitividade devido à alta dos preços e um ambiente pouco propício para o desenvolvimento do setor devido às políticas de investimento, como pontos principais para a baixa competitividade.

A qualidade das estradas também não é das melhores, o que coloca o Brasil numa posição inferior aos cem países com melhores rodovias.

Sem dúvida um dos pilares do desenvolvimento da atividade turística é a logística (deslocamento), ou seja, meios de transportes adequados com preços competitivos impulsionam a atividade. O relatório evidencia o setor de transportes como um dos piores quesitos do Brasil na avaliação do Fórum Mundial, onde a alta dos preços e políticas de investimento precárias são responsáveis pela estagnação do setor no País.

O Fórum destaca o setor privado como um dos mais competitivos do mundo, levando-se em consideração que num cenário de muitos desafios, as oportunidades são ainda maiores, e é importante se atentar para que os investimentos sejam aplicados de forma correta para que se possa aproveitar as condições favoráveis e atingir o ápice do desenvolvimento da atividade no Brasil.

A nota positiva  é o Rio de Janeiro. O Estado recebeu um número recorde de turistas no último Carnaval, ampliando também o número de dias de permanência na cidade. O número de  760 mil durante o período carnavalesco foi 4% a mais do que no ano passado, segundo estimativas da RioTur.

Para o diretor de relações internacionais da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) nacional, Leonel Rossi, mesmo com a previsão de aumento do turismo, os números do setor no País como um todo ainda estão muito abaixo do potencial.

“Não temos conseguido crescimento significativo. Estamos patinando ao redor de cinco milhões de turistas por ano já há alguns tempo. Já deveríamos estar na faixa dos oito ou nove milhões”, afirma.

Rio de Janeiro

O coordenador do Núcleo do Turismo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luiz Gustavo Barbosa afirma que o Rio vive um momento decisivo. “O Rio está em um turning point em que tem que decidir o que quer ser no turismo. Quer continuar sendo um destino médio do turismo mundial, ou quer se tornar um destino mundial grande, consolidado, capaz de comportar grandes eventos econômicos e ser um hub do turismo brasileiro?”

Para optar pelo segundo caminho, avalia Barbosa, a cidade deve continuar buscando soluções para a questão da segurança, suprir a carência de mão-de-obra capacitada “para uma boa recepção do turista estrangeiro” e investir no transporte interno.

“Em cidades como o Rio, onde o turismo se mescla à vida da cidade, a cidade vai ser boa para o turista quando for boa para o cidadão. O desafio primeiro é melhorar a cidade”, diz o especialista em planejamento urbano Mauro Osório, professor de Economia na UFRJ.

Osório lista como medidas urgentes a despoluição da Baía de Guanabara, soluções para o saneamento na Região Metropolitana, avanços na luta contra a violência e a construção de um calendário de eventos que garanta um fluxo mais permanente de turistas.

A Copa do Mundo de 14 e da Olimpíada de 16 certamente são um grande chamariz para atrair turistas estrangeiros. Mas Fabio Sá Earp, do Instituto de Economia da UFRJ, diz que é preciso fazer bem o “feijão com arroz”.

“Passar pelo megaevento é fácil”, observa. “Difícil é a gente conseguir atrair todo ano mais 500 mil turistas.”