A polêmica em torno do evento M.I.S.S.A. (Movimento dos Interessados em Sacudir Sua Alma), organizado pela empresa M1 Eventos e programado para ocorrer no dia 07/12, em Manaus (AM), deve continuar.
Na noite da última segunda-feira (14/11), o empresário e organizador da iniciativa, Marcelo Alex Nunes, publicou em seu perfil no Facebook que o evento não utilizará mais a sigla M.I.S.S.A. e toda a comunicação relacionada à iniciativa será realizada por intermédio do nome por extenso.
“Acreditamos”, explicou o organizador, “Que, desta forma, atendemos as solicitações de centenas de pessoas que viam aí uma agressão à Igreja. Não deixaremos de realizar a festa e também de atender nossos clientes que têm nos cobrado a realização do evento”.
O proprietário da M1 Eventos aproveitou a oportunidade e se desculpou pelos conflitos gerados com integrantes da Igreja Católica. “Aproveito para pedir desculpas, humildemente, a todos os segmentos da Igreja Católica no Amazonas. Se em algum momento, ofendemos, agredimos ou denegrimos a imagem desta instituição milenar”, publicou na noite de segunda-feira (14/11).
Mas a polêmica deve continuar já que, de acordo com a M1 Eventos, as roupas relacionadas à Igreja Católica não serão retiradas. “Tomaremos cuidado com vários aspectos e jamais usaremos réplica de altar ou coisas parecidas. Quanto às roupas, não temos uma posição definida, mas isso é algo que é amplamente utilizado no Carnaval, em comerciais de televisão, em novelas, peças de teatro e etc. Por que só na festa é ofensivo?”, indagou.
A reportagem do G1buscou contato com o arcebispo de Manaus, Dom Luiz Soares Vieira, para falar sobre o assunto mas não obteve sucesso. Porém, conversou com o padre Anselmo Dias, sacerdote que está conversando diretamente com o arcebispo sobre o assunto. Segundo ele, a mudança na forma de chamar o evento não é suficiente e o uso de vestimentas continua sendo um desrespeito ao culto religioso.
“A Igreja vai continuar com os métodos judiciais cabíveis para que seja efetivado o respeito à nossa fé. Mesmo tirando a sigla continua o desrespeito. A posição da Igreja não muda em nada e vamos continuar reagindo.”
Dom Luiz vai continuar com as ações judiciais. Ele está muito preocupado porque até mesmo empresários que se dizem católicos estão patrocinando. No Rio de Janeiro, com o uso da imagem do Cristo Redentor, no Carnaval, os católicos de lá conseguiram interditar o uso da estátua. É questão de respeito”, disse ao G1.
“O evento é um deboche”, exclamou padre Anselmo. “Não estamos falando do uso da vestimenta pela vestimenta, mas sim o propósito que está sendo utilizado. Esse tipo de roupa era usado na Idade Média pelos pobres. Era supercomum. O problema é que a forma com que as roupas estão sendo utilizadas, constitui um deboche à nossa fé, já que tudo está sendo ligado a igreja”.