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Carnaval é tradição secular no Interior do Estado

Nem de longe o Paraná pode ser comparado a Estados como Rio de Janeiro e Bahia quando o assunto é Carnaval. Mas, nem por isso, a festa popular passa em branco.

Carnaval é tradição secular no Interior do Estado

Nem de longe o Paraná pode ser comparado a Estados como Rio de Janeiro e Bahia quando o assunto é Carnaval. Mas, nem por isso, a festa popular passa em branco no Interior do Estado, como provam as tradicionais folias que permanecem na ativa atraindo milhares de foliões durante os dias de festejo.

A mais famosa, que recebe um público de 80 mil pessoas (o quádruplo da população local), é o centenário Carnaval de Tibagi, nos Campos Gerais. Com 102 anos de vida, o popular festejo já viveu diferentes experiências. Mas, como diz a canção entoada por Alcione, “Nunca deixou o samba morrer”.

Trazido para a região por migrantes nordestinos que foram trabalhar como garimpeiros na cidade, o primeiro carro alegórico, idealizado por Manoel da Costa Moreira, o Cadete, em 1910, era puxado por cavalos e trazia moças da comunidade vestidas com trajes que representavam cada Estado brasileiro.

Mais tarde, na década de 50, começaram os carnavais de clubes, com as marchinhas e o início das cores na festa. Nesta época, dois clubes – o Tibagiano e o Estrela da Manhã – abrigavam públicos distintos, num movimento semelhante ao do apartheid.

Enquanto o primeiro era voltado aos brancos, o segundo abrigava basicamente negros.Foi nos anos 70 que brancos e negros encontraram a oportunidade de integração que rompeu a distinção de públicos nos clubes.

“Durante a festa, os membros do clube dos negros ‘invadiam’ o outro. Logo em seguida, os brancos é que iam retribuir a visita”, conta o diretor do Museu Histórico Desembargador Edmundo Mercer Junior, em Tigabi, Neri Aparecido Assun­­ção.

O ex músico do clube Estrela da Manhã, Antônio Ribeiro de Assunção, conhecido como Tiquinho, sente saudades daquele tempo. Hoje, aos 66 anos de idade, ele mantém um bar em Tibagi que todo domingo se transforma em ponto de samba. “É o carnaval fora de época daqui”, brinca. “Naquela época o carnaval era ótimo. A gente conseguiu quebrar uma diferença social que existia por meio da música e da festa”, completa.

Foi no decorrer da década de 80 que o Carnaval voltou às ruas com os desfiles, fazendo com que a folia nos clubes se tornasse cada vez mais rara. A partir dos anos 2000, por sua vez, a festa tomou outra forma.

Com mais profissionalismo e divulgação, os desfiles das escolas de samba da cidade se tornaram atrativos turísticos e culturais. Hoje, o Carnaval do município é considerado  um dos melhores do Estado.