A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e a empresa Souza Cruz lançaram em Curitiba, uma ação estadual para conscientizar a população sobre a importância do descarte adequado das bitucas de cigarros.
Inédita no País, a ação “Bituca no lixo: atitude de cidadão” terá como foco os 20 mil estabelecimentos comerciais atendidos pela Souza Cruz nos 399 municípios do Paraná.
A primeira ação contará com a presença do secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, e do diretor de Sustentabilidade do Instituto Souza Cruz, Luiz André Soares.
As bitucas correspondem a 0,02% da massa total de resíduos sólidos (lixo) do Paraná, que é de 20 mil toneladas por dia.
Uma segunda fase da ação deve dar também destinação correta dos restos do cigarro, que podem ser reaproveitados. E o exemplo pode estar bem próximo. Vem do Paraná um programa que é referência no Brasil e no mundo para reaproveitamento de bitucas.
A empresa Ecocity Soluções Ambientais, com sede em Curitiba, criou há dois anos o programa Bituca Zero, que tem o objetivo de minimizar os efeitos dos resíduos do cigarro no meio ambiente.
Segundo Roberto Façanha, proprietário da Ecocity, depois de muitos estudos, a empresa conseguiu achar uma maneira de reaproveitar as bitucas e criar um novo produto para esse material, que iria para o lixo.
Elas se transformam em uma biomassa que aplicada sobre áreas degradadas (encostas de estradas, aterros sanitários), serve de base para projetos de hidrossemeadura, recompondo esses espaços.
“Tive a ideia no começo de 2010, quando andando pela Boca Maldita, em Curitiba, não achei nenhum local onde descartar a bituca do cigarro. A partir daí comecei a estudar a questão”, conta.
O primeiro passo para o reaproveitamento é retirar as toxinas da bituca — cerca de 4.800 —, processo feito em um biodigestor. Façanha explica que na natureza, esse processo demora em torno de quatro ou cinco anos, e nesta máquina, de 90 a 110 horas.
Depois disso, a bituca é unida a fibras de coco, papéis, restos de materiais utilizados em compostagem e transformada em uma biomassa. Essa biomassa é aplicada em áreas degradadas, onde são plantadas sementes de grama, o que é chamado de hidrossemeadura.
No local essas sementes germinam e fazem reordenamento do solo e evitam desmoronamentos, por exemplo.
A ideia de Roberto Façanha já conquistou muitos adeptos. Atualmente, 16 grandes empresas de Curitiba e Região Metropolitana adotaram o projeto e países como Argentina, Portugal e Espanha estudam implantá-lo. Após quase três anos de criação, quase três milhões de bitucas já foram coletadas pelo projeto.