Experiência de Marca

Precisamos de publicitários para aprender a fazer eventos?

A abertura da Copa do Mundo foi aquém das expectativas. Foi sim. Espetáculo previsível, às vezes infantil, mostrou bem pouco da capacidade de fazer eventos das agências live brasileiras.

A abertura da Copa do Mundo foi aquém das expectativas. Foi sim. Espetáculo previsível, às vezes infantil, mostrou bem pouco da capacidade de fazer eventos das agências live brasileiras.

Mas houve razões para isso.

A primeira, e mais evidente, a incapacidade da própria Fifa de dar a agências brasileiras (e aos brasileiros em geral) a condição de fazer coisas brasileiras e deixar legados ao País.

O domínio das ações recaiu sobre poucas e apaniguadas agências, uma delas que tem parente de gente da CBF por trás ou na sua direção, gente apenas interessada em ganhar dinheiro e levar vantagens, como roubar uma ideia de duas agências baianas, do que fazer o melhor para a Copa no Brasil para os brasileiros e mesmo para os visitantes.

Foto: Douglas Magno.

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Há também o fato, desconhecido por quem nada entende de eventos, de que a abertura da Copa não é a abertura dos Jogos Olímpicos – basta ver as últimas aberturas para entender -, onde a festa de abertura e encerramento têm grandeza exigida.

Observem os que falam sem nada entender que não se pode colocar parafernálias técnicas no campo, como um carro por exemplo, que será usado minutos depois do espetáculo para o jogo de abertura e tem que estar em perfeito estado, restringindo a condição de efeitos espetaculares e o talento de criativos. Além disso, um evento a luz do dia já leva desvantagem, pois a luz pode ser um recurso inimaginável.

Por fim, não foi um brasileiro quem criou, construiu e dirigiu a festa, foi uma belga, que conhecedora das limitações e para garantir seu dinheiro, fez da abertura brasileira os sonhos toscos de uma noite de verão do nosso folclore.

Até o nosso índio foi meia boca e o exoesqueleto, que poderia ser um momento emocionante, foi um nada pelas limitações de entrada em campo.

Mas por que não se usou um Banco de Eventos ou uma SRCOM, duas das mais brilhantes empresas live brasileiras, responsáveis por aberturas e encerramentos primorosos de jogos e de eventos nacionais e internacionais elogiados?

O Banco teve um azar na abertura da Copa das Confederações, muito melhor por sinal que a da Copa do Mundo, quando dois idiotas resolveram fazer um protesto em meio à apresentação.

Mesmo com demissão dos responsáveis e a correção imediata do problema, típicas de um plano B bem executado e que faz parte do nosso negócio, feito ao vivo, parece que o Banco saiu da lista de possíveis empresas a fazer a abertura. Erraram feio. O Banco teria dado um show na abertura da Copa pelo talento de seus criativos e a domínio da ação.

A SRCOM, de Abel Gomes vai fazer a abertura e o encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, fez a parte brasileira no encerramento da de Londres, a Jornada Mundial da Juventude e a missa do Papa em Copacabana, o Revéllion de Copacabana há cinco anos, a Árvore de Natal da Lagoa, abertura e encerramento dos Jogos Mundiais Militares, duas edições do Rock in Rio Brasil e uma do de Lisboa.

Como dispensar essas expertises? E por quê?

Pior que ouvir e ler declarações de leigos – e aí a gente entende, porque as pessoas têm todo direito de não entenderem o nosso negócio, e gosto é gosto. Elas têm, como qualquer um, o direito de achar que algo é bom ou ruim. – e de profissionais nossos, de live – esses que também podem falar como quem avalia pela expectativa do que se imaginava ver, e, alguns, por saberem que podiam ter feito melhor, já que essa expertise é nossa – me assusta ouvir de publicitários e dos costumeiros urubus do live, alguns possivelmente por medo de nosso avanço na verba do cliente, outros porque sabem que podem falar à vontade porque nunca farão o que fazemos, besteiras e frases sem nexo.

Não me refiro aqui ao talento publicitário, claro, porque sabemos que muitos publicitários podem criar ações superinteressantes e criativas, me refiro à capacidade de execução e ao conhecimento de técnicas, ferramentas e artimanhas de campo mesmo.

Garganta muita gente tem e de Cannes é bem fácil falar. Mais fácil é subestimar centenas de profissionais de criação do mercado live e jogar lama nos produtores e profissionais que, muitas vezes, fazem brilhantemente o seu papel, sem erros, como aconteceu na abertura, ruim, feia, menos do que se esperava, ok, mas perfeita tecnicamente com os produtores fazendo muito bem o papel que lhes foi concebido.

Alie-se a eles as centenas de pessoas, jovens e crianças, envolvidos na ação que não podem ser execrados, pois fizeram muito bem o seu papel, organizados e comandados que foram por profissionais.

Aí vem uma pessoa e se arvora, não da condição de crítico, direito inalienável que tem de sê-lo, da condição de grande criativo, acima do bem e do mal, senhor das verdades, e diz que só um publicitário seria capaz de fazer uma abertura maravilhosa.

Devíamos, então, ante a sua capacidade criativa olímpica (ou será do Olimpo?), fazê-lo presidente nacional da Criação LIVE, chamá-lo ao próximo Congresso e pedir aulas suas de criatividade live para gente como Abel Gomes, Dil Mota, Zé Victor Oliva, Rodrigo Rivellino, Rafael Liporace, Débora Tenca, Aline Brault, Aldo Malucelli, Marcio Formiga, Suzane Queiroz, eu mesmo e para agências como a Rock, Tudo, b!ferraz, SRCom, Case, Marcativa, Ampla, A VERA!, Zero Três, aktuellmix, Banco de Eventos, Samba, Arandas e um sem número de profissionais de criação e agências criativas, cujos nomes não coloquei aqui por absoluta falta de espaço possível para contê-las, para aprender talento e capacidade criativa com ele.

Dizer que o evento foi ruim, ok. Criticar sua falta de criatividade, tudo bem. Mas aproveitar o momento para tentar dizer que só um publicitário salvará o mundo dos eventos é risível. Eu até imagino como seria o evento criado.

A Fifa merece vaias e talvez uma interpelação por escrito, sei lá. Mas nossos profissionais merecem consideração pelo trabalho. E o nosso mercado merece respeito, em especial de quem quer ser respeitado. Se eles são tão bons no nosso negócio, e não duvido, como disse, que alguns profissionais de comunicação – isso porque nenhuma agência mais se autointitula de publicidade – saibam do riscado, uma vez que eu mesmo venho da publicidade, dou uma sugestão:

Mudem o sobrenome da agência para “de Live Marketing e se associem à Ampro. O que não sabemos, e é pouco, porque todos nós viemos de agências ou estudamos Publicidade, mas aprendemos no campo, você nos ensina. O que sabemos, e é bastante, a gente ensina pra você.

E por falar nisso, o play está aberto para abertura da Copa do prédio. Quem quer fazer a abertura?

Veja também: quem são as agências promo em campo na Copa do Mundo no Brasil?