Publicado originalmente em 04 de agosto.
A princípio pode parecer estranho ainda estar se falando de eventos como a Copa do Mundo, tendo em vista que ela já acabou já faz um certo tempo, e, em função disso, deveria ser considerada página virada.
No entanto, por mais que o mercado de eventos queira virar a página, isso ainda não é possível, porque alguns profissionais do mercado promocional ainda estão com um gostinho amargo na boca, e, podem ter certeza, não foi pela derrota do Brasil para a Alemanha por 7×1, mas sim, porque esperavam muito mais em termos de realização de negócios com o Mundial no Brasil.
A realidade acabou sendo outra. Alguns poucos lucraram com o evento, enquanto que a maioria ficou apenas na expectativa. Mas, será que não está mesmo na hora de virar a página e seguir em frente?
Os olhos do mundo continuam voltados para o Brasil. Nos últimos anos, o País vem recebendo diversos eventos internacionais de altíssima qualidade. Na lista estão desde shows de artistas famosos até os Jogos Olímpicos. que ainda estão por vir, e, se na Copa do Mundo não foi possível realizar os sonhos de grandes negócios, que pelo menos sirva de lição para as Olimpíadas.
O mercado de eventos vem crescendo a todo o vapor no País nos últimos dez anos. Na lista de grandes espetáculos está o consolidado Rock in Rio, a Copa das Confederações, Copa do Mundo e ainda feiras e convenções que são realizadas todos os meses, e esse aumento deve-se ao crescimento da renda dos brasileiros e vários problemas econômicos na América do Norte e Europa, que fez os organizadores olharem para o Brasil.
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Na visão de Fernando Ribeiro, administrador comercial da Capuzo Eventos, “O Brasil hoje não é capaz de organizar e planejar eventos desse porte. A Copa do Mundo foi um exemplo disso. Ela aconteceu, mas não foi da maneira como deveria. Prazos e metas estipulados pela Fifa não foram cumpridos.”, analisa ele.
Quando as cidades-sedes foram divulgadas muitas pessoas se perguntaram: “Estádio em Natal? Para qual finalidade o local vai servir depois da Copa?”. Logo após o local já estava sendo cotado como elefante branco, e não só ele, as arenas de Manaus, Brasília e Cuiabá também entraram nesta lista. Existe a possibilidade dos organizadores de eventos reaproveitam esses locais, e ele confirma essa possibilidade.
Manaus provou o contrário e acabou se destacando entre as cidades-sede pela sua hospitalidade e qualidade do seu estádio, que hoje já tem vários eventos agendados, o que, consequentemente, irá gerar dividendos para a cidade.
Com a realização da Copa do Mundo, as festividades regionais ficaram, de certa forma, ofuscadas. Fernando Ribeiro citou como exemplo o próprio Mundial de Futebol. “O megaevento esportivo fez com que o mercado de eventos nacionais paralisasse durante sua realização.”
E foi o que aconteceu com a mais tradicional manifestação cultural, as festas juninas. Elas foram realizadas, mas não tiverem o mesmo espaço na mídia como de costume. Alguns acharam que o Festival Folclórico de Parintins poderia ser afetado pela Copa e até mesmo cancelado ou ofuscado, mas, a tradição falou mais alto, e, com o destaque que Manaus ganhou na mídia durante o Mundial, acabou tendo o seu merecido destaque.
“Com a realização do Mundial no Brasil, grande parte do investimento em eventos foi voltado para o mesmo, assim como outros deixaram de acontecer durante os jogos, e outros foram postergados, fazendo com que a previsão para o mercado de eventos no segundo semestre seja mais otimista.”, finaliza Fernando.
O sócio-diretor da Hype Eventos e Ativação de Marcas, Celso Antunes, também deu a sua opinião sobre o assunto, e, diferente do Fernando, ele confirma a capacidade do País em organizar um evento gigantesco como a Copa do Mundo.
“Mesmo com toda a expectativa negativa que havia antes do Mundial o mercado se movimentou e as marcas patrocinadoras estiveram bem ativas. O sucesso da Copa definitivamente provou nossa capacidade de receber eventos desse porte e credencia o Brasil a realizar outros eventos similares.”, declara Celso.
Na visão do profissional, o mercado de eventos aproveitou a oportunidade do Mundial e enfatiza que poderia ter aproveitado ainda mais. Para ele o maior legado da Copa é o fortalecimento do “destino Brasil” como opção para outros eventos.
“A Copa tem uma visibilidade incrível (assim como as Olimpíadas), mas certamente o País como um todo conquistou uma imagem positiva para a realização de eventos de um porte menor – mas ainda capazes de movimentar a economia local como simpósios, congressos e eventos corporativos internacionais.”
Celso finaliza falando sobre o atual desafio dos profissionais desse mercado, que para ele são sempre os mesmos, a começar com o tradicional “Custo Brasil”. “É importante destacar que a Fifa contou com uma série de benefícios e incentivos, que as empresas privadas que desejarem realizar seus eventos no Brasil não contarão. Nesse ponto, o País, como destino, se enfraquece diante de alternativas que oferecem melhores condições.”, completa.
Por mais que o Mundial tenha dado uma atrapalhada em algumas festividades, os organizadores de eventos não podem perder a oportunidade que o megaevento trouxe para o Brasil. Todos estão olhando para o País e é agora que eles devem entrar em ação.
Passado o impacto, negativo para uns e positivo para outros da Copa do Mundo, o País parece que já está encontrando o seu rumo na realização de eventos. As feiras de negócios já estão a todo vapor, shows musicais já estão sendo anunciados para os quatro cantos do país. A pergunta que se faz é: A sua agência está preparada para o que vem por aí?
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