Por algumas horas na tarde de terça, a Zombie Walk, um dos grandes eventos alternativos do Carnaval de Curitiba, esteve por não acontecer em 2017. Na verdade, chegou a ser cancelada pelos organizadores por causa das exigências oficiais da Comissão Permanente de Análise de Eventos de Grande Porte (Cage), ligada à Prefeitura de Curitiba.
Depois da gigantesca repercussão que o cancelamento trouxe, no fim da tarde a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e o próprio prefeito Rafael Greca se manifestaram garantindo que a marcha dos zumbis irá acontecer no domingo.
O problema começou quando os organizadores da Zombie receberam a autorização para o evento, mas com tantas exigências da Comissão Permanente de Análise de Eventos de Grande Porte, que ficou impossível para a organização conseguir cumpri-las. A Zombie Walk é um evento que nasceu espotâneo, e que não recebe recursos para sua realização.
Já a Cage exigia que o evento oferecesse banheiros químicos, segurança e limpeza ao final do evento, entre outras dezenas de itens. Elas foram considerdas absurdas pelos organizadores.
“A exemplo de diversos outros eventos vetados pela atual legislação, não obtivemos a autorização necessária para a realização. Lamentamos a postura intransigente da Cage (Comissão Permanente de Análise de Eventos de Grande Porte) que não nos concedeu uso de solo, com exigências muito além de nossas capacidades", dizia um comunicado da Zombie no começo da tarde.
Ao mesmo tempo que cancelava a Zombie 2017, atos foram sendo marcados nas redes sociais, chamando os participantes da Zombie para irem para a Praça Osório no domingo num protesto.
Com isso, a FCC chamou a organização da Zombie para uma reunião numa tentativa de manter a festa no domingo. Por meio de sua assessoria, a Fundação Cultural de Curitiba disse que "sempre apoiou e apoia o evento e votou favorável na Cage (pela sua realização). A reunião está marcada para as 8h30.
No começo da noite foi o prefeito Rafrael Greca quem retomou o assunto. Ele postou nas redes sociais que a Zombie Walk vai acontecer.
“#ZombieWalk sou fã. Não cancelei. O desfile está mantido na manhã de domingo de Carnaval. Vou sugerir inovação. Uso da passarela da Marechal – com som e infraestrutura. Amanhã (hoje) vou receber representantes do evento”, explicou Greca.
O resumo da ópera pode ficar assim: a marcha dos zumbis 2017 de Curitiba foi cancelada no começo da tarde de ontem, mas o clamor dos mortos-vivos os fez levantar, e agora podem voltar à vida, como verdadeiros zumbis.
Quem é a Cage
A Comissão Permanente de Análise de Grandes Eventos (Cage) é formada por representantes da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Setran, Procuradoria Geral do Município, Fundação Cultural de Curitiba e das secretarias municipais do Meio Ambiente, da Defesa Social e do Urbanismo. Neste ano ela já impediu a realização do Carnaval Eletrônico de Curitiba, que aconteceria no dia 5 de fevereiro, na Avenida Marechal Deodoro, por falta de documentação exigida pela lei. Outro evento foi o Desfile do Bloco Garibaldis e Sacis – Vai à Praia, que aconteceria no dia 4 de fevereiro na Rua Saldanha Marinho, no Centro, indeferido por respeitado o prazo mínimo para protocolo da solicitação.
História
Uma das primeiras Zombie Walks aconteceu em outubro de 2003, em Toronto no Canadá. Apenas seis pessoas participaram. Em agosto de 2005 a primeira Zombie Walk em grande escala aconteceu também na cidade canadense de Vancouver e contou com a participação de 400 "mortos-vivos". Acredita-se que a primeira Zombie Walk realizada no Brasil tenha sido em Belém, no Pará, em outubro de 2006. A Zombie Walk de São Paulo e do Rio de Janeiro acontecem no dia de Finados, no dia 2 de novembro. O evento é promovido via redes sociais. As Zombie Walks no mundo são consideradas por muitos participantes como um evento underground.