Aportes do setor em marketing digital devem subir 25% este ano.
Entre os setores que mais devem crescer este ano no Brasil, o varejo é destaque entre os analistas de investimentos.
A expectativa do mercado é que este ano o setor volte aos índices pré-crises já no primeiro trimestre, com expansão superior a 5%, puxada pela melhora do crédito ao consumidor.
Trata-se de uma retomada que pode ser o início de um ciclo virtuoso se vier acompanhada de investimentos em novas tecnologias.
Um movimento necessário para que as empresas se adequem a um cenário onde apenas um bom produto não é mais suficiente.
Hoje há um alto nível de exigência marcado pela total adaptação aos meios digitais e ao amplo e fácil acesso à informação.
“A maneira de se fazer negócio mudou. É preciso engajar o consumidor aos valores da marca usando os meios e as plataformas corretas para atraí-lo”, diz Thiago Cavalcante, diretor de Novos Negócios da Adaction, veículo de comunicação especializado em ações de mídia digital.
Oferecer o produto sob medida, conforme a necessidade do cliente, por meio de múltiplos formatos de conteúdo para diferentes públicos, será essencial para manter os bons ventos que a economia sopra.
E isso vai depender cada vez mais de tecnologias como a programática, pela qual os dados gerados permitem anúncios muito segmentados, olhando perfil do usuário e momento na jornada de compra.
Ao interpretar comportamentos e tirar conclusões que resultem em serviços mais eficientes ao consumidor, amplia-se a receita e reduzem-se custos. Não à toa, a Adaction estima que os investimentos do varejo em marketing digital cresçam 25% este ano diante da perspectiva de mensurar melhorar a performance desses gastos.
“O marketing digital deve superar 70% do budget total de Investimento em Marketing até 2024. As empresas pequenas tendem a investir mais em marketing, em termos proporcionais a sua receita, do que as grandes”, destaca Cavalcante.
Segundo ele, haverá ainda o forte incremento dos aportes em marketing mobile, que devem aumentar cerca de 75% nos próximos cinco anos.
“Esta é uma tendência que veio para ficar. Os investimentos em digital aumentam em detrimento ao uso de outras mídias. Tudo isso porque através desta estratégia se consegue atingir o consumidor certo na hora certa e com menores custos”, afirma.
Robotização
Precisão, agilidade e segurança também farão da robotização uma tecnologia de grande impacto em todos os processos produtivos de uma empresa, da produção ao atendimento.
É cada vez mais comum a presença de chatbots e outros robozinhos em sites corporativos, atuando em conjunto com a Inteligência Artificial.
Aqui no Brasil, o varejo está começando a se habituar com o uso da IA para conquistar novos clientes, fidelizar os atuais, ampliar o leque de vendas dos varejistas e identificar tendências de consumo por perfil de consumidor.
“Isso ocorre principalmente por causa da cadeia de marketing e vendas, que é a mais sensível aos avanços da IA. O varejo é um heavy user desses recursos, devido ao contato direto com o consumidor”, diz Rodrigo Cunha, diretor da Neurotech, empresa pioneira na aplicação prática de inteligência artificial no mercado varejista brasileiro.
A IA tem servido para a identificação do perfil de consumo e comportamento dos clientes, não somente por grandes varejos internacionais, mas também por redes varejistas brasileiras de médio porte.
“As ofertas passam a atender exatamente à necessidade do consumidor. Ao tornarem-se mais assertivas, aumentam o ticket do nosso cliente”, afirma Cunha.
A IA combina uma série de informações que possibilitam personalizar a abordagem e o atendimento a clientes que possuem determinados perfis.
“É o que definimos como personas. A análise de clustering, técnica que agrupa dados semelhantes automaticamente, identifica os consumidores que têm maior aderência a um produto ou serviço. Assim, é possível não só aumentar a eficiência na aquisição de novos clientes, mas prevenir a perda de antigos (processo também conhecido por churn)”, explica.
Preços
A IA permite também otimizar as campanhas de marketing. “Há aplicações bem sofisticadas em uso. Elas combinam centenas de variáveis que possibilitam identificar os preços e promoções ideais. Como são variáveis importantes na decisão de compra do consumidor e, ao mesmo tempo, importantes para o varejista não perder margem, é fundamental monitorar a concorrência”, alerta Cunha. Tal acompanhamento auxilia na definição dos valores cobrados pelos produtos, que trarão um equilíbrio entre o que é praticado pela concorrência e o controle da margem.
Crédito
O uso de IA também deve crescer para acelerar e ampliar a concessão de crédito, tornando o processo mais eficiente para todo mundo.
A Inteligência Artificial consegue identificar rapidamente como é o histórico de pagamento e inadimplência de cada cliente. Desta forma, reduz o risco de inadimplência e eleva o volume de negócios da empresa.
O sucesso desta operação é resultado da avaliação em menor tempo e a identificação precisa de bons pagadores.
Quanto mais lento e burocrático for o processo de análise do crédito, maior o potencial de gerar estresse com o consumidor e eventualmente à desistência das vendas e/ou do crédito.
Além disso, a visão total do perfil e comportamento do cliente, pode resultar na negação do crédito ou aprovação indevida.
Cunha explica que a eficiência da Inteligência Artificial no processo de concessão de crédito torna a experiência melhor, fidelizando e aumentando o volume de transações.
Por outro lado, a redução de processos operacionais garante economia para as financeiras.
Criptomoedas
As transações financeiras no e-commerce devem ganhar novo contexto com as moedas digitais, as criptomoedas.
Muitas pessoas utilizam essa modalidade de pagamento para vender e é uma boa forma de atrair mais clientes e um diferencial para atender esse consumidor 4.0.
“Usar uma criptomoeda abre portas para inovações futuras e coloca a empresa um passo à frente da concorrência”, diz Osman Velasquez Júnior, co-CEO da GoMoney.
Os produtos tendem a ser mais baratos porque a criptomoeda possui menos taxas, logo o custo do produto pode ser menor.
Problemas como confirmação de pagamento não existem. A confirmação é praticamente instantânea (em até 10 minutos), e isso faz o cliente ficar mais tranquilo em saber que o produto será entregue mais rápido.
“E também abre oportunidades para novas rotas comerciais globais, eliminando barreiras como os vistos nos processadores de pagamentos que só existem em certos países”, explica.
Fonte: Redação