Provavelmente, o ambiente e o cardápio de uma nova cafeteria da Nike já estariam em sua mente caso a marca de vestuário anunciasse essa novidade. Mas com muita dificuldade você criaria um tênis da rede de hotéis Hyatt caso isso também fosse considerado. Isso porque a identidade de uma marca deve ser construída para traduzir os sentimentos dos consumidores, seus hábitos e suas memórias.
Quando entrei no elevador do estacionamento do Shopping Cidade São Paulo, notei que o andar -3 era chamado de “Dança”, uma alusão aos outros andares que representavam as sete artes. Aquilo me levou a uma divagação sobre as sensações e como buscamos mesclar essas artes com todos os mais de sete sentidos. Opa! E como tudo isso se relaciona com as marcas hoje?
Estamos acompanhando esforços contínuos das empresas em extrapolar as experiências que vivemos em uma quase missão impossível pela transcendência. Parece viagem, mas não é: Granado abre sorveteria com suas fragrâncias, Track&Field lança espaço integrado com yoga e café e restaurantes de marcas de luxo se espalham pelo mundo.
Hoje, temos cada vez mais informações competindo pela atenção dos consumidores, então, nada melhor do que trabalhar nossos sentidos para proporcionar uma conexão verdadeira. Já existem muitos estudos que defendem o uso dos cinco estímulos (visão, olfato, audição, tato e paladar) na publicidade, e por isso, o marketing sensorial também faz parte das estratégias das marcas.
Quando pensamos em técnicas e ferramentas para criar desejo, é perceptível o quanto a gastronomia tem se aprimorado e aprofundado na capacidade de imersão, porque permite estabelecer conexões emocionais e explorar os sentidos.
Em minha entrevista com Fabiana Horta – Consultora de Negócios Gastronômicos, essa relação entre o marketing de experiência e a gastronomia se reforça ainda mais.
Segundo ela: “A gastronomia trabalha todos os sentidos em conjunto. A apresentação estimula a visão e já ativa a ansiedade pela experimentação. O sabor é a combinação do olfato e do paladar. Ainda, o tato gustativo é essencial para a identificação das texturas. A audição vem desde a interação com o espaço até o som da crocância do alimento. A gastronomia nos traz prazer, ativa memórias e ajuda a fixar os novos momentos. Relacionar a marca a esse tipo de sensação é muito vantajoso”.
Fabiana ainda traz cases emblemáticos para a mesa:
“O cartão American Express construiu uma reputação também com o público premium através de sua estratégia de facilitação e vantagens para os clientes em bons restaurantes pelo mundo. E o governo do Peru que, através da valorização da gastronomia do país, promoveu o turismo no mundo inteiro e se posicionou como um polo do tema na América Latina”.
Seja com a fotografia, vídeo, design, ilustração ou outro meio, a arte é capaz de transmitir sensações que, bem alinhadas à identidade de uma marca, criam um enorme diferencial aos que se sentam à nossa mesa e experimentam o nosso produto.
Até a próxima,
Julia