Arte e Criatividade

Pokémon GO guarda a história da arte de rua no Brasil e no mundo

A colaboração entre tecnologia e arte não é de agora, mas vemos poucos exemplos de como isso realmente vai para a rua. Saiba mais sobre neste artigo

A colaboração entre tecnologia e arte não é de agora, mas vemos poucos exemplos de como isso realmente vai para a rua. Ao acessar as falas de dois especialistas, você vai se convencer de que o universo gamer ainda é um campo fértil para o brand experience. 

Mesmo entusiasta da tecnologia, nunca me aventurei no universo gamer. Mas o convívio com meu parceiro Pablo Miyazawa tornou esse assunto cada vez mais curioso. E a indicação dele foi que eu baixasse o jogo Pokémon GO. Confesso que carreguei um preconceito com o game pela febre que virou há alguns anos, quando a mídia divulgava cenas de pessoas reunidas em espaços públicos com os celulares nas mãos, como uma espécie de invasão-cyberpunk-zumbi.

Só que o grande argumento do Pablo para me gerar interesse (e hoje, cada vez mais dependência) era o contato com as PokéStops, ou PokéParadas, que são locais para se obter bônus no jogo, localizados em pontos turísticos, instalações, grafites e todos os tipos de intervenções urbanas. 

Então, vale começar explicando o que é arte de rua, nas palavras do artista visual Cranio, reconhecido por seus índios azuis: 

“A arte de rua é tudo que é público, que tá na rua de forma gratuita, de nós para nós mesmos. O artista faz a intervenção e doa isso pra cidade. E a tecnologia tem caminhado lado a lado, levando essa mensagem para outros continentes, outras bolhas… O digital faz com que a arte chegue a mais pessoas e seja ainda mais popular”.

O principal objetivo sempre é o acesso, a arte para todos. E isso foi o que mais me interessou no Pokémon GO: poder conhecer, revisitar e guardar essas obras.

Ao jogar, o usuário interage com um mapa baseado no mundo real (inicialmente o Google Maps e, atualmente, o OpenStreetMap). O jogador se localiza e procura os Pokémon por meio desse mapa.

À medida que ele se desloca, o aplicativo vibra para avisar sobre a presença das criaturas virtuais pelo caminho. Ao tocar a tela do smartphone, é possível visualizar o Pokémon no mesmo local onde o jogador está, já que o jogo sobrepõe a imagem do monstrinho à visualização da câmera – uma utilização interessante da tecnologia chamada realidade aumentada, ou RA.

Pokémon GO foi desenvolvido e publicado pela Niantic, Inc., em colaboração com a The Pokémon Company e a Nintendo. Aproveito então para trazer a fala de Eric Araki, gerente de marketing da Niantic no Brasil, sobre o tema:

“As PokéStops existiam desde o começo do jogo, e até 2018, 2019, eram de uma base do Ingress (jogo anterior ao Pokémon GO). Depois, surgiu o Wayfarer – plataforma de posicionamento que permite que a comunidade atualize o mapa da Niantic, passando por uma curadoria de IA e jogadores. 

No Japão, existe uma abundância de PokéStops (muitos templos, muita informação etc), enquanto no Brasil não encontramos o mesmo cenário. Por isso, a Niantic permitiu que a arte urbana fosse aprovada, e em locais muito remotos, os próprios jogadores podem cadastrar intervenções que eles próprios criam. 

Um fato interessante são alguns tributos feitos pela comunidade, como a história do Bruxo, um jogador que faleceu e foi homenageado com um PokéStop no local em que mais jogava, o Parque do Ibirapuera. Essas iniciativas transformam esses PokéStops em memoriais, para histórias, intervenções e criatividade.”

Pokémon GO se tornou um ótimo exemplo de como é possível fomentar o jogo (negócio) e a arte (criatividade), gerando impacto positivo. É uma pena que poucas marcas estejam participando ativamente desse movimento, então fica aqui uma dica de tendência para os futuros anunciantes.

Até a próxima,

Julia