Se você não sabe ou não ouviu falar do SXSW esse texto não é para você! Sorry… Mas a intenção é gerar uma reflexão sobre a importância e a relevância do SXSW realizado em Austin, Texas na semana passada.
Já tive a oportunidade de acompanhar o SXSW in loco quando ele era ainda somente um evento show case de músicos emergentes. Isso foi em 2005 e 2006. Muito tempo atrás!
Hoje acompanho o evento pela mídia e pelas conexões virtuais que se fazem possíveis. Realmente o evento nestes últimos 10 anos se reposicionou para focar em INOVAÇÃO e TENDÊNCIAS com muito sucesso. Nesta edição de 2024 mais de 2.500 Brasileiros estiveram presentes no evento. Curiosos, opinion makers, palestrantes e até patrocinadores e isso demonstra de forma clara a relevância e reconhecimento que este evento atingiu. Golaço!
Mas (sempre tem um mas nè?) comecei a ouvir algumas críticas e reclamações…
E não foram só dos Brasileiros, mas sim de experts no evento que sempre vão…
Será que o evento não ficou grande demais?
Música, Cinema, Inovação, Tendências, ativações…
Tudo junto e misturado não é uma proposta de valor ampla demais?
Mesmo quem entra de cabeça no evento e fica os 10 dias por lá se conectando com tudo será que ao voltar tem uma visão crítica ou aprazível do evento?
São 300 mil participantes em um evento que se propõe a falar de tecnologia e tendências, AI foi um tema de diversas palestras, mas os organizadores do evento não usam AI para ajudar a editar os interesses de quem foi lá participar. Casa de ferreiro espeto de pau?
Se o participante não tiver um foco específico, um interesse básico que norteie as suas escolhas a chance de ficar nas filas das inúmeras ativações de marca na Relay Street ou tentando entrar em uma das diversas salas do centro de convenções é quase certeza.
Existiram salas absolutamente vazias no centro de convenção pois não tiveram a correta divulgação ou atenção. Gigantismo leva a essas coisas. Em uma delas o investidor Marc Cuban falou para meia dúzia (sorte de quem foi).
Alguns disseram que estava vazia a sala pois o preço da palestra era caro demais.
Outros disseram que o Marc Cuban não deveria nem ter sido convidado pois ele não está mais conectado ao mundo da inovação e virou só uma celebridade da TV….
Esse é um dos casos que ouvi em relação ao conteúdo deste ano…
Mas tem ainda as ativações de marca, né?
As ativações de marca são um caso a parte… de Porsche a Doritos os participantes podem entrar e participar de diversas ativações imersivas de marca. É uma sequência sem fim de bares com cocktails conceituais, frases espirituosas escritas por todo lado e uma meia dúzia de cadeiras com WI FI liberado.
Ah, algumas tem filas para os brindes também. Alguns críticos mencionaram que o evento virou uma plataforma corporativa de marcas que querem se aproveitar do posicionamento de inovação do evento. Efeito Tostines, né? Estão lá porque são inovadoras ou foram para lá para dizer que são inovadoras?? Boa reflexão…
A mesma coisa do público participante. Foram para se aprofundar em algum tema e ampliar os conhecimentos e networking ou foram pelo Hype de dizer “sou antenando, participei do maior evento de inovação do mundo…” A reflexão contínua.
Será que qualquer marca vale para pagar patrocínio?
Será que qualquer visitante para participar de ativações das marcas estará interessado em ir?
O ITAU sendo um dos patrocinadores oficiais do evento (pelo 2º ano consecutivo) foi uma das marcas que entenderam o fluxo do evento. Decodificaram lá no local e vão continuar fazendo isso depois atuando como uma ferramenta de aproximação dos interessados com o conteúdo.
Mas com certeza existiram (sem menções) marcas e participantes que foram pelo Hype!
Sou um defensor de carteirinha dos eventos presenciais e imersivos. SXSW é a major league dos eventos a nível mundial. Mas como tudo na vida talvez tenha saído um pouco dos trilhos e buscado uma identidade muito ampla e talvez tenha se perdido na magnitude.
Fácil criticar a distância não é mesmo?
Mas eu acho que tanto as marcas como as pessoas que demonstram interesse no Hype provavelmente nunca ouviram falar do Gramado Summit ou do Hacktown que são eventos locais que se propõem a elaborar as mesmas conexões com inovação porém sem o glamour de uma viagem ao exterior e com certeza sem o mesmo reconhecimento de marca.
As mídias sociais agradecem….
Já ITAU e a CASA SP, para ficar em dois exemplos positivos, demonstram que sim existem marcas e participantes que compreendem a importância das possíveis conexões que se habilitam através da participação em um evento como esse.
O cenário nacional e internacional de eventos esta literalmente “bombando” nestas épocas pós pandêmicas. O presencial definitivamente venceu o virtual. O híbrido se mostra como o novo normal. E os eventos presenciais catalisam comunidades através de temas e relevância. Isso todos já sabemos…
O que não sabemos (ou pelo menos não declaramos) é que os seres humanos participantes de eventos (e por tabela as marcas) são seres sociais e as vezes a mensagem sobre as intenções de participação não são tão racionais e sim mais emocionais e comunitárias e cabem aos organizadores destes eventos captar essa mensagem através das suas estratégias de execução e implementação mas sem cair no “pecado” da falta de foco e ganância