Quem passou pelo Curitiba Country Festival (CCF) entre os dias 25 e 26 de maio, constatou que o festival é realmente o maior evento de música do Paraná. Apesar de ter só um palco, sem atrações simultâneas, a edição de 2024 foi grandiosa em parceiros e estrutura. Como resultado, atraiu mais de 50 mil pessoas ao Expotrade Convention Center. Da mesma forma que o I Wanna Be Tour, que mobilizou o público emo, o CCF criou uma comunidade de fãs da música sertaneja.
Trata-se de um público altamente engajado — boa parte frequenta o festival todos os anos e fica esperando por esse momento. Isso deixa a organização em uma posição confortável, pois não depende do line-up para vender ingressos. As pessoas querem ir para fazer amizades, curtir o estilo musical e, principalmente, ser parte desta comunidade. Todavia, esse conforto não acomodou a Opus Entretenimento, que trouxe grandes nomes da música sertaneja ao palco. Entre eles, Luan Santana e Ana Castela, que também estão confirmados no Rock in Rio 2024.
Em questão de experiência, o CCF oferece comodidades ao público, mas com um alto custo. O espaço foi dividido em Área VIP — que, apesar do nome, é uma pista —, Camarote e Backstage. Para a pista, os valores iniciaram em R$ 69 + taxas para cada data, enquanto, para a experiência Backstage que contava com open bar e open food, o valor inicial saltou para R$ 385 por dia. No Camarote, que era open bar, o primeiro lote iniciou em R$ 234,50 + taxas. Além disso, havia opções de “passaporte” com desconto para a compra das duas datas.
Para um show sem atrações internacionais e com apenas um palco, esse valor pode parecer alto. Mas, levando em consideração que os ingressos para o sábado esgotaram, isso mostra que o Country Festival está agregando valor ao público que o frequenta. Em especial no Backstage, espaço que ressignifica a experiência de festival: ao invés de perrengue, luxo. E, claro, era neste espaço que as marcas queriam estar.
Marcas disputam atenção no open bar
Como os profissionais de imprensa ficaram no espaço Backstage, e as áreas não são conectadas, visitei apenas as ativações que estavam ali. Mas, conversando com colegas de outros setores, era exatamente no Backstage que as marcas estavam, apostando em um público mais elitizado e, ainda, mais receptivo às ações devido ao conforto. Afinal, o espaço coberto foi ótimo para fugir dos 8º de temperatura que o público enfrentou na capital paranaense.
À primeira vista, o open bar parecia um campo de batalha. Várias marcas de bebidas disputavam a atenção do consumidor por meio de displays, cardápios e copos temáticos. Entre elas, Campari ofereceu, junto ao bar, uma photo opportunity, enquanto Monster trouxe um display led que se destacou. Tanqueray, Johnnie Walker, Schweppes e a cerveja Therezópolis também estavam entre as patrocinadoras.
Entre as opções do open food, Subway e Cacau Show foram as grandes marcas presentes no espaço, além de alimentos diversos não associados a empresas. A Romanha, empresa que nasceu em Pinhais, entregou prateleiras com snacks diversos ao público do Backstage. Outra marca local, esta de São José dos Pinhais, também na Região Metropolitana de Curitiba, é a Abraçaii, que levou os freezers com açaí ao festival.
Ademais, a gaúcha Scheer, empresa de churrasqueiras e parillas, fechou parceria com o CCF para exibir os equipamentos no espaço externo. O churrasco feito ali também estava disponível no Open Food e ajudou a compor o cenário country do festival.
Ativações do Curitiba Country Festival
Muitas empresas locais aproveitaram o público segmentado para captar novos clientes. O Capivari Ecoresort, hotel na região metropolitana de Curitiba, esteve presente com displays LED e um sorteio. Quem respondesse a um questionário — com perguntas sobre frequência de viagens de carro, por exemplo — concorria a um final de semana de estadia no resort. Além disso, duas pessoas foram sorteadas para tirar fotos com a cantora Ana Castela. Uma parceria coerente que une a “vida no campo” com música e, de quebra, colhe dados sobre o público curitibano.
A casa noturna Its, que inaugurou em setembro do ano passado em Curitiba, teve sua primeira participação no CCF com estande, photo opportunity, bar e brindes. Os promoters distribuíram uma entrada grátis para cada visitante, com o fim de convidar o público a visitar o empreendimento. Ao girar uma roleta, era possível ganhar shots ou mais entradas grátis. Algo fora do esperado é que a Its não é um estabelecimento de música sertaneja.
Pelo terceiro ano consecutivo, a AConcept Hair & SPA montou um salão dentro do Backstage oferecendo serviços de cabelo, maquiagem e massagem. “Eu acredito que estar em um dos maiores festivais country do país é ótimo para dar visibilidade ao nosso trabalho. A cada ano nós vemos um crescimento de público”, diz o proprietário Allan dos Santos Teixeira. O salão de beleza em si não é uma ativação, pois havia cobrança dos serviços.
As empresas locais se esforçaram mais no quesito experiência. Mas, existe uma marca que, independente do tamanho e do formato do evento, surpreende. Com um espaço pequeno, sem bar temático nem estande, Coca-Cola trouxe com uma TV e um console de videogame para partidas de FIFA nos intervalos dos shows.
Cenografia não entrega a vibe country
Com exceção do palco principal, o Curitiba Country Festival trouxe uma cenografia simples, que não colaborou para a atmosfera country. Enquanto o público compareceu trajado de botas e chapéus, o espaço em si parecia o mesmo de qualquer outro evento. Pufes de cores neutras compunham os lounges de descanso e arcos dourados em formato de estrela marcaram a entrada.
Na entrada e também na parte interna do Backstage havia quadros com fotos dos artistas do line-up. Apesar de simples, a cenografia foi bem-vinda pelo público que tirava fotos ao lado do artista favorito.
Logo, perdeu-se uma oportunidade de criar uma cenografia inesquecível que o público apaixonado pelo estilo — que desembolsou uma nota — merecia. É compreensível a escassez de ativações em um evento que não promete nem busca ser um festival de múltiplos palcos e experiências. Mas o que é prometido, sim, é a imersão na cultura sertaneja, e, se o CCF quiser ampliar seu público a nível nacional e se tornar referência do ritmo, precisa melhorar nesse quesito.