Dia 28 de agosto, a próxima quarta feira, as 15 horas, começamos novamente a
jornada da madrugada para torcer por nossos atletas. A PARALIMPÍADA de Paris promete ser um grande evento mais uma vez, e nesta data, teremos a transmissão da Cerimônia de Abertura dos Jogos.
Para nós brasileiros, a experiência será um pouco mais intensa, pois o Brasil vai se colocar entre os 10 ou mesmo 8 primeiros colocados no quadro de medalhas. Temos um time forte, pronto para brigar por medalhas, em todos os esportes a serem disputados.
Por que isso?
Muito simples.
O Comitê Paralímpico Brasileiro desenvolveu um trabalho estruturante, que começa a dar frutos com maior intensidade nos Jogos de Atenas 2004, até conseguir desenvolver, para os Jogos RIO 2016, o Centro de esportes Paralímpicos, em São Paulo, e com isso todas as questões relativas aos atletas paralímpicos, são tratadas neste local, que é magnífico, sendo um dos mais modernos do mundo. E para estar mais perto do dia a dia, o Comitê deixa seu endereço em Brasília, e vem instalar sua sede neste complexo esportivo.
Mas se formos relembrar a trajetória do esporte paralímpico no Brasil, vamos ver que foi extremamente difícil, principalmente por questões de investimentos público e privado. A partir da promulgação da Lei que transferia para o esporte ganhos das Loterias da Caixa, é que houve um desenvolvimento mais consistente.
Não podemos deixar de dizer que, o CPB teve o privilégio de ter nos últimos tempos, gestores fantásticos e que souberam construir o esporte paralímpico, tornando-o uma potência mundial.
Fico feliz de ter podido ter a honra de trabalhar diretamente com um deles, Andrew Parsons, que hoje é o Presidente do International Paralympic Committee, e em saber que o atual Presidente Mizael Conrado, conseguiu dar continuidade ao legado deixado por seu antecessor e desenvolvê-lo.
O que infelizmente muda com muita morosidade é a forma como patrocinadores se relacionam com o esporte paralímpico. Me parece óbvio que num país cheio de preconceitos e dificuldades, o CPB ainda tem muita dificuldade de criar interessados pelo seu produto.
Para ser mais dramático. As empresas não conseguem cumprir suas cotas de vagas para deficientes, como então estariam abertas a patrocinar estes atletas. Existem exceções, obviamente que sim, e, apesar de distante, posso lhes dizer que quem está dentro desenvolveu um enorme respeito por estes atletas.
Tive a oportunidade de conviver muito proximamente com uma série deles, e me impressionou como encaram suas deficiências. Primeiramente, não existe nenhum problema em nos referirmos a eles como deficientes; depois não precisamos ficar constrangidos se em nosso diálogo soltarmos a palavra cego por exemplo, para um deles, eles se tratam assim e até brincam com isso.
No PARAPAN de Toronto, no Canadá, tive a oportunidade de estar no dia a dia com nossa delegação. Num determinado dia, fui almoçar na Vila Paralímpica. Depois que me servi e me sentei para comer, passou em minha mente o seguinte pensamento: como você é egoísta. Pegou sua comida e nem perguntou se alguém precisava de ajuda.
Comecei então a prestar atenção e percebi que se eu fosse ajudar, haveria pelo menos mil pessoas que necessitariam desta ajuda; mas tudo fluía tranquilamente. Todos conseguindo seu alimento sem qualquer tipo de problema. Sim, o serviço estava preparado para atendê los e a partir daí estava tudo certo.
De outra feita, conversando com diretores e gerentes comerciais do CPB, percebi que existe uma profunda restrição patrocinar estes atletas “deficientes”, me perdoem, mas é exatamente a realidade. Vergonha, muitas vezes, medo de ver aquelas pessoas ou
que não tem uma perna ou um braço, ou os dois, se atirarem numa piscina buscando
serem os mais rápidos, ou mesmo jogando futebol sem enxergar absolutamente nada.
Por isso eu me encanto com os esportes paralímpicos. É a superação do ser humano, em relação a si mesmos, quando precisam fazer com que seu corpo obedeça a seus comandos, e em relação aos seus adversários quando torna estes movimentos mais rápidos, fazendo com que vençam suas provas. Não à toa, finda as Olimpíadas de Londres 2012, o filme que foi ao ar promovendo a transmissão jogos dizia: Thank you for the warm up. Now it`s time for the super heroes.
O que, para mim, é muito penoso, é torcer quando o esporte é goalball, por exemplo, em que todos os presentes precisam estar necessariamente em total silêncio. Os atletas que disputam esta modalidade, mesmo sendo cegos, estão vendados totalmente, e se localizam durante a disputa, pelos guizos na bola.
Por isso meus caros leitores, convido-os a assistirmos juntos esse belíssimo espetáculo de superação, a partir do dia 28 de agosto. Certamente na trilha sonora, teremos o hino nacional brasileiro tocado mais vezes, por conta de nossas medalhas ouro.
Boa sorte aos nossos SUPER HEROES.
Boa sorte Presidente Andrew, que tudo saia do jeitinho que você planejou.
Boa sorte Comitê Organizador.
Saudações Paralímpicas.