O relatório “2024 Career Progression and Satisfaction Report”, produzido pela Event Marketer e pela agência Sparks, traçou um panorama sobre a progressão de carreira e a satisfação profissional das mulheres no setor de eventos nos Estados Unidos.
Ao longo de mais de 15 anos, o estudo tem monitorado tendências e captado insights sobre os desafios e conquistas dessas profissionais. No material, é possível encontrar temas como benefícios e remuneração, satisfação profissional, liderança, diversidade e outros.
Durante a produção, participantes relataram que “ter filhos ou ser responsável por cuidados familiares não a prejudicou diretamente em termos de salário ou progressão na carreira, mas que ‘ser mulher, sim'”. Além disso, outra relatou um episódio recente em que uma promoção foi concedida a um colega homem, mesmo ela ocupando um cargo hierarquicamente superior.
Principais conclusões do relatório
Disparidade na remuneração
O relatório destaca que 53% das mulheres no setor de eventos acreditam que não recebem uma remuneração justa em relação às suas entregas e responsabilidades. Esse dado representa um aumento significativo em relação a 2008, quando 41% tinham a mesma percepção. O sentimento de desvalorização persiste, com relatos de promoções injustas e preconceitos de gênero.
Desafios enfrentados no dia a dia
Os principais obstáculos relatados incluem:
- Falta de mão de obra: as equipes muitas vezes não são suficientes para atender às demandas do setor;
- Prazos curtos e orçamentos apertados: reflexo de reorganizações pós-pandemia e redução de recursos;
- Expectativas elevadas de clientes: pressões constantes por resultados excepcionais, mesmo com recursos limitados;
- Equilíbrio entre vida pessoal e profissional: as mulheres enfrentam dificuldades para conciliar trabalho, filhos e outras responsabilidades, agravadas pela falta de políticas flexíveis em algumas empresas.
O peso do trabalho invisível
O “trabalho invisível” — tarefas que vão além do escopo oficial, como gerenciar equipes, lidar com questões culturais e criar conexões internas — impacta diretamente as mulheres do setor. Segundo a pesquisa, 86% das participantes realizam esse tipo de trabalho, que geralmente não é reconhecido ou recompensado. A gestão de personalidades dentro das equipes foi apontada como a responsabilidade invisível mais comum.
Flexibilidade no ambiente de trabalho
Benefícios como horários flexíveis e a possibilidade de escolher onde trabalhar são os mais valorizados pelas mulheres. Entretanto, há uma preocupação crescente com o retorno total ao trabalho presencial, especialmente entre mães, que apontam dificuldades como custos adicionais de creche e menor disponibilidade para viagens.
Liderança e progressão na carreira
Apesar de as mulheres representarem a maioria no setor de eventos, elas ainda ocupam poucas posições de liderança. Apenas 26% das respondentes trabalham em organizações lideradas por mulheres. Além disso, muitas apontaram a falta de planos claros de progressão de carreira dentro das empresas, com promoções geralmente ocorrendo apenas em caso de vacância de cargos.
Perspectivas geracionais
Com quatro gerações de mulheres atuando juntas no setor — Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z —, há uma troca rica de experiências, habilidades e expectativas. Isso tem potencial para transformar o cenário, promovendo avanços significativos e mais inclusivos para as profissionais.
Oportunidades de progresso
Com quatro gerações de mulheres atuando no setor, há uma convergência de experiências e expectativas que impulsiona mudanças. Ainda assim, algumas organizações carecem de clareza sobre planos de carreira ou priorizam contratações externas para posições de liderança.