A expressão “brain rot” (traduzida literalmente como “atrofia cerebral” ou “cérebro apodrecido”) foi eleita a palavra do ano de 2024 pelo Dicionário de Oxford. O termo desbancou concorrentes como “lore”, “romantasy” e “demure”, destacando-se como um reflexo das preocupações com o impacto do consumo digital excessivo na saúde mental.
De acordo com a publicação, “brain rot” define o declínio mental e intelectual causado por conteúdos digitais de baixa qualidade — a chamada “fadiga mental”. A popularização do termo, especialmente entre as gerações mais jovens, contribuiu para um aumento de 230% no seu uso em 2024 em relação ao ano anterior.
Relevância da escolha de “brain rot”
A palavra do ano não apenas reflete uma tendência de linguagem, mas também aponta para um problema global. Como explica Rodrigo de Aquino, especialista em felicidade e bem-estar, “o termo destaca os desafios emocionais e sociais da era digital, com impactos diretos na saúde mental, especialmente entre os jovens.”
Ele ainda cita levantamentos alarmantes de organizações como Lancet e ONU, que relacionam o uso excessivo de redes sociais ao aumento de sintomas como ansiedade, letargia e desesperança, bem como a gerações de “câmaras de eco” (as chamadas “bolhas sociais”) que, segundo ele, reduzem a pluralidade, restringem a autonomia emocional e criativa e acentuam pensamentos intolerantes, impactando profundamente todas as idades.
A origem do termo e o seu novo contexto
Embora a expressão tenha mais de um século, utilizada por autores como Henry David Thoreau para criticar ideias simplistas, seu significado se transformou na era digital. Agora, ela é associada ao consumo excessivo de conteúdos triviais e seus efeitos negativos, como neblina mental, isolamento em bolhas sociais e declínio criativo.
Soluções e perspectivas
A escolha de “brain rot” também levanta debates sobre possíveis soluções. Práticas como detox digital e limites no uso de redes sociais são algumas recomendações do Dicionário de Oxford. Contudo, Rodrigo de Aquino defende respostas mais profundas, que vão além do indivíduo:
- Cidades e espaços públicos: criação de áreas verdes que estimulem a interação social.
- Educação e trabalho: ambientes que promovam otimismo, confiança e generosidade.
Iniciativas integradas: projetos que unam segurança, economia e questões climáticas para restaurar a dignidade e a criatividade humana.