O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) analisou campanhas publicitárias de 43 marcas de apostas – ou “bets” – e as considerou irresponsáveis. O órgão apontou que os anúncios não esclarecem os riscos do jogo, e que as mensagens comerciais incentivam comportamentos impulsivos sem advertências adequadas.
Segundo levantamento do Meio & Mensagem a partir de dados publicados no site do órgão, o conselho determinou a correção de práticas que promovem o consumo desenfreado de jogos de azar. Essa decisão reforça a necessidade de responsabilidade na comunicação do setor.
Decisão do CONAR coloca um freio na expansão das bets no Brasil
A crítica pública feita pelo CONAR vem em um momento delicado para as bets: por um lado, o governo federal vem discutindo a implementação legalizada dessas empresas, que já são bastante atuantes em patrocínios esportivos e outras veiculações de mídia – o que levou até a algumas condenações judiciais de marcas específicas do setor.
O Promoview chegou a falar do assunto: trata-se da publicação do “Anexo X”, um conjunto de diretrizes normativas para veiculação de publicidades por casas de apostas.
Por outro lado, apesar de todas as deliberações, o setor parece seguir um curso de expansão que, para críticos, deve ser colocado em xeque: de acordo com pesquisa feita pelo Senado federal, 13% dos brasileiros com 16 anos ou mais — o equivalente a 22,13 milhões de pessoas — admitiram participação em atividades do tipo somente em setembro de 2024.
Antes disso, o Fantástico, da Rede Globo, revelou como o setor, potencializado pela contratação de influenciadores, causou dificuldades nas vidas de algumas pessoas, levando a endividamentos sérios. O caso chegou a passar por investigação na Delegacia de Estelionatos de Maceió (AL).
Agora, a decisão do CONAR ocorre em meio ao crescimento ainda acelerado do mercado das bets. Empresas investem pesado em campanhas para atrair um público cada vez maior, mas a intenção do órgão é fazer com que toda comunicação preze pela ética e clareza das informações. O órgão de autorregulação atua para evitar que o incentivo ao jogo ultrapasse limites responsáveis.
O que levou o CONAR a criticar as bets
Diversos foram os critérios usados pelo CONAR para fundamentar sua decisão mais recente: pontos como responsabilidade e transparência consideraram que os anúncios condenados utilizavam estratégias que induzem o comportamento impulsivo.
Segundo o conselho, as campanhas não fornecem as advertências necessárias, já que os textos e as imagens das peças não equilibram os benefícios com os riscos do jogo. A ação mostra que o mercado de apostas precisa rever seus processos de comunicação.
É o entendimento do órgão que as marcas de apostas devem repensar suas estratégias publicitárias. O órgão destacou que os anúncios precisam informar sobre os riscos associados. Cada peça publicitária deve conter elementos que previnam comportamentos irresponsáveis.