Revolução?

Empresa de tecnologia aposta em processo de desextinção de animais: "trazendo ficção científica para a vida real"

Ben Lamm, cofundador e CEO da Colossal Biosciences, e o ator Joe Manganiello conversaram sobre avanços da biotecnologia durante painel

Ben Lamm, CEO da Colossal Biosciences, e o ator Joe Manganiello conversaram sobre desextinção de animais e avanços da biotecnologia
Foto: Reprodução/Instagram

Austin, Texas - No dia 9 de março de 2025, durante o SXSW 2025, Ben Lamm, cofundador e CEO da Colossal Biosciences, e o ator e produtor Joe Manganiello apresentaram o painel “Colossal: empresa de tecnologia transformando ficção científica em fato científico”, focado na desextinção de animais.

A conversa na South by Southwest mostrou como a edição genética, clonagem e biotecnologia avançada podem trazer espécies extintas de volta à vida e, para além, preservar a biodiversidade global e estender a expectativa humana.

De acordo com Paulo Baba, head de estratégia da Sherpa42, “o impacto dessa revolução vai muito além do hype ao redor da ideia de um ‘Jurassic Park’ na vida real. Estamos falando de uma ciência que pode reconfigurar ecossistemas, reverter impactos ambientais e até mesmo reescrever a biologia humana. Se hoje a ideia de ressuscitar um mamute ainda parece distante, os avanços desse campo já começam a moldar o futuro”.

Ressuscitando espécies perdidas

A Colossal Biosciences, startup sediada em Dallas, já arrecadou mais de US$ 435 milhões em investimentos privados e está desenvolvendo projetos para recriar três espécies extintas:

  • Mamute-lanoso: essencial para manter o permafrost da Sibéria intacto, ajudando a mitigar os impactos das mudanças climáticas.
  • Tigre-da-tasmânia (Tilacino): um predador marsupial que teve papel fundamental no equilíbrio ecológico da Austrália.
  • Dodô: uma ave símbolo das extinções causadas por ações humanas, cuja volta pode auxiliar na restauração ecológica das Ilhas Maurício.

Ben Lamm apresentou a criação do “rato lanoso”, um rato geneticamente modificado com genes de mamute. A palestra também abordou as implicações ambientais da reintrodução de espécies extintas, como a preservação do permafrost e a restauração de ecossistemas danificados, além de possíveis aplicações médicas decorrentes das descobertas da empresa.

“Acho que vamos erradicar 90% das doenças. […] Teremos água limpa para todos, vamos remover plásticos dos oceanos e de nossos corpos, coisas como obesidade e estados pré-doença serão completamente eliminados. E acho que chegaremos ao ponto de ter verdadeiro domínio sobre a vida, onde poderemos erradicar espécies invasoras ou trazer de volta espécies perdidas.”

Ben Lamm, cofundador e CEO da Colossal Biosciences

Impactos na medicina

Os avanços da biotecnologia da Colossal não se limitam à desextinção. No campo da medicina, as pesquisas podem levar a avanços significativos. Ao estudar células de elefantes, os pesquisadores encontraram fatores relacionados à resistência natural dos animais ao câncer, podendo futuramente ser aplicado nos estudos com humanos.

Dessa forma, as ações podem trazer diferentes impactos, incluindo: proteger a vida selvagem existente, aplicando edição genética para tornar espécies mais resistentes a doenças; criar alternativas para plásticos, utilizando organismos modificados para biodegradar resíduos e desenvolver vacinas contra o câncer, aplicando tecnologia genética inovadora.

“A questão não é mais ‘se’ a biologia sintética mudará o mundo, mas ‘como’ e ‘quem’ terá o poder de decidir os rumos dessa transformação”, comenta Paulo.

Debate ético

A sessão também abordou considerações éticas, com Ben defendendo que a escolha de não buscar tecnologias de desextinção seria antiética, se considerarmos a crise de biodiversidade que estamos vivendo. “Acho que temos uma obrigação moral e uma obrigação ética de buscar tecnologias para, pelo menos, desfazer alguns dos pecados do passado”, disse ele.