
Nosso papo de hoje, vai abordar este conceito, mas com a perspectiva de como nós temos dificuldade de lidar com nossos erros. Não há como não falar do esporte, que um dia foi uma das maiores paixões de nosso país, depois do que aconteceu ontem, 25/3, em Buenos Aires. Trata-se de como não ter a humildade de refletir sobre os aprendizados que temos colecionado nos últimos tempos, em relação ao futebol brasileiro.
Enquanto no Comitê Olímpico Internacional Kirsty Coventry é eleita presidente, uma mulher zimbabuana, escolhida numa votação entre sete candidatos, recebendo 49 votos dos 97 possíveis, no Brasil, a CBF reelege o mesmo presidente, 20 anos no cargo, por aclamação, sem direito a haver oposição, na medida que seu possível adversário, sequer foi recebido por 23 das 27 federações com direito a voto.
Nelson Rodrigues já nos ensinou que “toda unanimidade é burra”, principalmente pelo fato de não gerar debate e com isso não conseguirmos aprender e evoluir. Errar, é não tomar uma atitude, se esconder ou mesmo seguir num caminho mesmo sabendo que não resultará em solução adequada.
Está claro, e ontem foi uma bela demonstração, que a liderança é extremamente importante numa organização. O exemplo é o melhor treinamento que um líder pode oferecer a seus colaboradores. E infelizmente não é isso que acontece neste momento.
Parece que, trabalhar com a seleção brasileira de futebol, é um lugar hoje mais para ser evitado do que ambicionado. Não se tem atitude, nem dentro nem fora das quatro linhas.
Se eu representasse, hoje, uma das marcas estampadas nos uniformes de nossa seleção, estaria profundamente envergonhado do que aconteceu. Até versinhos comemorando que nosso time está “morto” precisamos ouvir de nosso maior adversário no continente.
Vou definir resiliência como a possibilidade de seguir em frente, aprendendo a cada dia e usando este aprendizado de forma a crescermos como pessoas, e enquanto grupo. Aquele que está à beira do campo tentando orientar, reflete a total falta de horizontes em que nosso futebol está neste momento. Viramos uma fábrica de possíveis talentos que, com 17, 18 anos são vendidos e, na maioria dos casos, desaparecem do cenário esportivo.
É incrível como os comportamentos ontem, demonstraram que em nossa confederação, o pensamento estava não em vencer o adversário, mas sim em vencer a eleição de chapa única. O técnico em sua entrevista coletiva, tinha uma expressão de alguém que não tinha a menor ideia de onde estava ou do que estava acontecendo. Seu maior desejo naquele momento era sair rápido daquela situação.
Enquanto isso o líder maior declarava que falaria somente no dia seguinte. Fácil. Extremamente fácil, como canta Jota Quest em um de seus inúmeros sucessos.
Aprendi muito com todas as difíceis situações que enfrentei como gestor, e sei bem que atitude é fundamental. Para quem quer e precisa ter sucesso, a necessidade de aprender só vai ficando maior, com o passar do tempo. Esta renovação, este questionamento é que são o combustível para que possamos desempenhar bem nosso papel.
Esconder-se é a pior solução. Vão te achar.
Não subestime as questões. Elas são maiores que você. Encare-as de frente. Com seriedade e serenidade. Precisamos lidar com nossos erros, e tê-los como ponto de partida para nosso desenvolvimento, e ter a humildade de reconhecê-los, e seguir em frente. Resiliência.
Mas, pelo visto, vamos voltar ao drama do início do ciclo, quando o nome de um técnico apareceu como solução. Ficamos meses discutindo se vinha ou não vinha, e no final não veio. E neste momento temos este nome sendo cogitado.
Me lembro de 1968/69, quando passávamos por uma situação parecida no comando de nosso time, e João Saldanha foi convocado para ser o técnico. No mesmo momento ele disse quem eram os 22 jogadores que seriam convocados e escalou o time titular. Em 1970 fomos tricampeões.
Sei que meu posicionamento pode parecer um pouco controverso, mas, volto a repetir, se a marca que eu representasse estivesse estampada nesta situação, eu estaria muito preocupado com o que, e como fazer.
Resiliência.
Difícil de encarar, mas com uma possibilidade enorme um aprendizado sólido.
Análises e bastidores do marketing esportivo com Luiz Fernando Coelho, especialista com mais de 40 anos de experiência. Primeiro colunista do Promoview, Luiz escreve há oito anos no portal, com o detalhismo de um verdadeiro contador de histórias e a precisão de um veterano do mercado.