Na Escuta? #26

Em novo episódio, “Na Escuta” discute como criar melhores experiências no universo gamer

Caio "Ktchu". da Oito.ag; e Bernardo Mendes, da Druid, conversam com Cindy Feijó sobre a D8, primeira agência brasileira de brand experience para games

Em um painel apresentado no SXSW 2025, a presidente da Blizzard Entertainment, Johanna Faries, disse que os games serão a nova linguagem universal para comunicação.

Pensando nesse tema, o novo episódio do podcast Na Escuta, do Promoview, trouxe dois especialistas do setor para discutir o assunto: Caio “Ktchu” Campagni, da agência Oito, e Bernardo Mendes, da Druid.

Em conversa com a apresentadora Cindy Feijó, os executivos revelaram como o brand experience pode encontrar nos videogames um novo vetor para novas ações de imersão — além de detalhar o trabalho da D8, uma nova agência que tem muito a ver com a conversa vista no podcast, que novamente contou com o auxílio da MAXI, que também é dona do estúdio onde a gravação foi feita.

Druid e oito unem forças para formar a “D8” e preencher uma lacuna no brand experience para games

Os entrevistados Caio "Kitchu", da oito; e Bernardo Mendes, da Druid, falando sobre o avanço do brand experience para games no podcast Na Escuta?
Imagem: Promoview/MAXI/Reprodução

“A gente trabalha com a oito desde 2019”, disse Bernardo, da Druid, relembrando de uma ação que as empresas fizeram em conjunto durante a Brasil Game Show daquele ano. “No exterior, há duas janelas de lançamento – abril e agosto – mas o maior faturamento para jogos no Brasil é em outubro, justamente o mês da BGS, e nenhum gringo entende isso.”

O sócio da Druid detalhou como, ao longo de sua carreira, atuou com clientes como Epic Games, Garena e Valve (respectivamente, Fortnite, Free Fire e Counter-Strike, para citar alguns dos jogos dessas empresas) em algumas das ações mais memoráveis dos games no Brasil. E como cada uma dessas ações precisou de uma inteligência especializada na localização de público — “só o Brasil tem isso”, ele comentou, sobre os períodos mais interessantes do ano para a indústria.

Os dois especialistas também discutiram o equilíbrio necessário entre inovação tecnológica e acessibilidade nas experiências. Para eles, é fundamental desenvolver ativações que sejam acessíveis ao maior número possível de pessoas, sem perder a essência criativa das ações.

Bernardo Mendes, da Druid, falando sobre brand experience no mercado dos games
Bernardo Mendes, da Druid, ressalta como o calendário incomum do Brasil pode ser uma oportunidade interessante para empresas que investem em brand experience nos games (Imagem: Promoview/MAXI/Reprodução)

“O pensamento por trás da construção do nosso estande na BGS foi mais voltado à experiência, a ser mais lúdico”, disse Ktchu. “O objetivo é criar experiências realmente genuínas para esse segmento: eu gosto muito de jogar videogame também, como qualquer outro, mas essa indústria é muito estigmatizada, e quem vê de fora acha que é tudo a mesma receita, a mesma coisa. E não é isso que queremos: o que buscamos é ser verdadeiramente significativo para essa galera”.

Ambos estavam abordando o fato do evento de 2019 ter, no estande de Fortnite, uma “estrutura de jogos sem ter o jogo”. Apesar da ideia ter encontrado confronto por parte da organização da BGS, segundo os especialistas, apresentar a ativação mais voltada à experiência (e fugir do padrão “monte uma mesa, instale o jogo em um PC” de outras empresas) rendeu o prêmio de melhor estande daquele ano.

Para eles, essa é a ideia por trás da D8 — a de mostrar como eventos fora do calendário fiscal global podem ser bem lucrativos para a indústria de jogos, mostrando o Brasil como um pólo aquecido para o mercado, ao mesmo tempo em que mostra que o trabalho de experiência de marca pode ser mais abrangente, sem limitá-lo a apenas quem é habituado a jogar.

O brand experience como forma de resgate do interesse em um game

Caio "Ktchu" Campagni, da agência Oito, durante participação no podcast Na Escuta?, onde falou sobre brand experience nos games
Caio “Ktchu” Campagni, da agência Oito, ressaltou a participação de marcas não endêmicas em ações de brand experience nos games (Imagem: Promoview/MAXI/Reprodução)

Outro ponto levantado pelos especialistas foi a sazonalidade do interesse nos games — especialmente os jogos live service, como Fortnite, que são perpetuamente conectados à internet e alimentados por microtransações e pacotes adquiridos com dinheiro real.

Bernardo argumentou que o interesse no jogo sobe e desce conforme a época do ano, e nem sempre os eventos virtuais apresentados pela Epic Games servem para manter o nível de preferência do público.

“A gente percebeu que, quando a pandemia se reduziu, o ‘dinheiro’ do entretenimento se dispersou. De repente, você não tinha só o videogame para jogar. Agora, tem o Lollapalooza para comparecer, o ingresso do Rock in Rio para ser parcelado em várias vezes, o tênis novo para eu correr na rua, o barzinho com a galera”, disse Bernardo. “Nisso, a gente viu que o game perdeu volume, menos gente jogando e transacionando. Então vimos que, para resgatarmos essa perda, precisávamos explorar o mundo offline.”

Mas então, como levar o mundo virtual para o real, e também fazer o inverso?

“O game é meio que uma moeda social para você quebrar o gelo”, complementou Ktchu. “Um dos primeiros projetos que fizemos com um cliente nosso — o Tinder — foi na Brasil Game Show. O app, muita gente esquece, não é só sobre paqueras e ficadas, mas sim ‘conhecer pessoas’. Isso não necessariamente significa ‘relacionamento’, e o Tinder usou isso: pessoas com interesse mútuo em games podendo se encontrar na BGS.”

O podcast ainda aborda a crescente importância da coleta de dados para mensurar o sucesso das experiências e a inegável competência dos profissionais brasileiros no desenvolvimento de ativações criativas para o mercado de games.

O episódio completo “Como promover experiências para o universo gamer?” já está no ar, e você pode acompanhá-lo pelo nosso canal oficial no YouTube e também pelo Spotify.

Sobre os entrevistados

Imagem de Bernardo Mendes, da Druid, durante participação do podcast Na Escuta?
Imagem: Promoview/MAXI/Reprodução

Bernardo Mendes

Com 12 anos de experiência no mercado de entretenimento, entrou no mundo dos games ao lançar a ESL no Brasil, uma das maiores produtoras de conteúdos e eventos gamer do mundo, liderando suas seis unidades de negócio e desenvolvendo projetos para as maiores publishers do mundo. Lançou também os primeiros conteúdos gamer para a TV Brasileira em 2016 em projetos com a ESPN e Sportv.

Fundou, em 2021, a DRUID Creative, agência criativa focada no mundo dos games, plataformas imersivas, comunidades e novas tecnologias. Nos últimos anos têm diversificado seus negócios, lançando em 2023 a WOW Gaming Ventures, holding do universo gamer composta por Rogue Unit, Pixel Hunters, Warriors Streaming, Warlocks Tech e Druid Creative. Foi Forbes Under 30 em 2021.

Imagem de Caio "Ktchu", COO e sócio da oito, em participação no podcast Na Escuta?
Imagem: Promoview/MAXI/Reprodução

Caio Campagni, o Ktchu

Com mais de 20 anos de experiência em comunicação, sendo 12 deles dedicados ao mercado de live marketing, experiências de marca e produção de conteúdo, é sócio e COO da oito, uma agência de eventos e experiência focada em entregar soluções criativas e inovadoras. Amante da cultura e do entretenimento como um todo, sempre buscou trazer referências e vivências de outros segmentos para a construção das experiências que a oito promove.

Rafael Arbulu

Redator

Jornalista há (quase) 20 anos, passeando por editorias como entretenimento, tecnologia e negócios, sempre com um olhar crítico e praticamente nostálgico. Por toda a sua carreira, sempre buscou detalhar desde as tendências mais disruptivas do mercado até as curiosidades culturais que desafiam a lógica do "só porque é novo, é melhor". Fã de vinis, cervejas especiais e grandes sagas literárias, ele traz para os textos doses generosas de referências pop – mas sem esquecer que, no universo corporativo, até o lado B precisa fazer sentido.

Jornalista há (quase) 20 anos, passeando por editorias como entretenimento, tecnologia e negócios, sempre com um olhar crítico e praticamente nostálgico. Por toda a sua carreira, sempre buscou detalhar desde as tendências mais disruptivas do mercado até as curiosidades culturais que desafiam a lógica do "só porque é novo, é melhor". Fã de vinis, cervejas especiais e grandes sagas literárias, ele traz para os textos doses generosas de referências pop – mas sem esquecer que, no universo corporativo, até o lado B precisa fazer sentido.