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Moda X Tradição

Para se ter uma idéia, fechamos nossa base de participantes do concurso Comida di Buteco 2018 em outubro 2017 com 612 participantes.

Chegamos ao mês de março bastante acelerados e com boas perspectivas: as vendas no comércio varejista em janeiro crescem 3,2% sobre o mesmo período do ano anterior, o desemprego dá sinais de arrefecimento e a confiança atinge 87,4 com tendência de crescimento – o pior momento foi Abr/16, com 64,4. Mas há muito o que fazer, principalmente nos pequenos negócios familiares de A&B.

Para se ter uma idéia, fechamos nossa base de participantes do concurso Comida di Buteco 2018 em outubro 2017 com 612 participantes. Em 13 de Abril iniciaremos a competição com 568 participantes. Essa perda de 7% da base foi praticamente dos bares que iriam participar pela primeira vez do concurso e que não conseguiram sobreviver até o mês de abril. Crise, altos custos, dificuldades com pessoas, sucessão… alguns dos problemas que tem abatido as pequenas empresas do setor.

Quando viajamos vivenciando bares e restaurantes mundo afora, vemos que esses pequenos negócios familiares estão presentes em várias culturas: o bistrô na França(que no senso comum brasileiro tem um significado incorreto), o pub inglês(vem de public house, frequentado por todos), a cantina italiana ou o izakaya japonês, as tascas portuguesas e por aí vai… Aqui temos o nosso boteco, que de pejorativo “pé sujo”, passou a ser a chancela de muitas redes fortes e que passou a ser um programa da família e muito feminino: 54% do público é de mulheres!

Há alguns meses o icônico e estudioso Ferran Adriá declarou: “ O restaurante do futuro imediato, que já está nascendo, é um restaurante não apenas onde se come bem, mas que também é INFORMAL, BARATO e DIVERTIDO.”

Que a alta gastronomia se desenvolva, se diferencie e conquiste cada vez mais países, pois ela é fundamental para o setor. E que os bares e restaurantes “tradicionais”, isto é, os que tem o dono à frente do negócio e uma identidade forte e preservada possam sobreviver, sem se descaracterizar nem aderir às modinhas que vêm e vão. Eles são, em sua essência, informais, baratos e divertidos!
Precisamos valorizar e não deixar morrer estes estabelecimentos. Que eles possam de desenvolver em termos de gestão, produtividade e custos, porém sem perder sua identidade.

Muito nos entristece o fechamento do Petisco da Vila em Vila Isabel, só mantendo sua unidade em um shopping… E como ele muitos outros, tão bons quanto, mas menos famosos. Mas em todo o Brasil temos esses pontos tradicionais que, ao preservarem sua identidade, conseguem se manter: Café Palhares em BH, que este ano comemora 80 anos, já chegando à terceira geração na mesma família, o Bar do Mané, no Mercadão de SP desde 1933 e criador do famoso sanduíche de mortadela, também na terceira geração, entre muitos, muitos outros, inclusive aqueles que são recentes, como o Bar do David, no Chapéu Mangueira no Rio de Janeiro que em 2011, ainda sem alvará de funcionamento foi conquistando público e mídia até ser eleito o Melhor Buteco do Brasil em 2016!

Hoje triplicou sua área, adquiriu o imóvel, emprega formalmente 15 pessoas enfim, se tornou um empresário e continua 100% à frente do negócio!

Food trucks, temakis, frozen yogurt, paletas mexicanas, burgers “gourmet”, farm to table, padarias e cervejas artesanais, drink’s bars, etc. Todas iniciativas legítimas mas que, quando viram moda, muitos passam a imitar indiscriminadamente, sem avaliar se possuem expertise, diferencial e identidade para aderir a isso e o que é pior: o mercado absorve tanta coisa igual? Em um ano, o que é uma boa idéia passa a ser uma série de cópias onde ninguém mais ganha dinheiro… pois perde relevância junto ao consumidor.

Vamos nos inspirar sempre, porém pensando no que de fato quero para meu negócio: que ele dure uma fase apenas(se definir que é isso, ok!) ou que ele seja permanente?

Pense nisso…