Experiência de Marca

No nosso mar, piratas estão se dando bem

O barco vai mal, os piratas de sempre estão a postos para invadir nosso barco e nossa praia. Eles são unidos, porque sabem que não somos. Eles não aceitam nada que lhes dê prejuízo e se defendem com bandeiras fortes.

Quando eu falo dos problemas do mercado, falo dos meus, dos meus amigos, de gente que conheço e reclama deles, quem sabe do seu também, mas falo como se fossem meus, porque, de fato, são.

Sem essa de vir me dizer que eu não tenho que me meter no problema dos outros, que devo cuidar da minha agência, me preocupar com a minha concorrência, com o meu cliente, com a minha vida.

Vê-se, claro, que quem fala isso, e tem gente que fala mesmo, não entende nada de sociedade.

Nesse mundo, não devemos nos exilar na crença de que os nosso problemas são nossos. Podem até ter sido na pré-história quando o homem dependia de si mesmo para alimentar a família com a caça de cada dia, quando ele fazia sua própria roupa e seu próprio “mobiliário” para a caverna que achou vazia ou na qual habitava uma de suas caças.

Hoje, o homem compra a comida no supermercado ou na feira, compra a roupa e o sapato, a mobília, e, quando dá, a casa para viver. Não tem quase nada, ou nada mesmo, que ele mesmo produza e consuma, salvo se morar no Interior, numa fazenda ou na roça. Mesmo assim, neste lugar, ainda dependerá da produção de alguém para viver.

Dependemos sempre de outras pessoas para viver, às vezes para sobreviver. Seja para a gente comer, vestir, morar, viajar, divertir… seja para amar, aprender, sorrir, conviver, ser feliz, crescer e trabalhar.

O mundo hoje é uma casa de todos, o mercado apenas é um  de seus microssistemas. O que acontece de ruim com uma agência, um profissional, decorrente de procedimentos antiéticos, desonestos, maliciosos, sem transparência, injustos, desleais, predatórios etc., por parte do cliente, de uma agência ou grupo, de profissionais, que seja, vai, se não for combatido, impedido, levado a público à justiça, se virar contra todos.

Isso porque o mercado somos nós, uma massa amorfa constituída por todos que fazem parte dele. Combater o live marketing estando dentro dele é autofagia. Estar contra à Ampro casualisticamente, com textos e discursos inflamados ou inflamatórios, sem estar associado a ela ou, se associado, não ir a reuniões e não participar de nada só para falar, estando, inclusive, disposto disposto a candidatar-se a um cargo para fazê-la melhor, é demagogia de quem não participa.

Estamos no mesmo barco como se diz por aí.

Ver agências quebrando e comemorar, achando que vai ficar bom pra alguém; aceitar reduções de custo inviáveis e absurdas, gerando uma ideia falsa de que trabalhamos de graça só pra ganhar uma concorrência; recorrer de concorrências ganhas por alguém menor, porque as artimanhas costumeiras falharam, tentando encontrar um jeito esquisito de melar o resultado, nem que seja quebrando a concorrente; vibrar com a fraqueza da criação nas planilhas e clientes, diminuindo ainda mais seus salários já aviltados ou mesmo dar razão ou se omitir na frente de clientes desonestos, idiotas ou prepotentes, que humilham profissionais por conta de sua posição, para manter a conta espúria e ganhar a graninha dele, se rebaixando e humilhando… É burrice mesmo ou mostra um comportamento moral e ético de cada um.

Isso é ruim para todos. Para você que faz isso e para todos os que não fazem, talvez porque não possam ou porque não se permitem.

O barco vai mal, os piratas de sempre estão a postos para invadir nosso barco e nossa praia. Eles são unidos, porque sabem que não somos. Eles não aceitam nada que lhes dê prejuízo e se defendem com bandeiras fortes. Também são autofágicos, ok, mas o mercado, com a tomada de nosso barcos ou acordos de capitães, lhes abre mais espaço nesse mar, quando o nosso tesouro lhes é entregue de mão beijada e aí, com mais ouro, podem ter mais barcos seus navegando nas nossas águas.

Metáforas à parte, pra bom entendedor meia palavra basta. Sozinhos no mar da ilusão de que temos mar, estamos navegando e derrubando nosso próprios barcos, até porque, por conta da falta de regras e das besteiras que fazemos no nosso mercado-oceano, a cada dia aparecem mais e mais barquinhos de papel navegando com nossa bandeira, confundindo o cliente que depois de nos ter posto na linha, acima dela na verdade, está prestes a achar que o nosso mar não está pra peixe. E lugar de peixe é embaixo da linha, né.

Eu não sou peixe, não navego sozinho. No meu mar, a minha bandeira é de todos e se alguém, pirata ou não, barquinho ou “barcão”, quiser afundar um de nossos barcos, pode contar, na certa, com meu tiro de canhão.

Pequeno, é verdade, mas solidário e sem medo.