Voltar do SXSW e tentar sumarizar tudo que foi visto, ouvido, falado e sentido é uma tarefa que nem me proponho a fazer. Horas de palestras, vídeos, conversas e cabeças fervilhantes depois, saio do meu segundo festival com a sensação de que há muito a se aprender ainda.
Entre os futuros caóticos de Amy Webb, a visão de um futuro Jurassic Park com Ben Lamm da Colossal, o futuro de trabalho “bossless” de Rishad Tobaccowala e a terapia coletiva de um não-casal de Esther Perel, o que trago comigo é a necessidade de expandirmos nosso leque de conhecimento, para além, muito além, da nossa bolha.
Na palestra de Ian Beacraft, da Signal and Cipher, falou-se da era dos generalistas 2.0 e de como as habilidades e conteúdos que temos que aprender têm aumentado de forma exponencial, ao mesmo tempo que têm reduzido sua vida útil drasticamente. Se antes o que aprendíamos na faculdade durava anos, hoje o conhecimento se remodela em meses, e caminha para ser atualizado em semanas ou dias. Essa “obsolescência programada” das ferramentas e conceitos não nos tira a pressão de aprendê-los, muito pelo contrário, é necessário aprender e desaprender na mesma velocidade, para se manter no páreo e acompanhar tudo que acontece.
Junto essa reflexão ao conceito maravilhoso de Mike Bechtel, chefe futurista da Deloitte (e uma das minhas gratas surpresas do festival), que falou sobre como sobreviver à onda da inteligência artificial sem se afogar. Temos que ser “intelectualmente promíscuos” e transitar em áreas do conhecimento que nos darão ferramentas e insights que, sozinhos, vivem em lugares distintos, mas juntos podem levar à inovação criativa do pensamento. Arte, filosofia, matemática, história – ocidente e oriente – ampliam nosso leque de repertório para navegar assuntos e contextos complexos e ambíguos.
E pensar por nós mesmos, dentro desses contextos, para mim será a chave para desenhamos futuros que sejam empáticos, diversos, inovadores e melhores (para nós, para a sociedade e para o planeta). Com o avanço da tecnologia, cada vez mais dilemas éticos e impactos sociais emergem. Como escrever e treinar algoritmos se temos apenas uma visão de mundo? Essa capacidade de julgamento próprio, fora do que é formado pela rede, é o que Brené Brown chamou de “soberania cognitiva”, sendo a nossa capacidade de pensar fora da teia, com articulação de julgamento e reflexão que vai além dos reforços que recebemos de nossas bolhas sociais.
Saio do SxSW com mais perguntas do que quando cheguei, mas renovada na minha visão de que há muito a se aprender ainda em vários lugares por aí.
Na coluna de Camila Ribeiro, Diretora de Advertising & Brand Management da TIM, você acompanha análises sobre branding, comunicação estratégica, eventos e patrocínios. Com ampla experiência em grandes marcas como Hershey, P&G, L’Oréal e Coca-Cola, Camila compartilha insights sobre como fortalecer a conexão entre marcas e consumidores por meio de estratégias inovadoras e experiências de impacto.