As nossas demonstrações de um povo sem muita direção, ainda me assustam. Ouvi críticas enormes a forma como os brasileiros encararam a noite da cerimônia do Oscar 2025. A principal dizia que transformaram o cinema em futebol, e trataram a vitória de AINDA ESTOU AQUI, como um resultado de um jogo da Seleção Brasileira.
E não para por aí, um grande jornal de São Paulo estampa um título assim: “Fernanda perde para Mikey Madison”. Como diria, se estivesse vivo, Nelson Rodrigues, quem escreveu um título assim é um obtuso e um idiota da objetividade. Não conseguimos nos livrar de nosso complexo de vira-lata.
Aqui em nosso país, desde o princípio de nossa história, a miscigenação de cultura, religião, arte, gastronomia foi e será sempre uma característica do brasileiro. E qual é o problema deste fato acontecer? Na minha cabeça, nenhum. Somos capazes de combinar traços de várias culturas e produzir um produto final diferente.
A cerimônia do Oscar parou em alguns locais, até o carnaval de rua, e quando soubemos do resultado, foi como a explosão de um gol sim, uma alegria imensa, e muito justa. Afinal, poderemos dizer daqui a 50 anos, “eu vi o cinema brasileira ganhar o primeiro Oscar da história”. Sensacional. O carnaval acompanhou a comemoração pelas ruas das cidades brasileiras de várias formas. Até a Marques de Sapucaí vibrou com o anúncio do Oscar de melhor filme internacional.
Certamente este fato vai desenvolver ainda mais nosso cinema, quer seja nos investimentos, quer seja no interesse do público em ver filmes nacionais. Isto aconteceu com CENTRAL DO BRASIL, também indicado nesta categoria.
Precisamos agora entender muito bem como foi esta jornada vitoriosa. Não é só fazer o filme. Houve um envolvimento fantástico de toda a equipe na construção de uma imagem vitoriosa. E isso meus amigos, dá muito trabalho.
Certamente agora, vamos começar a nos deparar com críticas pouco construtivas, fatos que foram garimpar para achar uma notícia que venda mais, pois a vitória já vendeu, agora o negócio é descobrir e valorizar os problemas que eventualmente aconteceram, e que são infinitamente menores que o Oscar 2025 recebido.
Não Luiz, isso é coisa da sua cabeça. Está tudo bem.
Já vi hoje uma discussão de quem é o dono da estatueta, se o artista ou o estado brasileiro. Sério. É de levar qualquer um a loucura.
Eu gostaria muito que tentássemos viver com um pouco mais de colaboração nas artes, na política, na cultura, nos esportes. Nós profissionais da comunicação, jornalistas, escritores, publicitários, todos que de alguma forma transitam nesta área, temos que prestar atenção nos fatos, iniciar qualquer trabalho nesta área, ouvindo muito, trazer a comunicação da maneira mais simples possível, de forma que o público tenha facilidade de entender, arriscar muitas vezes usando a intuição e comemorar todas as conquistas.
Ainda estou aqui é obra que vai ficar na história do cinema nacional, ao lado de grandes filmes, e com o detalhe de ter sido o primeiro a vencer um Oscar.
Análises e bastidores do marketing esportivo com Luiz Fernando Coelho, especialista com mais de 40 anos de experiência. Primeiro colunista do Promoview, Luiz escreve há oito anos no portal, com o detalhismo de um verdadeiro contador de histórias e a precisão de um veterano do mercado.