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C6 Fest: Grandes entregas e os pequenos mesmos erros

Por Julia Padula. Este não será o texto mais legal sobre o festival, mas com certeza é o mais honesto. Porque a distância entre uma boa experiência e uma ótima curadoria musical é tão grande quanto a distância entre os palcos

Créditos: Divulgação
Créditos: Divulgação

Pra começar, soube do C6 Fest pelo meu namorado, que foi convidado para a coletiva de imprensa. Ou seja, não fui impactada de outra forma pela divulgação do festival. Quando vi o line-up, metade das bandas era desconhecida e a outra eu não fazia questão de ver. Mas já trago um spoiler: paguei a língua. 

Enquanto curtia o show do Black Pumas no gramado traseiro do imponente Auditório Ibirapuera, olhei com carinho para o logo do festival, muito bonito e harmônico, e pensei como tudo e todos ali pareciam sexy e cool. Nesse mesmo minuto, meu namorado (que não é cliente C6) suspirou um “como esse banco parece legal”. Realmente, ficamos admirados pela marca e agradecidos pela qualidade musical do evento, que entregou tudo na curadoria.

Só que eu estou aqui, na Promoview, casa da marcas, para falar sobre experiências. Então deixo a opinião musical para o meu parceiro, lá no podcast Página Não Encontrada. Agora, falando sobre experiência, me pergunto por que as agências ainda cometem os mesmos erros. Aproveito para listá-los, quase como um to-do list do que não fazer mais:

Sustentabilidade

Se a ideia do “copo eco” é ser reutilizável, não faz o menor sentido ser impedido de colocar nele outra bebida que não seja a da marca ali estampada. Prezada Blue Moon, escolher uma cerveja não é como fazer uma tatuagem — não haveria problema em me deixar beber Heineken ou água no “seu” copo. 

Acessibilidade

Os restaurantes do evento tinham balcões de cerca de quatro metros de comprimento. Em cima deles, havia apenas cinco cardápios impressos em papel preto com letras em branco. Imagine ler isso no escuro? Pior foi ver os mesmos cardápios encharcados de água e, ao lado, versões improvisadas em papel sulfite, com os textos em braile (possivelmente porque esqueceram que deficientes visuais existem).

Cashless

É bem possível afirmar que quase todo mundo tem uma história de fúria com os sistemas de pagamento movidos a pulseirinhas em eventos e festivais. Os problemas continuam: falta de sinal, cobranças repetidas, demora no processo, filas… E azar de quem precisar de recibos para reembolso.

Opções gastronômicas

Em festivais, parece obrigatório contar com uma marca que destoa de todas as outras dentre as opções de comidinhas. A escolha do Make Hommus, por exemplo, foi incrível, pela novidade que trouxeram e pela aderência que tiveram. Pizza do Paul’s? Ideal! Chocolates gourmetizados, será?

Doações

Esse ano, o C6 Fest trocou as ativações de marcas por doações à causa do Rio Grande do Sul dos valores que seriam investidos. Além de louvável, a decisão trouxe um respiro necessário aos espaços do festival. A superexposição das marcas tem cansado o público e até deixam de fazer sentido no contexto em que são inseridas. No entanto, me perguntaram algo que me fez também questionar: quanto seria gasto e quanto foi realmente doado? Será que toda ajuda serve como ajuda? Estamos inclusive acompanhando os esforços dos Correios em dizer que não é bem assim. Vale a reflexão.

Críticas à parte, o C6 Fest foi um festival necessário, todos os envolvidos estão de parabéns pela execução, curadoria e experiência que entregaram. Espero receber novos convites para as próximas edições!

Até a próxima,

Julia