André Moretti

Cenografia e psicologia: como criamos espaços que contam histórias

O colunista reflete sobre como os elementos visuais impactam os reflexos do público e dá um passo a passo de como contar uma história a partir da cenografia

A imagem mostra uma sala de exposição com luzes forte nas cores laranja ao centro, roxa e azul escura à esquerda e verde à direita. O espaço de exposição é como uma sala vazia, com paredes divisórias que não possuem nada além da luz. Há pessoas assistindo a obra.
Peça “Chromosaturation”, de Carlos Cruz-Diez. Foto: Divulgação

A cenografia vai muito além de criar um espaço atraente para um evento. Ela é uma ferramenta poderosa que ativa emoções, molda comportamentos e cria memórias. Mas como isso acontece? Qual é o segredo por trás de um espaço que realmente conta uma história?

A resposta está na psicologia. Nosso cérebro é altamente sensível a estímulos visuais, táteis e sonoros. Elementos como cores, formas, luzes e texturas despertam diferentes reações emocionais e cognitivas. Na cenografia, cada um desses elementos é pensado de forma estratégica para guiar o público por uma jornada sensorial e narrativa.

O impacto dos elementos na experiência

  • Cores: o uso de cores quentes como vermelho e laranja pode evocar energia e entusiasmo, enquanto tons frios como azul e verde trazem sensações de calma e segurança.
  • Formas e espaços: linhas curvas criam um sentimento de acolhimento e fluidez, enquanto ângulos retos e formas geométricas reforçam organização e modernidade.
  • Texturas e materiais: materiais rústicos e orgânicos, como madeira ou tecido, geram sensações de aconchego e proximidade, enquanto superfícies metálicas ou minimalistas transmitem sofisticação e inovação.
  • Luzes e sombras: a iluminação tem o poder de transformar ambientes. Luzes suaves criam atmosferas intimistas, enquanto iluminação vibrante energiza e dinamiza o espaço.
  • Fluxo e funcionalidade: Um cenário bem projetado também considera o movimento e a interação das pessoas. A organização do ambiente direciona o olhar, estimula interações significativas e potencializa o engajamento.

Planejar, criar e executar: o passo a passo ideal

1 – Entendimento do contexto e do público-alvo

O primeiro passo é ouvir e entender. Reunimos informações sobre:

  • A mensagem: qual é o objetivo do evento ou marca? Que história queremos contar?
  • O público: quem vai vivenciar a experiência? Suas expectativas e comportamentos precisam guiar as escolhas.
  • As limitações: espaço físico, orçamento e prazo influenciam as soluções criativas.

2 – Definição da narrativa

Criar um espaço cenográfico é como escrever um roteiro. Essa narrativa orienta todas as decisões:

  • O ponto de partida: como o público será recebido? Qual será sua primeira impressão?
  • O clímax: onde queremos que eles se concentrem ou vivenciem um momento marcante?
  • A conclusão: como queremos que saiam do espaço? Quais memórias desejamos deixar?

A narrativa garante que cada elemento tenha propósito e que o espaço conte uma história coesa.

3 – Criação do design conceitual

Essa etapa transforma ideias em conceitos visuais e sensoriais:

  • Escolha de cores para alinhar com a emoção desejada.
  • Seleção de materiais e texturas que reforcem a narrativa.
  • Planejamento de formas e volumes que guiem o olhar e criem dinâmicas visuais.
  • Desenvolvimento de uma paleta de iluminação para definir a atmosfera.

É aqui que usamos ferramentas como moodboards e referências visuais para traduzir a visão do cliente em propostas concretas.

4 – Planejamento do fluxo e funcionalidade

Pensar no movimento do público é essencial para o sucesso do projeto. Fazemos perguntas como:

  • Como as pessoas entrarão e sairão do espaço?
  • Onde estarão os pontos de maior interação?
  • Há áreas que precisam de destaque ou privacidade?

O layout do espaço é desenhado para garantir que o público se mova de forma intuitiva e engajada, criando uma jornada fluida.

5 – Prototipagem e simulação

Antes de executar, testamos o conceito:

  • Modelagem 3D permite visualizar o projeto em escala real e prever como os elementos interagem.
  • Ajustamos detalhes como iluminação, proporções e disposição para garantir que a experiência funcione na prática.

Isso minimiza erros na execução e ajuda o cliente a visualizar o resultado final.

6 – Execução com precisão

Essa é a hora de transformar o projeto em realidade:

  • A montagem é feita por equipes especializadas, garantindo que cada elemento esteja no lugar correto.
  • Realizamos testes no ambiente para ajustes finais, como posicionamento de luzes e itens decorativos.

Nossa atenção ao detalhe assegura que o cenário transmita exatamente a emoção planejada.

7 – Avaliação Pós-Evento

Após o evento, coletamos feedback:

  • Como o público reagiu? A experiência provocou as emoções desejadas?
  • Quais interações se destacaram?
  • O cliente ficou satisfeito com o resultado?

Esses insights são fundamentais para aprimorar futuros projetos e fortalecer nosso compromisso com a excelência.

Conectando emoções e memórias

Na Modale Cenografia, acreditamos que cenografia não é apenas sobre o que você vê — é sobre o que você sente. Traduzimos a identidade da marca e os objetivos do evento em espaços que emocionam, conectam e deixam marcas.

Seja em um evento corporativo, uma ativação de marca ou uma feira de negócios, nunca subestime o poder de um espaço bem planejado. Porque, no fim das contas, um cenário não é apenas um pano de fundo. Ele é a essência da experiência.

André Moretti, CEO da Modale Cenografia
André Moretti

CEO da Modale Cenografia, André Moretti compartilha insights sobre cenografia e inovação no design de eventos, destacando como transformar espaços em experiências memoráveis. Com foco em tendências do mercado e estratégias criativas, suas colunas oferecem dicas valiosas para agências e fornecedores do mercado de eventos