Somos influenciados o tempo todo, mais do que imaginamos. Principalmente pelos tabus, crenças antigas e heranças culturais desatualizadas – ou que não acompanharam a transformação do mundo nesses últimos séculos. Sempre tive curiosidade, desde de adolescente, em descobrir como podemos encontrar saídas para conflitos, sejam sociais, sejam familiares, políticos, culturais, ou de outra ordem.
Claro que a questão do racismo teve participação crucial no impulso desse meu olhar, que trazia um sonho: a construção de uma visão universal de dignidade humana. E como sempre, tudo começa com um desejo pessoal em um longo caminho. É preciso enxergar lá na frente enquanto se cria o projeto – ver a capacidade de desdobramentos de ações paralelas, que possam somar ao desejo do cliente.
Na medida do possível, desde sempre tentamos implementar os três pontos ESG. Meu impulso original foi a partir do entendimento sobre a igualdade entre os direitos e deveres de todas as partes. Uma visão do conjunto que formamos neste planeta em relação à qualidade de vida saudável em sua evolução. A inspiração de realizar esse sonho sempre me diz que devemos sustentar a determinação acima de qualquer provocação, ou contrariedade. Um grande desafio para a vida toda, que depende de oportunidades para evoluir a nossa visão cultural conjunta.
Isso significa ampliar a mentalidade sobre a visão do significado de construir e existir.
Nesse sentido, um grande facilitador – que colabora bastante – é ter uma perspectiva mais ampliada, em termos de futuros possíveis de expansão, desenvolvimento e evolução. Outro lado é desenvolver habilidades para superar desafios, por exemplo, as que ajudam a manter o equilíbrio pessoal durante imprevistos – unir conhecimentos que impulsionam uma renovação sócio-cultural. Tanto o tema da inclusão, quanto a visão ESG sempre estiveram na base de nossas criações.
Uma das inspirações que nos fizeram chegar até aqui, foi a ideia de colaborar mais amplamente: vemos cada projeto como oportunidade de exercitar as condições ao equilíbrio social como um todo. Fomos a primeira agência do setor a ser signatária do Pacto Global da ONU. Nós queremos, de fato, fazer de verdade, por isso estamos sempre aprendendo, descobrindo e criando a cada dia.
3º Fórum Global da UNESCO
Um dos nossos projetos mais significativos foi a realização do 3º Fórum Global da UNESCO, com uma temática tão importante e fundamental, quanto o combate ao racismo e à discriminação.
Esta terceira edição do Fórum Global proporcionou uma plataforma para o diálogo sobre estratégias eficazes em relação ao racismo sistêmico; reuniu os melhores insights sobre o que funciona, o que não funciona, lançou importantes contribuições analíticas e laços de união.
Essa condição de diálogos trouxe vários resultados surpreendentes – surgiram parcerias eficazes, tanto de ações, como de troca de informações – um grande e importante passo no progresso da conscientização e atualização do movimento. E foi uma alegria acontecer em São Paulo – porque o Brasil, sendo a maior diáspora negra fora da África, precisava ter um lugar de fala na questão do racismo e discriminação social.
O que mais me orgulha nesse case foi o fato de ser um projeto absolutamente em sintonia com os propósitos da Fibra.ag. Abraçamos o desafio e fomos à luta. Nosso staff de produção contou com 150 profissionais, em sua maioria bilíngues, incluindo técnicos, equipe de produção e profissionais de conteúdo.
Bem, o grande desafio foi produzir o Fórum em apenas um mês, com uma logística complexa que envolveu 52 países participantes, 91 painéis, mais de 30 palestras com tradução simultânea, em quatro idiomas – isso durante três dias consecutivos. Não obstante, um detalhe: havia vários shows! Imaginem, mudanças de palco, montagem e desmontagem de equipamentos entre uma palestra e outra.
Além do prazo exíguo, nosso cuidado foi garantir a participação qualificada dos países membros e do público, com presença também do Movimento Negro e da sociedade civil.
As parcerias adequadas foram fundamentais para atingir esse objetivo e diferenciar essa edição do Fórum em relação às outras anteriores. Junto a isso, contamos com as parcerias convencionais – da cidade de São Paulo, do Governo Federal e entidades como a Fundação Ford – trouxemos a sociedade civil via movimentos importantes, como a Feira Preta e sua exposição sobre a cultura e as artes afro.
Somando com o Mover, que enriqueceu o Fórum, trouxe cerca de 53 CEOs do setor privado para palestrar, completando rede importante que fortaleceu o impulso do movimento de forma global. Um sucesso de ponta-ponta!
Prova de que o pensamento base de “sustentabilidade” é o próprio movimento na cadência dos ciclos da sobrevivência. Essa natureza significa somar, unir partes em um entendimento amplo e inteiro. Crescer significa fazer muitos projetos ao mesmo tempo, o que implica em lidar com trânsitos de equipes e a sincronicidade entre todos os tempos de entrega, desde a criação até a realização final. É sempre muito movimento, muitos detalhes, pressão com cronogramas, prazos e muita gente envolvida!
O que sustenta nosso caminhar é termos como base filosófica a Cultura de Paz.
Ela nos ajuda nessa administração geral entre as partes, traz ferramentas, ideias, conceitos, e acima de tudo, estratégias para lidar com a adversidade entre as diversidades, sejam quais forem. A paz começa no interior de cada um. É uma prática constante de atenção sobre si mesmo – claro, a partir da determinação em ser pacifico e aprender a evitar que um conflito torna-se uma crise.
O propósito é impulsionar ações que minimizem a crescente onda de violência entre os humanos e suas crenças herdadas. Tudo é questão de abrir-se para crescer – a vida em si, é um processo criativo em seu cotidiano. É um treino constante de aprendizagem e amadurecimento. Não é difícil, só dá um pouco de trabalho.
Eu acredito, cada vez mais, ser possível obter uma mudança de mentalidade, ao nos determos a criar espaços que facilitem o entendimento pacifico, respeitoso e inspirador, ao mesmo tempo que satisfaz os objetivos do cliente. É um bom momento para trocarmos o “competir” por “colaborar”; estarmos juntos a favor de uma renovação cultural em nossa civilização – ao olharmos como está a geopolítica mundial, essa atitude ganha sentido de urgência nessa renovação. Isso não é uma utopia – é um fato.
Para finalizar, cito um provérbio africano que diz:
“Se você pode andar, você pode dançar; se você pode falar, você pode cantar”.
E eu complemento dizendo: Se você pode incluir, integrar e inspirar, você cria condições para a paz.