Insights do Mercado

Copia, só não faz igual

Por Drielly Bispo. Na incessante busca por criatividade e inovação, o mercado enfrenta um dilema constante: o limite tênue entre plágio e inspiração. Em um cenário competitivo onde reinventar a roda é a norma, a discussão sobre ética e originalidade se torna crucial

Créditos: Unsplash
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Não, não vou falar do meme que inspirou o título desse artigo e fez muito sucesso há alguns anos. Eu quero, na verdade, abordar outra questão: a do limite entre plágio e inspiração. O que mais ocorre no dia-a-dia de sua agência?

Estou há quase dez anos no mercado de comunicação e a vivência na área de live marketing tem me levado a pensar neste tema. Ao que parece, os profissionais não discutem os tais limites e muitos projetos são – sem muitos pudores – simplesmente copiados.

Precisamos falar sobre isso (e várias outras coisas desse setor, mas fica para um outro artigo). Nosso mercado é uma área extremamente competitiva e, diariamente, somos desafiados a apresentar projetos cada vez mais criativos, inovadores e impactantes. Querem que reinventemos a roda a cada instante.

E é natural buscar referências externas, se inspirar em outras fontes, pesquisar e absorver diversos tipos de informações, pois é isso que nos dá a bagagem necessária para as criações e insights. A linha pode ser tênue (para alguns, para mim é muito clara), mas é possível se inspirar sem copiar, cabe a cada um de nós, que atua no setor, manter a lisura e não se apropriar de projeto alheio – até mesmo para evitar algum tipo de problema jurídico no futuro.

Na terceira parte da websérie de documentários “Everything is a Remix” (Tudo é um Remix), o diretor, editor, escritor e jornalista nova-iorquino Kirby Ferguson defende que é possível criar algo novo por meio de uma transformação, obtendo uma ideia e criando variações. Para ele, os elementos básicos da criatividade são: copiar, transformar e combinar.

Acredito que a criatividade é um processo evolutivo e que, de alguma forma, sempre somos
influenciados por terceiros. E é nesse ponto que temos que estar atentos ao que estamos fazendo: se é cópia ou inspiração. É preciso encontrar um equilíbrio no uso dessas influências.

A criatividade não surge assim, do nada, ela vem a partir da junção de diversas outras ideias, vivências e informações que absorvemos ao longo da vida através de referências e pesquisas. O nosso trabalho é combinar uma coisa com a outra, adicionar uma nova percepção, fazer surgir algo diferente, interessante. A criatividade é um processo combinatório, não dá para começar algo a partir de uma folha em branco.

Vamos lutar contra a concorrência desleal! Nós, que frequentemente estamos em concorrências job a job, em que não ganhamos nada para participarmos, ao contrário, muitas vezes temos gastos com isso, precisamos ter mais consciência e melhorar o mercado. Valorizar nosso trabalho e a capacidade produtiva e criativa de nossa agência.

Nós também já vivenciamos uma situação em que o cliente nos apresentou um projeto de outra agência e queria algo naquele sentido. Quem nunca? Mas é aí que mostramos o nosso potencial em identificar o que o cliente quer e entregar um projeto otimizado, em que o original serviu apenas como inspiração.

Nosso trabalho tem como base a pesquisa, precisamos sempre de referências para sermos
criativos e não há mal nenhum nisso. Mas obviamente, precisamos ter a clareza em usar algo como inspiração e não fazer igual. Temos que fazer melhor ou completamente diferente. E não levar ao pé da letra a máxima “nada se cria, tudo se copia”.