Luiz Fernando Coelho

Cultura e Comunicação; uma não vive sem a outra

O colunista explica como a cultura de uma empresa não pode se limitar a e-mail marketing ou bolo para os aniversariantes, mas sim mediar toda a comunicação interna

Cultura organizacional

Nessa realidade em que vivemos hoje, as empresas e instituições estão cada vez mais preocupadas com Cultura. Esse é, sem dúvida, um grande desafio e talvez muito maior do que as pessoas imaginam que seja.

É a já velha e desgastada pergunta; a inteligência artificial é ótima para resolver todos os problemas de conteúdo que temos, certo? 

Eu responderia, no mínimo talvez, ou no máximo, errado.

De que adianta todas estas ferramentas disponibilizadas se na hora de construir um prompt, também conhecido como uma provocação a ser desdobrada pela inteligência artificial, a pessoa não sabe nem como desenvolver o texto.

As vezes acho que essa tendência ao uso das expressões de origem inglesa, são na verdade uma forma de fazer com que não tenhamos nem que pensar naquilo a que vamos nos referir. Um prompt usa a mesma competência que construir um copy, que nada mais é que um texto para utilização em diferentes situações.

Mas vou deixar de lado minha chatice e voltar a nosso tema que é muito mais importante.

Então, o negócio funciona assim: como trabalhar a cultura, de forma que os colaboradores das organizações, saibam onde estão e como devem exercer sua função no dia a dia? O que envolve ética, compliance, normas comerciais por exemplo, são atitudes que definem aspectos importantes em termos de cultura organizacional. 

Mais do que nunca, a comunicação para dentro das empresas, precisa ser forte, constante, construtiva e um fator agregador entre os colaboradores. 

As empresas são como orquestras tocando sinfonias. Se um músico está fora do tom ou do ritmo, a performance não acontece com excelência.

Num passado não muito distante, passamos a acreditar que a cultura de uma empresa se faz com uma placa onde encontramos os valores, o propósito e algumas vezes um compromisso de qualidade.

Eu fico me perguntado, por exemplo, se a maioria dos colaboradores destas empresas estão cientes das promessas que ali se encontram; e em alguns casos que sabem dizer o que é propósito.

Este “esforço” de comunicação é coroado quando aparece na intranet estes textos, ou quando o “endomarketing” cuida dos aniversariantes do mês, do ovinho de Páscoa, ou do panetone de Natal.

Mas Luiz, você não acha que estas ações são importantes?

Te respondo dizendo que talvez. 

A cultura de uma empresa não pode estar consolidada por uma placa, um email-marketing ou por um bolo ao final do mês para os aniversariantes daquele período. 

Me parece muito pouco.

Uma cultura forte tem ritos de passagem importantes, por exemplo.

Determinadas decisões, estão baseadas nos valores e no propósito, e isto é dito claramente todo o tempo. Os colaboradores precisam identificar sempre que o que consta nos valores, realmente o são, e é sobre a luz deles que as coisas acontecem.

Além disso, uma cultura de valor começa pelo mais alto escalão da companhia. 

Assim como na educação, o exemplo que vem de cima, traz todo o conteúdo que precisa ser passado.

É função da comunicação, fazer com que estas informações e conceitos passem para todos os níveis da companhia, mostrando e demonstrando o que se espera em termos de comportamento de cada um dos colaboradores.

Sem uma comunicação forte, de qualidade, criativa, achando os melhores espaços para desenvolver suas mensagens, teremos somente aquela coisa de cumprir uma regra e enviar uma circular para que todos tomem conhecimento dos valores, por exemplo, não importando como eles foram desenvolvidos, principalmente, pelos líderes.

Cultura e comunicação andam juntas e são o melhor caminho para desenvolver novas lideranças, motivar os colaboradores, atender melhor seus clientes. Percebam que por traz de um atendimento de excelência sempre existem pessoas comprometidas e engajadas, com a marca da empresa que representam.

Por conta disso, e dos grandes gaps que vemos hoje em termos de formação, a comunicação está se tornando um ponto tão importante a ser tratado, na medida em que o relacionamento com seus clientes finais, se são feitos por pessoas com este comportamento, certamente vão influenciar diretamente no resultado da empresa.

Mas existe ainda um outro ponto muito importante nesta engrenagem, o que chamamos de conhecimento tácito, uma prática utilizada, e muitas vezes com sucesso. Trata-se de determinados procedimentos que foram adotados em um determinado momento, sem que haja uma normatização destas práticas.  

No entanto, este conhecimento é usado e desenvolvido no dia a dia, e muitas vezes representa um modus operandi eficiente.

Percebam que, esta questão deve ser tratada e avaliada de forma consistente e séria, pois a falta delas, pode muitas vezes, inviabilizar algumas ações, uma vez que o conhecimento tácito se baseia em práticas que fazem com que as coisas fluam.

O problema está no fato de que este tipo de conhecimento está baseado na prática, e em muitos casos, ele adianta os processos e soluções. Em algumas ocasiões, quando aquele que detinha este conhecimento sai da empresa, e o histórico se perde. 

O que valorizar nesse contexto?

  • Compartilhamento do conhecimento tácito: Criar um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para compartilhar seus conhecimentos tácitos, através de conversas informais, mentorias, workshops e plataformas online.
  • Valorização da experiência: Reconhecer e valorizar os colaboradores mais experientes, incentivando-os a compartilhar seus conhecimentos com os mais jovens.
  • Cultura de aprendizagem: Fomentar uma cultura de aprendizagem contínua, com incentivo a busca de novos conhecimentos e compartilhar o que sabem com os outros.
  • Alinhamento com os valores: Garantir que a comunicação interna esteja sempre alinhada com os valores da empresa, transmitindo mensagens que incentivem a inovação e a colaboração.

O que não valorizar?

  • Centralização do conhecimento: Evitar que o conhecimento tácito fique restrito a um pequeno grupo de pessoas. Isso impede a disseminação do conhecimento e limita o potencial de inovação.
  • Falta de reconhecimento: Não reconhecer e valorizar o conhecimento tácito dos colaboradores.
  • Comunicação desalinhada: Evitar que a comunicação interna transmita mensagens desalinhadas com os valores da empresa. 

Como integrar tudo isso na comunicação interna?

  • Crie espaços de diálogo: Promova encontros regulares entre os colaboradores para que eles possam compartilhar seus conhecimentos.
  • Incentive a mentoria: Crie um programa de mentoria onde colaboradores mais experientes possam compartilhar seus conhecimentos com os mais jovens.
  • Utilize plataformas online: Utilize plataformas colaborativas para facilitar o compartilhamento de conhecimentos e ideias.
  • Comunique os valores de forma inspiradora: Utilize histórias, exemplos e depoimentos para mostrar como os valores da empresa são importantes para o sucesso da empresa.

A comunicação interna deve valorizar muito os conceitos vistos aqui criando um ambiente de trabalho mais engajador, colaborativo e inovador.

A integração do conhecimento tácito e dos valores na comunicação interna é um processo contínuo que exige dedicação. Ao se debruçar nestas questões, você construirá uma comunicação interna mais eficaz, que valoriza o conhecimento de seus colaboradores e promove uma cultura organizacional forte e alinhada com os valores da empresa.

Luiz Fernando Coelho
Luiz Fernando Coelho

Análises e bastidores do marketing esportivo com Luiz Fernando Coelho, especialista com mais de 40 anos de experiência. Primeiro colunista do Promoview, Luiz escreve há oito anos no portal, com o detalhismo de um verdadeiro contador de histórias e a precisão de um veterano do mercado.