
Enquanto escrevo este texto, já de volta ao hotel depois de mais um dia intenso de palestras e encontros no South by Southwest 2025, fica difícil não pensar: estamos diante de um ponto de virada no mundo do trabalho, da comunicação e das relações humanas. O maior festival de inovação e criatividade do mundo trouxe previsões sobre tecnologia e inteligência artificial que, se antes pareciam distantes, agora são uma realidade batendo à nossa porta.
A sensação, ao sair de cada painel, é de que a transformação não é mais uma tendência, ela é presente. E nesse novo presente, as conexões humanas ganham um valor que nem a melhor tecnologia pode substituir.
As fofocas no trabalho, uma nova perspectiva sobre cultura organizacional
Começo pelo inesperado: Amy Galloway e sua palestra sobre o papel das fofocas no ambiente de trabalho. Sim, fofocas. Em pleno SXSW, ela trouxe um olhar humano e sensível sobre um comportamento que tentamos evitar, mas que é parte da nossa natureza. Longe de serem apenas ruído, as fofocas podem fortalecer vínculos, espalhar normas culturais e até distribuir poder de forma mais horizontal dentro das organizações.
A provocação de Amy foi clara: ao invés de proibir, é preciso entender e gerir. Como líderes, devemos criar espaços seguros para conversas abertas e resolver problemas que alimentam rumores, ao invés de ignorá-los. No fundo, é sobre entender que o diálogo, mesmo informal, pode ser um poderoso instrumento de cultura e pertencimento.
A “Empresa de uma pessoa Só” e o valor das habilidades humanas
Rishad Tobaccowala, outro nome de peso nesta edição, fez uma reflexão certeira sobre o futuro do trabalho. A combinação de IA com marketplaces já está desenhando um mercado onde profissionais serão verdadeiras “empresas de uma pessoa só”. As pessoas vão dividir seu tempo entre projetos de diferentes empresas, conciliando o que é trabalho formal com projetos pessoais.
Esse cenário exige uma nova postura dos profissionais: a valorização da intuição, percepção, imaginação e capacidade de intervenção humana. E para as lideranças, o desafio é maior. Precisamos fomentar ambientes onde a colaboração e o senso de comunidade prevaleçam, mesmo em tempos de maior independência e trabalho remoto. As habilidades técnicas continuarão importantes, mas o verdadeiro diferencial será humano.
IA, de otimização a transformação, com pequenos dados e grandes mudanças
Já Ian Beacraft foi direto ao ponto: a IA não veio para apenas otimizar processos, mas para transformar a maneira como pensamos e fazemos negócios. Ele introduziu o conceito dos “generalistas criativos”, profissionais capazes de transitar por diferentes áreas, com a IA como aliada para impulsionar a inovação e a resiliência.
A provocação de Ian sobre a transição de big data para small data é especialmente relevante. Não se trata mais de coletar tudo, mas de identificar pequenos conjuntos de dados realmente valiosos, que ajudam a construir conhecimento interno e diferencial competitivo. É a velha máxima: menos pode ser mais, se você souber onde olhar.
A solidão como desafio social e oportunidade de conexão
Scott Galloway trouxe à tona um tema que ficou ecoando em muitas conversas pelos corredores do evento: a solidão será o grande desafio social da próxima década. Em um mundo hiperconectado, mas superficialmente engajado, criar espaços para relações autênticas será fundamental.
E aqui, para nós do Live Marketing, mora uma grande oportunidade. As marcas que entenderem seu papel como criadoras de experiências que geram pertencimento e conexão verdadeira sairão na frente. O futuro não é sobre vender um produto ou serviço, mas sobre entregar encontros que façam sentido para as pessoas.
Entre o digital e o humano, o Live Marketing como ponte
Enquanto volto para o hotel e revisito cada insight do dia, fica claro que o Live Marketing tem uma missão ainda mais relevante neste novo cenário: ser a ponte entre a tecnologia e a humanidade. A IA pode até orquestrar a personalização em tempo real, mas são as experiências genuínas que criam memórias.
Na Eagle Agência, temos a certeza de que o futuro do Live Marketing será híbrido e a tecnologia será apenas uma ferramenta para amplificar aquilo que realmente importa: a conexão humana.
E daqui, direto de Austin, reforço: o futuro não cabe mais nos contêineres do passado. Cabe a nós desenhar, com criatividade e responsabilidade, as novas formas de trabalhar, comunicar e nos conectar.