Ao longo da minha trajetória no setor de mídia exterior, tenho observado como as coisas mudam – e como algumas permanecem as mesmas. Uma dessas constantes, que para mim sempre foi evidente, é a força dos anúncios estáticos no OOH. Mesmo com toda a revolução digital que presenciamos, esses formatos tradicionais continuam a ter um lugar especial na atenção do público. É preciso entender o contexto do OOH estático e suas possibilidades.
Contexto mídia exterior: Olhando para 2024, eu acredito que o sucesso no OOH não vai depender apenas de seguir as últimas tendências digitais, mas de encontrar maneiras inteligentes de maximizar o potencial do que já temos. A chave está em usar estratégias inovadoras que façam esses formatos tradicionais brilharem ainda mais, em um mundo que já se acostumou a ver tudo em telas.
Apesar do foco crescente na digitalização da mídia out-of-home, 70% do inventário de publicidade exterior ainda permanece estático, segundo o “State of Static OOH Report”. Este estudo, realizado pela Broadsign, entrevistou 126 profissionais de 64 empresas que operam com inventário de publicidade exterior em escala global.
A mídia OOH alcança 89% da população brasileira, segundo dados da Kantar IBOPE Media. E grande parte desse público, 41%, vive fora das capitais, segundo dados do IBGE. Essas pessoas vivem em cidades com pouca disponibilidade de espaços para a mídia DOOH (Digital Out Of Home).
Por isso mesmo, para chegar a esses consumidores, a mídia OOH clássica/estática ainda vai ser uma mídia importante por muitos anos. De acordo com o Ibope, em 2023, 70% do investimento na indústria OOH foi direcionado aos ativos digitais e 30% para os estáticos/clássicos. A nível global o caminho do dinheiro é diferente, 62% está no estático e 38% no DOOH. OOH Estático: O que mais me chama atenção é como o OOH estático é essencial, mesmo com todas as alternativas digitais disponíveis.
As marcas que investem neste formato têm conseguido uma visibilidade que, na minha opinião, é robusta e duradoura. Mas, claro, os proprietários de mídia enfrentam o desafio de tirar o máximo proveito desses espaços, enquanto o mercado está saturado com tantas outras opções. Para mim, a solução passa por encontrar novas formas de fazer o que já fazemos bem, mas de um jeito ainda mais eficaz.
Algo que me parece fundamental é a diversificação do inventário de OOH. Vejo a digitalização como uma parte essencial dessa evolução, não como algo que veio para substituir o estático, mas para complementar. Muitos proprietários de mídia já consideram suas redes híbridas, misturando o melhor dos dois mundos, e é interessante perceber que quase metade deles pretende investir ainda mais no digital nos próximos anos. Mas o ponto que considero crucial aqui é que isso não significa deixar o estático de lado. Pelo contrário, é uma oportunidade de expandir o que oferecemos e descobrir novas fontes de receita.
Operação:
Entretanto, não adianta querer expandir sem antes resolver os problemas operacionais que muitos ainda enfrentam. A automação nas rotinas de planejamento, execução e auditoria de campanhas, na minha visão, é algo que não dá mais para adiar. Fico surpreso ao ver que muitos ainda gerenciam seus inventários com planilhas, o que me parece um grande limitador. Integrar novas ferramentas e processos é algo que considero essencial para acompanhar as expectativas dos anunciantes e, sinceramente, para facilitar a nossa vida também.
Dados:
Outro ponto que não dá para ignorar é a importância dos dados na tomada
de decisões. É impressionante como, ainda hoje, uma parcela significativa dos
proprietários de mídia não utiliza dados para medir a audiência. Para mim, isso é
uma grande oportunidade perdida. Investir em tecnologia que nos permita entender
melhor o nosso público e ajustar rapidamente as estratégias é algo que vejo como
fundamental para garantir que estamos sempre à frente.
Projetos Especiais:
O OOH estático é um ótimo veículo para o desenvolvimento de projetos especiais, que permaneçam por mais tempo no local e chamem a atenção pela sua criatividade e capacidade de gerar reconhecimento de marca. Por isso, juntas, as exibidoras, agências e planejadoras podem criar soluções criativas e memoráveis, ampliando a perenidade das campanhas pelo interior do país, principalmente para que marcas nacionais conversem no “idioma” local inclusive neste quesito do formato.
Por fim, ao olhar para o futuro, estou convencido de que, se aplicarmos essas estratégias e aprendermos com os exemplos de sucesso, podemos não só manter a relevância do OOH estático, mas também ampliá-la. O ano de 2024 está se mostrando como uma oportunidade única para redefinirmos nossas estratégias e, quem sabe, descobrir novas maneiras de fazer com que esse meio, que é tão tradicional, continue a ser uma parte vital do futuro da publicidade.