Luiz Fernando Coelho

Procrastinar o sacrifício

Por Luiz Fernando Coelho. É essencial tornar sagrado cada ato para superar as barreiras que nos impedem de avançar em nossas metas

Créditos: Divulgação
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Parece que estamos com um tema que não faz muito sentido. Mas me permitam uma explicação quanto ao significado das palavras.

Procrastinar, é fácil. Afinal, faz parte de nosso dia a dia, não é mesmo. A palavra procrastinar vem do latim PROCRASTINATUS, PROCRASTINARE. Procrastinar nada mais é do que adiar uma tarefa que precisa ser feita, para realizar outras que não sejam de grande importância e que sejam mais fáceis ou mais simples de realizar. Como bem traduz o latim, trata-se do famoso “deixar para amanhã o que você pode fazer hoje.”

Já a palavra sacrifício parece fora de contexto, parecendo um equívoco do autor. Mas vamos entender o seu significado. Sacrifício vem do latim SACRIFICIUS, de mesmo significado, é uma palavra formada por SACER, “sagrado”, mais a raiz de FACERE, “fazer”. Ou seja, é uma maneira de tornar sagrado um ato. Vamos repetir, tornar sagrado o que fazemos.

Venho observando muito meus atos, minhas atitudes, em relação ao que me proponho a fazer, e percebo que existe alguma coisa muito forte, que muitas vezes bloqueia minha vontade de ir em frente, de perceber os meus rumos e passo a reagir criando desculpas para não ir em frente.

Nos dias de hoje, passo muito tempo escrevendo. Ora os artigos para minha coluna no Promoview, ora minhas palestras e cursos de comunicação. Mais do que isso, nossas reuniões hoje, são em sua maioria via vídeo call, e os cursos e palestras também.

Desta forma, desenvolver o meu ato sagrado de produzir conteúdo se torna mais um ato solitário, e fazer com que se tenha feed backs, trocas, fica cada vez mais difícil.

Sou uma pessoa que adora estar com pessoas. Não troco nada por uma boa conversa. E nesta batida acabei descobrindo o que acontece com minhas atitudes de procrastinar; trata-se de solidão.

Sim, isto mesmo.

Vivemos num mundo onde o que mais se fala é sobre conexão entre as pessoas. Participamos das redes sociais, investimos tempo no seu desenvolvimento; tudo isso, em última análise, com o objetivo de se sentir conectado.

Mas devo confessar que o sentimento de solidão cada vez me atormenta mais.
Compreensível?
Sim.
Talvez?

Como já experimentamos, vivemos num mundo onde as respostas só existem para interesses imediatos. Aqueles que poderiam ter algum significado, mesmo num futuro próximo, não interessam. Quando chegar o momento, procuramos novamente. Esse jogo insano que despreza o relacionamento faz com que networking seja cada vez mais uma ação fácil, para quem tem sobrenome pj no momento.

Mas dentro deste panorama, existe um desafio fantástico a ser encarado de frente. Romper com essa mesmice. E por conta disso, é que consigo enfrentar esta solidão, aliás procurando os momentos em que ela é mais presente; adoro escrever de madrugada, onde até o cachorro está dormindo.

Não posso reclamar de nada, ao contrário. Há de ser grato por tudo que consegui até aqui, e o propósito agora é oferecer este sacrifício (fazer o sagrado) com o objetivo de compartilhar minhas experiências e aprender o que não sei com quem chegar aqui por perto.

Procrastinar é fácil.

Arranjar motivos é muito simples e não exige nenhum exercício profundo de criatividade. Vencer esta barreira. Relacionar-se com a solidão ou com qualquer outra barreira colocada é que é o ponto. Como resultado posso dizer a vocês, são 3 livros publicados (um como ghostwriter, outro como coautor) e mais de 130 artigos publicados aqui neste espaço deste portal fantástico. Adoro este sacrifício.