Será que estamos preparados para produzir eventos acessíveis?
Falar de diversidade também é falar de acessibilidade, e eu volto com a minha coluna sobre protagonismo com uma reflexão e um olhar atento sobre este tema.
Recentemente conheci uma empresa que auxilia não só eventos, mas outros tipos de serviços e estruturas a pensar de maneira inclusiva no quesito acessibilidade e posso dizer para vocês que eu tenho tido aulas sobre o tema.
Assim como atender as premissas de sustentabilidade ambiental nos eventos requer cumprir e analisar diversas camadas no processo de produção, pensar em acessibilidade também.
Estamos acostumados em pensar acessibilidade sobre uma perspectiva rasa de mobilidade, recentemente estendido para deficiência auditiva, incluindo em alguns eventos intérpretes de libras na parte de conteúdo.
Mas será que é só isso? Será que prever rampas nos stands, ou verificar se o acesso ao evento possui elevadores ou garantir que a parte do conteúdo sejam previstos intérpretes de libras cumpre os requisitos mínimos para incluir?
Tenho sido provocada a pensar quais são os pontos importantes durante a produção do evento que não só atenderá pessoas com diferentes deficiências, mas como fazer com que elas tenham vontade de sair de casa e participar de um evento, com a certeza de que terão autonomia e ao mesmo tempo que serão colhidas e incluídas no contexto do planejamento destes eventos.
Devo deixar claro aqui que estou também aprendendo diariamente sobre o tema, por isso a minha vontade em compartilhar. Inclusive, fui corrigida em uma reunião, por falar “pessoas portadoras de deficiência”, um termo que não deve ser utilizado, assim como pessoas portadoras de necessidades especiais.
Explico o que aprendi: As deficiências são reais e não devemos tentar minimizá-las ou disfarçá-las. O termo correto é: pessoas com deficiência. Agradeci a correção imediata e o aprendizado. E compartilho um conselho, devemos normalizar o fato de sermos corrigidos para que possamos não cometer mais falhas.
Voltando ao que eu tenho aprendido nesse planejamento.
- Pensar na mobilidade vai além de pensar sobre a estrutura interna dos eventos. É preciso pensar pelo menos no entorno. Sabemos que isso interfere no planejamento urbano de cada cidade, mas devemos ter o cuidado de acionar os órgãos responsáveis para que durante o evento (pelo menos) os acessos sejam melhorados ou adequados para que de fato as pessoas tenham autonomia em acessar. Será que o ponto de ônibus mais próximo ao local do evento tem a sinalização adequada? Será que tem vias desobstruídas para facilitar a mobilidade? Dá para criar acessos alternativos e acessíveis para o evento?
- Pensando em acessibilidade sonora. Além dos elevadores existentes no local, eles possuem avisos sonoros audíveis ou ascensorista para auxiliar uma pessoa que não enxerga por exemplo?
- Os banheiros acessíveis cumprem as normas e possuem botão de emergência para qualquer eventualidade?
- A comunicação visual foi pensada de forma a facilitar pessoas com daltonismo, autismo ou baixa visão?
- Existem espaços de acolhimento para pessoas autistas ou com qualquer outro tipo de deficiência de modo que elas possam descansar ou se reestabelecer de qualquer intercorrência?
- As áreas reservadas para as pessoas com deficiência são inclusivas ou excludentes? Elas possuem toda a infraestrutura necessária para a melhor experiência destas pessoas?
- As rampas de acesso possuem guia de balizamento ou piso tátil?
- O evento tem mapa tátil ou indicações em braile?
A altura das coisas está considerando pessoas cadeirantes ou com nanismo?
Esses são apenas alguns dos questionamentos que eu tenho provocado a mim e ao meu time nos planejamentos. É claro que ainda estamos longe do cenário ideal assim como outras pautas, mas se fizermos um exercício individual conseguimos avançar alguns passos.
E você? Como está o seu pensamento sobre acessibilidade?