Ao longo da minha carreira como jornalista tive o privilégio de entrevistar, conhecer e desfrutar de conversas interessantes, inteligentes, sedutoras, divertidas, sérias e enriquecedoras.
Em três décadas fazendo isso, confesso que foram tantas que são poucas as que ainda me lembro com tantos detalhes como a que tive com Bruno Reis, hoje diretor presidente da Empresa Potiguar de Promoção Turística.
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Tinha ido participar da Convenção da Unedestinos no Rio de Janeiro e entre um painel e outro saí para um café. Foi quando o vi no corredor do hotel Prodigy Santos Dumont, local do evento. Já o conhecia de fotografias e tinha lido sobre sua atuação em Brasília, no ministério de turismo e na promoção internacional do Brasil.
Me apresentei, sentamos para um café e a conversa fluiu como se fôssemos amigos de infância. Fiquei sabendo de sua experiência ainda jovem na Austrália, das dificuldades em coordenar ações de treze escritórios brasileiros de promoção turística internacional e das suas ideias para o Rio-Galeão, posição que ocupava naquela altura.
Apesar de jovem, Reis mostrava uma consistência, visão de negócios e uma sabedoria que muitos profissionais experientes do setor não têm.
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Os resultados que vem colhendo para o Rio Grande do Norte comprovam isso.
Quando assumiu o atual cargo, em 2019, afirmou que o estados do Rio Grande do Norte tinha potencial para se consolidar em posição de destaque no cenário turístico atual e abrir novos mercados explorando nichos e segmentos além do sol e mar.
A considerar o lançamento do Nordeste Arretado, da parceria de promoção digital internacional com Logitravel e a recém conquistada citação como único destino da América do Sul entre os melhores do mundo segundo a Premiação Travelers’ Choice do Trip Advisor que apresenta os destinos mais amados pelos viajantes, suas metas estão sendo cumpridas.
Ah, sob sua gestão, o Rio Grande do Norte também passou a ser o primeiro Estado Brasileiro a receber o selo de viagem segura , Safe Travels do WTTC – Conselho Mundial de Viagens e Turismo.
Conheça alguns de seus pensamentos através de 5 perguntas:
1. O que entende ser tendência na promoção de destinos em 2022?
Tendência na promoção dos destinos pra mim, é reforçar menos os estereótipos. Os turistas estão mais curiosos e conscientes em buscar informações e descobrir sobre as experiências que eles podem ter nos destinos e acredito que a a tendência é reforçar e segmentos turísticos, ou seja, o religioso, luxo, Lgbtqia+, o turismo responsável, o esportivo, nichos ganham espaço cada vez maior na promoção do destino.
2. No que consiste a parceria da Emprotur com a Logitravel na Europa?
Nós entendemos que os mercados português, espanhol e italiano são foco da nossa força de promoção. Além do trabalho desenvolvido pelas operadoras tradicionais queríamos fazer algo nos canais digitais e entendemos que a Logitravel podia ser o parceiro ideal deste piloto de promoção do destino. Justamente para que pudéssemos mensurar a performance de venda tanto em aéreo, como hotelaria e também serviços. Ou seja, promover no ambiente digital para mensurar depois em curto prazo.
3. Como transformar o sucesso da promoção do destino em vendas?
Literalmente temos desenhado os planos de ações cooperadas não só focadas em awareness, de falar sobre o destino, que ele é realmente encantador, que o destino consegue ser surpreendente, mas principalmente, focando nesta campanhas cooperadas com estímulos de venda. Por exemplo, campanhas de incentivo com agências de viagens visando de fato o aumento do fluxo de turistas vindos de alguns mercados emissores específicos. Temos também analisado bastante a concorrência, aonde nós temos a concorrência performando melhor vamos lá ver isso e tentar posicionar ou reposicionar nosso destino também. Então, temos buscado entrar com um mindset atualizado e de inteligência comercial. Creio que de fato, o nosso sucesso na promoção do destino em vendas vem sendo transformado por essa inteligência comercial.
4. Natal foi o único destino brasileiro entre os dez melhores do mundo no ranking do TripAdvisor Travelers. O Brasil está perdendo competitividade?
Acredito que sim. Não vejo os destinos brasileiros ícones se promovendo com bastante, digamos, pró-atividade. O que eu vejo também é um modelo de promoção ainda pautado no período pré-pandemia e isso é, na minha visão, uma estratégia que não funciona mais, que nem deveria mais ser utilizada, é uma estratégia obsoleta.
Acredito que Natal se transformou, não só no ranking do TripAdvisor, mas em outros rankings que temos aparecido, como em dezembro no ranking da Braztoa em que ficamos como destino mais vendido ao lado de Gramado.
Quer dizer, viramos um destino top seller. Entendo também que muitos gestores públicos e privados ainda não se reinventaram da maneira como deveriam para poder elevar o nível do Brasil a outro patamar. Fora isso, o que eu sinto também falta é de uma política nacional, tanto do Ministério do Turismo como da Embratur, que pudesse estar guiando os destinos para ter uma força motriz conjunta. Isso não existe no Brasil hoje por falta de uma política nacional, tanto de turismo como de promoção de turismo.
5. Que desafios encontrou na união de quatro estados do Nordeste para fomentar o turismo?
Não encontramos desafios porque os outros três destinos super entenderam que este poderia ser um produto novo a ser oferecido. Fizemos isso com base no benchmark da Rota da Emoções que já existe ligando Ceará, Piauí e Maranhão.
Então, porque não fazer um roteiro com Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas que são destinos ligados por meio aéreo, rodoviário e marítimo e com distâncias que não tornam a jornada estressante, muito pelo contrário, é agradável? São destinos que batizamos de Nordeste Arretado porque temos ali o melhor do nordeste e das várias experiências que podem estar agregadas nestes quatro destinos. Como te comentei, a tendência é fazer nichos e segmentos transformando isso nas experiências que os turistas podem viver e o Nordeste Arretado é de fato isso, ele traz as experiências que os turistas podem ter nos quatro estados.