Em meio à pandemia do Coronavírus que tem deixado o esporte mundial preocupado com o lado financeiro, a Ferrari, equipe mais tradicional da Fórmula 1, revelou que suas preocupações econômicas atuais têm também um outro viés.
A escuderia está de olho no teto orçamentário que a Liberty Media quer impor na categoria, e, pensando nos funcionários, revelou que cogita a possibilidade de entrar na Fórmula Indy, principal categoria de monopostos dos EUA.
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A informação foi divulgada por Mattia Binotto, atual chefe da equipe italiana, em uma entrevista concedida à Sky Sports Italia. De acordo com o executivo, o novo teto orçamentário da Fórmula 1, que será de US$ 145 milhões (cerca de € 135 milhões), deverá fazer com que alguns funcionários percam seus empregos na Fórmula 1. A escuderia estaria tentando, então, garantir esses empregos em outra categoria.
“A Ferrari sente muita responsabilidade social em relação a seus funcionários, e queremos ter certeza de que para cada um deles haverá um espaço de trabalho no futuro. Por esse motivo, começamos a avaliar programas alternativos, e confirmo que estamos analisando a IndyCar, que atualmente é uma categoria muito diferente da nossa.”, afirmou Binotto.
Caso opte pela Indy, a Ferrari estaria seguindo o caminho trilhado por outra das equipes mais tradicionais da F1, a McLaren, que esteve presente na disputa das 500 Milhas de Indianápolis de 2019 para apoiar o espanhol Fernando Alonso, piloto da escuderia na Fórmula 1 por vários anos.
Durante a entrevista, o executivo também confirmou que outra possibilidade seria o Campeonato Mundial de Endurance (WEC).
A própria equipe italiana, na verdade, também chegou a flertar com a Indy em 1986. À época, devido a desavenças com Jean-Marie Balestre, presidente da Fisa, braço esportivo da FIA, e o presidente da F1, Bernie Ecclestone, Enzo Ferrari ameaçou largar a F1 e ir para a Indy.
A equipe chegou até a colocar em prática o “Projeto 836” e construir um carro, com chassi e motor, para a Indy. No entanto, no meio do caminho, os dirigentes acabaram se acertando, e o carro não chegou sequer a sair do lugar.
Vale lembrar que, originalmente, o teto orçamentário seria fixado em US$ 175 milhões e entraria em vigor na temporada 2021 da Fórmula 1.
Para garantir que a categoria sobreviva financeiramente à pandemia do Coronavírus, a Liberty Media decidiu baixar o valor para US$ 145 milhões e cogita retomar o valor pensado inicialmente na temporada 2022.
Para se ter uma ideia, as perdas da F1 no primeiro trimestre de 2020 foram de US$ 137 milhões. Apesar de parecer que o pior já passou, a categoria ainda tenta se estruturar para iniciar a temporada, o que, é claro, não depende só dela.
Até o momento, dez provas do calendário 2020 já tiveram algum tipo de interferência por conta da pandemia: três foram canceladas (Austrália, Mônaco e França) e sete foram adiadas (Bahrein, China, Vietnã, Holanda, Espanha, Azerbaijão e Canadá).