Apesar das mulheres terem grande presença no mundo dos esportes, a discriminação e a desigualdade ainda estão presentes.
Diariamente, pessoas alegam que, atualmente, não existe mais diferença no tratamento dado a mulheres e homens no ambiente esportivo. No entanto, o que vemos é um cenário que continua a subjugar as categorias femininas, como se elas fossem menos relevantes do que as masculinas.
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E a discriminação não é nem mesmo camuflada. Um levantamento feito pela Agência Lupa em 2016, a pouco dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, revelou que as entradas para a final de vôlei feminino custavam entre R$ 260,00 e R$ 900,00.
Já a final da competição masculina, custavam entre R$ 350,00 e R$ 1.200,00. Isso significa que os ingressos para categorias femininas custaram 33% menos do que as masculinas. Mas a desigualdade não fica apenas nos preços dos ingressos.
Quando se fala em salários, os números aumentam. Segundo o livro Fábrica de Desilusões, da jornalista Camila Nichetti, os salários pagos às 100 jogadoras que compõem os elencos dos quatro principais times do Campeonato Brasileiro de futebol feminino, custam (somados todos os salários) 188 mil Reais, resultando em uma média salarial em torno de 1.880,00 Reais.
Já o salário do jogador Neymar Jr. é cerca de 75 vezes maior do que a soma do salário das 100 atletas juntas. Isso sem falar que nunca vimos nenhuma atleta machucar o dedinho do pé e virar manchete nos principais veículos de comunicação, como foi o caso do atleta do PSG.
Mas não é apenas no futebol que a desigualdade de gêneros fica tão explícita. O diretor-executivo do torneio de tênis Indian Wells, Raymond Moore, declarou que as mulheres se aproveitam do sucesso dos homens e que têm apenas muita sorte nos jogos.
Além dele, o tenista Novak Djokovic alegou que as categorias masculinas devem ter premiações maiores pois atraem mais público do que as femininas.
O tenista foi bastante infeliz em seu comentário.
Esse tipo de pensamento, no qual se prega que as mulheres não devem ter o mesmo reconhecimento que os homens, só serve para justificar atitudes como as que aconteceram na final da Liga Mundial de Vôlei.
Na competição, a Seleção Masculina de Vôlei do Brasil perdeu para a Seleção da Sérvia e ficou em segundo lugar na categoria. A medalha de Prata rendeu à equipe um prêmio de US$ 500 mil.
No entanto, a Seleção Feminina de Vôlei do Brasil, depois de ter derrotado os Estados Unidos na final do Gran Prix, recebeu um prêmio de apenas US$ 200 mil, 60% a menos do que os homens.
Além disso, em comparação à premiação do primeiro lugar da categoria masculina da competição, o valor é cinco vezes menor. O primeiro colocado recebe US$ 1 milhão (R$ 3,3 milhões).
Em uma sociedade na qual milhares de mulheres lutam diariamente para obter igualdade, é inconcebível que ainda se pregue um olhar machista, ainda mais no cenário esportivo que representa milhões para a economia mundial.
Segundo um levantamento do Fórum Econômico Mundial, a desigualdade de gêneros só será superada em 2095, ou seja, daqui a 79 anos.
Esse é uma estimativa que deve ser combatida com todas as forças. A igualdade de gêneros não deve ser um termo utilizado por marcas e organizações apenas para gerar empatia em ações de marketing esportivo, mas sim, uma causa que deve ser levada a sério e debatida diariamente.
Chega de justificar o preconceito dentro do esporte com argumentos inválidos como “Mulheres se apoiam em homens para chegar ao sucesso” e “Categorias femininas não atraem tanto público quanto as masculinas”.
As próprias emissoras de televisão não valorizam a transmissão de jogos que envolvem mulheres, principalmente no futebol. As exceções acontecem quando de uma Copa do Mundo ou Olimpíadas. As TV a cabo ainda transmitem a Superliga Femina de Vôlei, mas, na TV aberta, se quisermos acompanhar as competições envolvendo mulheres temos que torcer, e muito, para isso acontecer.
O que precisamos é que o esporte seja uma ferramenta de igualdade, que valorize atletas pelo seu desempenho, sem discriminação de sexo.