O ano de 2020 foi muito agitado para o universo dos games. Em meio à pandemia do Covid-19, o ano foi marcado pela chegada da nova geração de consoles, o PlayStation 5 (PS5) e o Xbox Series S/X, e a estreia de alguns títulos aguardados, como Cyberpunk 2077 e The Last of Us 2.
Nos últimos 365 dias, no entanto, o mundo dos jogos não viveu apenas de boas notícias: De uso de crunch a afirmações infelizes, 2020 foi repleto de situações polêmicas na indústria.
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Veja as maiores polêmicas do universo dos games neste ano:
1.-Dubladora da Abby de The Last of Us Part II sofre ataques na Internet
O game The Last of Us 2, da Naughty Dog, foi um dos maiores lançamentos de 2020. Ao mesmo tempo em que foi muito aclamado, o jogo foi, também, um divisor de águas, sofrendo, inclusive, uma chuva de reviews negativos feitos por usuários no site Metacritic.
Um dos principais motivos para tanto ódio foi a personagem Abby, dublada por Laura Bailey, que não apenas mata um personagem muito importante da saga, mas também ganha bastante destaque ao longo de toda a história, sendo jogável por quase tanto tempo quanto Ellie.
Outro alvo de críticas de alguns dos fãs do primeiro jogo foi o corpo de Abby, que tem físico bastante musculoso, considerado “inverossímil” para uma mulher em um cenário pós-apocalíptico. A controvérsia, por outro lado, levantou uma discussão interessante sobre a falta de diversidade de corpos femininos em videogames, normalmente representados por seios avantajados e curvas finas.
Após o lançamento do jogo, Bailey recebeu, em suas redes sociais, inúmeras mensagens de ódio, incluindo até mesmo ameaças de morte, de pessoas revoltadas com a sua personagem. A atriz, no entanto, também recebeu grande suporte de outros fãs de The Last of Us e da comunidade gamer em geral, e, mesmo em meio a tantos ataques, a sequência do jogo ganhou destaque merecido, sendo nomeado o Jogo do Ano na última edição do The Game Awards.
2. Decepção com os gráficos de Halo Infinite
Durante o Xbox Games Showcase, em julho de 2020, foi exibido um trailer do aguardado Halo Infinite. Sua recepção, no entanto, não foi exatamente a esperada pelos produtores. Em poucas horas, fãs decepcionados se manifestaram no Twitter sobre os gráficos do novo jogo da franquia, e não demorou, também, para que diversos memes surgissem.
Posteriormente, a 343 Industries, desenvolvedora do jogo, publicou um comunicado, afirmando que as imagens mostradas no trailer eram de uma versão mais antiga do game. Segundo a empresa, o polimento da parte gráfica sofreu um atraso devido às dificuldades do trabalho remoto, necessário durante a pandemia. Os fãs, portanto, podem aguardar uma melhoria nos gráficos de Halo Infinite até seu lançamento, aguardado para o outono de 2021.
3. A guerra da Epic contra a Apple
Em agosto deste ano, a Epic Games adicionou às versões mobile de Fortnite um novo sistema de compra de V-Bucks, moeda interna do game. Com a adição, os V-Bucks comprados diretamente pelo jogo seriam 20% mais baratos, e, por se tratar de transação direta com a empresa, não ofereceria comissão às lojas App Store e Google Play.
Em represália, a Apple removeu o jogo de sua loja, alegando que o recurso utilizado pela Epic não havia sido aprovado e, portanto, violava as regras. A partir daí, teve início uma “guerra” entre as duas empresas que dura até agora.
Além de abrir um processo contra a gigante da maçã, a Epic também fez provocações na Internet, em paródia a uma antiga propaganda da Apple, que acabou levando a hashtag #FreeFortnite aos trending topics do Twitter.
Um-mês depois, a desenvolvedora ainda se pronunciou sobre o caso judicial, afirmando ter sido “um passo necessário para libertar consumidores e desenvolvedores do controle anticompetitivo e caro da Apple”.
Vale a lembrança de que, embora a Google não tenha dado tanto trabalho à Epic, Fortnite também foi removido da Play Store, mas pode, ainda, ser baixado por meio de outras fontes em dispositivos Android.
4. Ubisoft associa símbolo do movimento Black Lives Matter à organização terrorista em jogo
Também em agosto, foi divulgado um vídeo introdutório de Tom Clancy’s Elite Squad, novo RPG mobile da Ubisoft. O game tem como vilã uma organização terrorista clandestina chamada Umbra, que, de acordo com o teaser, promove um regime igualitário para ganhar o apoio da população.
A grande polêmica é que a imagem associada à Umbra era um punho erguido, símbolo do Black Lives Matter, movimento ativista estadunidense que luta pelo fim da violência e da desigualdade racial contra pessoas negras, e que ganhou muita visibilidade em 2020, após o assassinato de George Floyd.
Com toda a recepção negativa gerada pelo teaser, a Ubisoft se pronunciou pedindo desculpas pelo uso “insensível e prejudicial” da imagem, removendo-a, em seguida, do jogo. Funcionários da empresa também se manifestaram contrariamente ao vídeo, afirmando que seu conteúdo era desrespeitoso e irresponsável.
5. Usuários banidos por DMCA na Twitch
Com a pandemia e um número maior de usuários on-line, a Twitch teve um ano bastante movimentado, sendo uma das maiores polêmicas da plataforma, em 2020, a onda de banimentos que ocorreram por infrações de DMCA (Digital Millennium Copyright Act, ou, em tradução livre, Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital).
Entre os meses de outubro e novembro, diversos streamers tiveram suas contas banidas do site repentinamente, mesmo após a maioria ter corrido contra o tempo para apagar todos os VODs que pudessem conter músicas protegidas por direitos autorais.
Após a suspensão de grandes nomes – entre eles, o brasileiro Felipe “YoDa” Noronha – a Twitch se pronunciou, afirmando que a frustração dos usuários banidos era justificada, e prometeu que levaria os negócios com mais transparência.
Segundo o comunicado, postado em seu site oficial, a plataforma começou a receber, nesses meses, um número muito maior de notificações de DMCA das gravadoras, com foco principalmente em clipes antigos.
6. Diretor criativo do Stadia afirma que streamers deveriam pagar para transmitir jogos
A discussão gerada em torno da onda de banimentos na Twitch foi motivo, ainda, para outra polêmica, após Alex Hutchinson, diretor-criativo do Google Stadia, publicar em sua conta do Twitter que os produtores de conteúdo da plataforma deveriam pagar para transmitir jogos.
Para ele, a preocupação dos streamers não deveria ser os direitos autorais não pagos por músicas, mas, sim, por jogos.
“A verdade é que os streamers deveriam pagar as desenvolvedoras e publicadoras dos jogos que transmitem. Eles deveriam comprar uma licença, como qualquer empresa real, e pagar pelo conteúdo que usam.”, reforçou Alex em outro tuíte.
As publicações tiveram uma repercussão bastante negativa, com diversos influenciadores e críticos da indústria se pronunciando contra a opinião do diretor.
Até mesmo o próprio Google e Ryan Wyatt, presidente do YouTube Gaming, se pronunciaram contra a afirmação de Hutchinson. Segundo afirmado por um representante da Google, “os recentes tuítes de Alex Hutchinson, diretor-criativo no estúdio de Montreal para jogos e entretenimento do Stadia, não refletem as opiniões do Stadia, YouTube ou Google.”.
7. Lançamento de Cyberpunk 2077 e a cultura de crunch
Após sete anos de desenvolvimento e três adiamentos, o aguardado Cyberpunk 2077 finalmente foi lançado, em 10 de dezembro de 2020.
A produção do jogo, no entanto, levantou na comunidade gamer um extenso debate sobre o uso do crunch, termo referente ao período em que os desenvolvedores precisam trabalhar por muito tempo, com horas-extras obrigatórias, para cumprir determinadas metas – entre elas, a entrega do game na data marcada para o lançamento.
A prática já é comum à indústria, mas, devido às dificuldades causadas pela pandemia, foi ainda mais exacerbada em 2020. Além de Cyberpunk 2077, outros títulos renomados, como The Last of Us 2, também exigiram grandes períodos de crunch dos seus desenvolvedores – e, ainda assim, foi necessário adiar os seus lançamentos.
Essa exigência por agilidade, mais do que prejudicar a saúde e bem-estar dos envolvidos no projeto, já mostrou ter pouca eficiência.
Após períodos de crunch, o lançamento de Cyberpunk 2077, por exemplo, foi marcado pela alta quantidade de bugs, especialmente em suas versões de console, que sofreram muitas críticas pela falta de polimento.
A CD Projekt Red precisou, inclusive, pedir desculpas aos usuários pelo estado do jogo, prometendo reembolso para jogadores que se sentiram lesados.
Além disso, a Sony ofereceu ressarcimento aos seus usuários e decidiu, também, retirar o game da PS Store por tempo indeterminado.