O engenheiro, consultor, professor universitário e protagonista em educação empresarial, Fernando Antônio Ribeiro Serra, é um dos 80 palestrantes convidados pelo Prof. Philip Kotler para compor a programação desconcertante do eWMS 2020.
A decisão de aglutinar toda a agenda de eventos presenciais da WMS, em 2020, num lapso de 48 horas, sem interrupção, decorreu do impacto da pandemia Covid-19. E da percepção de Kotler ao tematizar o evento em ‘Liderando em cenários de transição’.
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Fernando Serra congratula-se com a Kotler Impact e suas representantes brasileiras Kotler Impact Brasil e Observatório da Longevidade, a força-tarefa que sustenta a presença do Brasil no eWMS 2020.
“Lembro-me da minha participação na 1ª edição do WMS, há 10 anos, em Bangladesh. Éramos cerca de sessenta professores, de várias partes do mundo, todos convidados pelo Philip Kotler.”, diz.
O palestrante brasileiro acrescenta que foi uma experiência maravilhosa e muito marcante, pelo peso acadêmico e impacto provocado nos estudantes. “Até hoje, eu os sigo nas redes sociais. Depois daquela experiência, eu também tive a oportunidade de conviver com o prof. Kotler, de passar três dias com ele nos Estados Unidos. Desta forma, ter sido convidado para a edição eWMS 2020 é uma honra.”, acentua.
Participação no evento
Fernando Serra lembra que, além de professor e pesquisador, participa de vários conselhos de empresas de diversos tamanhos e áreas. “Minha visão não é apenas acadêmica, mas também empresarial, de negócios. Nesse momento delicado, tenho feito muitos trabalhos voltados para situações específicas, temáticas bem preocupantes.”, explica.
Sobre sua participação no eWMS 2020, adianta que a palestra a ser proferida tem por tema ‘Impacto do Covid-19 sobre os consumidores: Efeito sobre matrícula e retenção do ensino superior’, fruto de uma pesquisa recém-realizada, com a qual contribuiu.
“Estou envolvido com questões críticas sobre o Ensino Superior, precisamos debater sobre a captação, e, principalmente, a retenção de alunos. Em dados globais, entram 100 alunos no Ensino Superior e 50 desistem.”, contabiliza. Acrescenta que, no Brasil, as pessoas que têm menos recursos estão nas faculdades particulares, o que configura uma dicotomia desafiadora.
Pesquisa
A pandemia provocou um impacto surpresa inicial. “É muito parecido com o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial: não tem abastecimento, as pessoas não se movimentam, as produções param. Depois de um tempo, as pessoas passam a entender o padrão e começam a se acostumar com o novo e fazem uma transição para o novo normal.”, observa Fernando Serra.
No âmbito do mercado de Ensino Superior, ante diagnósticos iniciais pessimistas, participou de estudos e análises das três primeiras semanas de lockdown.
“Foram enviados 800 mil e-mails. Na amostragem, todos têm restrição financeira por serem de classe C e D, estudar é um sacrifício pessoal. Na primeira etapa, 43% deles disseram ter sofrido financeiramente com a pandemia. Já na segunda leva, o que vimos foi o contrário: 35% optaram por não se matricular e apenas 6% desistiram de vez.”, diz.
Resultados
Demonstra que há um consumidor que quer estudar, sim. Talvez tenha adiado, pelas novas restrições financeiras. Mas, dependendo da forma como se trabalha a oferta, isso pode mudar.
“Esse consumidor, ao mesmo tempo em que crescia a vontade de se matricular, ele também passou a valorizar mais as informações sobre a instituição de ensino. Percebemos que os meios tradicionais de buscar alunos não funcionam mais: colocar um outdoor na estrada ou um anúncio na rádio tem pouco impacto.”, registra.
No entendimento do palestrante, esse aluno é muito impactado pelos amigos e pela família. Constitui um novo perfil consumidor, onde as mídias sociais e outras formas de comunicação são não-tradicionais.
Grupos de relacionamento e mensagens instantâneas são mais eficazes. Mesmo os alunos das classes C e D são muito sensíveis a um novo processo de matrícula.
Esse consumidor quer ser ouvido, quer exclusividade, quer um atendimento adequado. “Mas, ao olhar os sites das universidades, vemos não são nada convidativos. Não têm linguagem atrativa para jovens nem se comunicam – não são espaços de relacionamento. Deveriam ser sites feitos para o jovem se engajar e querer ingressar na universidade, mas não é o que vemos.”, constata.
Acha incrível que o mundo experimente a Inteligência Artificial e a Robótica e que as universidades ainda apresentem sites institucionais, chatos e nada interativos.
“Precisamos elevar o EaD a outro nível, não só com aulas remotas, mas explorando os recursos digitais para criar relacionamento e mentoring para esses alunos utilizando tecnologia.”, assegura.
Mudanças e Kotler
“Como conselheiro de empresas e de executivos, percebo que as mudanças se dão em movimentos. Há, por exemplo, um aumento no consumo de produtos orgânicos, mais pessoas se tornando veganas, num movimento gradativo, que pode ou não se expandir fortemente.”, contextualiza Fernando Serra.
Diz que tem um amigo, também professor, que montou a maior empresa de entrega de pizzas do Brasil. Ele viajou para Índia para ver como se fazia carne vegana, porque lá tem fábricas imensas e tecnologias para isso. Produzir volume, em grande escala. E perceber que há múltiplas ordens mundiais.
No cenário de mudanças, lembra que a MKT4EDU já não tem escritório há três anos e trabalha no Brasil, no México e nos Estados Unidos, com pessoas que moram no Brasil inteiro, em Portugal. Isso segue uma outra lógica de relação de trabalho. É a mudança.
Depois de destacar que é preciso valorizar competência, ciência e a educação, sustenta que isso vem ao encontro do que o prof. Kotler faz e fala. “Precisamos de vozes como a dele. O movimento é gradativo, mas ele vai acontecer, sim! Sou otimista em relação a iss.”, conclui.
O eWMS – electronic World Marketing Summit – é uma realização mundial da Kotler Impact, empresa fundada e encabeçada por Philip Kotler. No Brasil, suas representações KI Latam e KI Brasil mantêm parceria para o evento com o Observatório de Longevidade.