Em 2012, os brasileiros gastaram US$ 22,2 bilhões no Exterior. Dados divulgados pelo Banco Central, em janeiro, apontaram que este valor representou um novo recorde nas transações comerciais do País, desde o início da série histórica, em 1947.
Nunca o brasileiro viajou e comprou tanto lá fora como no ano passado. Tal volúpia por consumo de produtos manufaturados – principalmente eletrônicos, roupas, calçados e cosméticos, itens que lideram o ranking das bagagens –, revela quanto potencial de mercado está deixando de ser aproveitado pela indústria e pelo comércio.
O brasileiro tem demonstrado ao mundo que sabe e gosta de comprar, e o mundo tem visto o Brasil como o paraíso dos consumidores emergentes, ávidos por novidades e preços.
Mas será que o Brasil sabe “se vender bem” para o mundo? O que nos falta para fazermos o caminho inverso do turismo de negócios e atrair também os compradores internacionais? Afinal, sabemos fazer produtos bonitos, criativos, de qualidade e com marcas desejadas!
Enquanto nossa cadeia produtiva e nosso comércio patinam com sucessivas quedas nas vendas, a classe média sai em busca de importados, e olha que muitos não precisam nem viajar para realizarem seus sonhos! Basta um click num site de compras e a mercadoria chega pelo Correio em poucos dias. Fantástico!
Diante deste fenômeno, não está na hora de rediscutir o modelo de política comercial do Brasil? É fundamental que haja mais integração entre todos os elos correlacionados na cadeia de moda, como, por exemplo, o têxtil, couro, calçados, cosméticos e a nova economia criativa, etc.
Precisamos fortalecer a união para alavancar nosso mercado, e, assim, atender a este novo modelo de demanda. Se cada um destes setores continuar lutando isoladamente, nossa cadeia produtiva ficará cada vez mais fragilizada.
Não adianta o governo insistir que hoje o Brasil tem grande potencial de consumo, se não temos estratégias que alcancem esse objetivo. São necessárias iniciativas governamentais e empresariais integradas que incentivem a cadeia de negócios, pois uma nação rica em matérias-primas não pode apenas importar produto acabado.
O modelo de competitividade do mundo está mudando. Hoje, os países que detêm uma visão de recuperação estratégica comercial procuram parceiros que tenham potencial de consumo para juntos crescerem.
O desafio do Brasil é compreender a cultura de parceria. Temos que estabelecer modelos claros de conduta e mercadologia, para podermos nos relacionar com o mundo de forma mais vantajosa.
Se os bilhões de dólares deixados lá fora fossem gastos aqui, quantos empregos e quanta inovação poderiam ter sido gerados em nosso País? A integração do tripé criatividade, desenvolvimento industrial e turismo de negócios é algo que precisa ser fomentado no Brasil o mais rápido possível. Se começarmos agora, talvez em uma década tenhamos bons resultados a apresentar.
Fonte: Portal Textília.net