Um recente estudo realizado pela EESC – USP (Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo) indica que homens de 18 até 25 anos de idade são os que apresentam maiores chances de sofrerem acidentes de trânsito do que homens com mais idade e mulheres: 42% dos participantes do estudo mostraram se exporem mais em manobras de ultrapassagem em diferentes pistas, inclusive nas rodovias mais perigosas.
O resultado deste estudo corrobora os dados dos registros nacionais, onde jovens do sexo masculino representam a maioria das vítimas fatais em acidentes ocorridos por colisão frontal.
Sobre o trabalho realizados pelo Departamento de Engenharia de Transportes (STT) da EESC
A pesquisa foi realizada com um simulador de direção, equipado com três telas para reproduzir virtualmente, de forma realista, qualquer rodovia. Para a pesquisa se escolheu uma pista simples com mão dupla e a indicação para os 100 voluntários que participaram era que fizessem ultrapassagens quando achassem adequado.
A pesquisa demonstrou que os homens jovens se arriscam mais neste tipo de manobras, 36% dos homens entre 25 e 35 anos, são os que mais se arriscam para fazer ultrapassagens em pistas simples. Essa exposição dos motoristas provoca situações perigosas: os voluntários aproximavam bastante o carro da traseira do veículo da frente e faziam ultrapassagens enquanto observavam um veículo vir no sentido oposto.
Para a professora que coordenou a pesquisa, Ana Paula C. Larocca, esse comportamento mais agressivo dos jovens pode ser explicado pelo maior excesso de confiança que possuem. Comportamento que acaba elevando o risco da condução e fazendo com que, nas estatísticas, apareçam como o grupo mais envolvido em acidentes de trânsito.
No estudo são identificados dois fatores que motivam os motoristas a fazerem ultrapassagens: a velocidade e o modelo do veículo que está à frente. Em média se o veículo da frente está circulando a 60 km/h ou se o veículo é um caminhão as tentativas de ultrapassagem são maiores.
Os resultados desta pesquisa, de acordo com a professora, podem contribuir para a criação de campanhas de conscientização que visem a melhorar o comportamento ao dirigir, tendo como alvo esse público, assim como realizar outras ações preventivas.
Dados sobre os acidentes de trânsito
O mesmo estudo retoma informação do DATATRAN, banco de dados da Polícia Rodoviária Federal: entre 2008 e 2018, entre os 15 mil óbitos em acidentes de trânsito, a maioria das vítimas tinham sido homens entre 20 e 50 anos. Nesse mesmo período foram 1,5 milhão de acidentes e, se bem que apenas 3,2% deste total foram colisões frontais, 31% das mortes aconteceram neste tipo de sinistro. Além disto, 94% dos motoristas envolvidos nas colisões frontais eram condutores do sexo masculino.
Se bem que nos últimos anos houve uma queda nos acidentes de trânsito e nos números de mortes, entre 2015 e 2019 houve uma queda de 7%. Em 2019 foram 30.371 mortes por acidentes de trânsito, 7,5% menos que em 2018. Em 2020, pelo menos até setembro, os números continuavam mostrando uma queda.
O principal motivo desta queda foi as medidas de isolamento, que contribuíram para a menor circulação de veículos. Por exemplo, em São Paulo durante os primeiros meses se registraram 41% menos de acidentes no comparativo com o ano 2019, 9.700 diante dos 16.500 acidentes do ano passado. Nesse mesmo período, o número de mortes também recuou 31%.
Porém, com a retomada das atividades, as estatísticas dos acidentes de trânsito já começaram a mostrar valores mais elevados.
Acidentes de trânsito e seguros para veículos
Nem a pesquisa, nem os dados são bons para quem procura um seguro de carro total ou uma cobertura mais básica, em especial se for homem e tiver entre 18 e 25 anos. Todas as seguradoras, antes de oferecer um seguro fazem uma análise dos riscos, de acordo com o perfil do cliente, diante das estatísticas o perfil do jovem de sexo masculino com até 25 anos é o que tem maior risco de protagonizar acidentes ou participar de algum tipo de sinistro que possa implicar grandes gastos para a seguradora.
Sexo, idade e data da primeira Carteira de habilitação (CNH) são itens solicitados na simulação de seguro. Estes dados revelam a experiência como motorista e hábitos que podem expor mais o veículo a sinistros, como por exemplo deixar o carro na rua, ter maior quantidade de saídas à noite, etc.
Considerando estes fatores e o comportamento de risco, os seguros para este grupo são os de maior valor. Apesar disso, algumas seguradoras oferecem planos específicos para os jovens motoristas, que além das coberturas para o veículo, disponibilizam cursos e outros benefícios para os segurados e que colaboram com a conscientização. Em algumas é possível encontrar programas que oferecem pontos de acordo a como se dirige, pontos que podem ser usados para conseguir descontos no prêmio.
Ainda assim o valor do seguro para jovens de sexo masculino pode ser entre 20% e 30% maior do que um seguro com as mesmas coberturas e a mesma característica, porem, para um homem adulto de 40 anos de idade.